O primeiro Encontros ABM do ano será nesta terça-feira, 18 de março, às 18h, abordando o tema “Ópera e Literatura brasileira”. Com mediação do jornalista e crítico musical João Luiz Sampaio, participação dos acadêmicos João Guilherme Ripper e Tim Rescala, além do professor, pesquisador e historiador Jorge Coli, pretende-se abordar a interação parceira da literatura e da música sob a perspectiva da dramatização e da liricização, bem como avaliar o diálogo entre a literatura e a música na cultura operística brasileira atual.
A série de eventos online é realizada anualmente, e os Encontros acontecem uma vez por mês, entre março e novembro, sempre com transmissão aberta para o público no canal da ABM no YouTube: https://www.youtube.com/c/AcademiaBrasileiradeM%C3%BAsicaABM.
Através de debates com músicos convidados, suscita-se a reflexão sobre temas atuais e relevantes para o desenvolvimento da música brasileira nas áreas da composição, da interpretação, da educação musical e da musicologia.
Encontros ABM 2025 dedicados à ópera
Como gênero de natureza múltipla, a ópera cumpre uma importante função de representação de imaginários socioculturais ao longo de sua história. Os embates políticos e as clivagens sociais, por exemplo, têm sido fontes férteis em temas operísticos. Acompanhando a evolução estética e tecnológica, o gênero se desenvolveu no Brasil ao longo da segunda metade do século XIX, em todo o século XX, e adentra o século XXI com uma produção rica em representações da nossa cultura contemporânea, do nosso imaginário político e social. Em 2025, a série Encontros ABM discute a ópera brasileira sob as múltiplas perspectivas em que se apresenta artisticamente, valorizando a sua congênita interdisciplinaridade, ao mesmo tempo em que também reflete sobre os desafios da sua produção.
Ao longo do primeiro semestre, os encontros mensais abordarão o tema sempre com convidados especiais e mediadores de elevado conhecimento neste segmento artístico.
Em abril, no dia 08, quinta-feira, será a vez do tema “Ópera, artes cênicas e visuais”. Na ópera, a interdisciplinaridade complementar entre as artes funciona como um tecido uno para a narratividade expressiva do libreto. O cantor, por exemplo, é músico, narrador e ator ao mesmo tempo, exigindo sua atuação em cena conhecimentos de retórica e dramaturgia, onde o gesto, a expressão facial ou o deslocamento em cena importam tanto quanto a técnica vocal e a musicalidade na projeção da narrativa. No consórcio artístico da ópera, a cenografia tem papel significativo na materialização do imaginário da obra.
Ainda em abril, no dia 29, o tema abordado será “Ópera brasileira e novas tecnologias”. As inovações tecnológicas vêm transformando a nossa forma de viver, de pensar, e, obviamente, a própria cultura; e a ópera não ficou atrás nesse cenário. Realidade virtual, realidade aumentada, realidade mista, teatro imersivo, vídeo games e som 3-D, por exemplo, são algumas das tendências tecnológicas que companhias de ópera vêm experimentando, no sentido da acessibilidade do espetáculo a novos públicos. Como a ópera brasileira resiste e se reinventa no contexto tecnológico contemporâneo é o que este Encontro pretende discutir.
“Ópera, política e atualidade” será o tema do Encontros ABM de maio, que acontecerá no dia 20, terça-feira. Desde a sua emergência na Florença renascentista, a ópera refletiu o ambiente político. Sendo um gênero narrativo com grande poder de impactar e influenciar audiências, frequentemente ofereceu-se como um barômetro das crenças e ansiedades sociais, além de ser sempre adaptável a novos significados em novas circunstâncias sociais. Dentre vários exemplos na história da música, pode-se citar o papel das óperas de Verdi no movimento de unificação da Itália, lembrando especialmente o seu famoso coro dos escravos hebreus na Babilônia, Va, pensiero (Nabucco, 1842), um hino do Risorgimento que ainda pode ecoar como canção de qualquer povo oprimido. Neste Encontro, discute-se como a ópera brasileira tem refletido o nosso contexto político-cultural.
Fechando o primeiro semestre, no dia 17 de junho, terça-feira, se discutirá o tema “Ópera, produção, coprodução e circulação”. A produção, a coprodução e a circulação de óperas enfrentam imensas dificuldades num país de dimensões continentais como o Brasil. Elas, porém, são necessárias para difundir o gênero, amortizar os custos de produção, democratizar o acesso ao bem cultural e fomentar economicamente a indústria da ópera. Há também o desafio de compatibilizar os diferentes tamanhos e aparatos técnicos dos teatros, além de vencer os obstáculos impostos pela legislação pública, à qual estão submetidos a maioria dos teatros. Neste Encontro, pretende-se discutir essas questões e as experiências bem-sucedidas do passado que mostram ser este um caminho viável para aumentar a difusão da ópera em nosso país.

Foto: divulgação.