Nesta terça, dia 29 de abril, chega às plataformas o álbum Francisca Gonzaga por Maria Teresa Madeira (Biscoito Fino), no qual a pianista Maria Teresa Madeira volta a explorar a rica obra da compositora, pianista, regente e arranjadora Chiquinha Gonzaga.
Carioca, nascida na Lapa e criada em Nova Iguaçu, Maria Teresa Madeira é uma das maiores especialistas na obra de Chiquinha Gonzaga: em sua trajetória musical, protagonizou inúmeras apresentações e gravações de composições de Chiquinha. A obra da também carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga, conhecida como Chiquinha Gonzaga, surgiu na trajetória musical de Maria Teresa em 1995, quando a musicista participou de quatro concertos e fez a direção musical de Forrobodó, sucesso de Chiquinha do ano de 1912.
Na sequência, Maria Teresa Madeira participou da minissérie televisiva sobre Chiquinha Gonzaga e gravou três discos. Em 2020 lançou, em parceria com Wandrei Braga, a coleção de partituras Chiquinha Gonzaga para Todos, em quatro volumes por ordem de dificuldade de execução, reunindo 145 músicas pinçadas do acervo digital oficial da compositora. Foi a primeira edição didática da obra de Chiquinha. Festejar Chiquinha e sua obra tornou-se uma constante na carreira de Maria Teresa, que se dedica há três décadas a pesquisar e interpretar temas da compositora, dentro e fora do Brasil.
Oito das nove músicas gravadas no álbum Francisca Gonzaga por Maria Teresa Madeira são de autoria de Chiquinha Gonzaga. Querida por todos foi composta em homenagem a ela por seu grande amigo, Joaquim Callado. Já Abre Alas, Lua Branca e Canção dos Pastores foram arranjadas por Maria Teresa especialmente para este registro.
Neste ano de 2025, Maria Teresa concedeu entrevista à rádio BBC, de Londres, na qual divulgou o seu novo trabalho, além de contar passagens sobre a vida e a obra de Chiquinha Gonzaga.
Francisca Gonzaga por Maria Teresa Madeira
Nascida em 17 de outubro de 1847 no Rio de Janeiro, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, iniciou-se no piano na infância. Aos 16 anos casou-se, mas a união acabou quando o marido lhe colocou a escolha entre a família e a música. Nessa época, Chiquinha viajou pelo sul do país e, ao iniciar a relação com um jovem engenheiro, estabeleceu-se em Minas Gerais, em 1870. Cinco anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro. O casal se separou e, julgada por crime de abandono do lar e adultério, foi condenada à “separação perpétua” de seu primeiro marido.
Então com 29 anos, Chiquinha passou a trabalhar na cena musical carioca para sobreviver: deu aulas de piano, participou de conjuntos musicais (como o Choro Carioca, liderado por Joaquim Antônio Callado), e começou a compor para teatro, estreando a sua primeira obra teatral, a opereta A Corte na Roça, em 1885. Foi a primeira compositora para o teatro no Brasil.
Em 1899, escreveu aquela que seria a mais famosa marcha de carnaval, Ó abre alas, composta durante período em que morou no bairro do Andaraí, onde ficava a sede do cordão Rosa de Ouro. É considerada a primeira obra escrita especialmente para uma agremiação carnavalesca, antecipando o surgimento dos sambas-enredo criados para os desfiles das escolas de samba.
Tem uma obra extensa para piano e para canto e piano, que engloba diversos gêneros e estilos musicais, como polcas, maxixes, tangos, habaneras, valsas, choros, fados e mazurkas, entre tantos outros. Utilizando a música como meio de subsistência, Chiquinha Gonzaga abandonou a família e saiu em busca da realização das próprias vontades. Além da intensa atividade musical, envolveu-se em grandes questões do seu tempo, como o abolicionismo e a proclamação da República, bem como liderou uma luta pioneira pelo respeito aos direitos autorais no Brasil.

Maria Teresa Madeira
Maria Teresa Madeira já gravou mais de 30 álbuns como solista, e realizou recitais nos Estados Unidos, Colômbia, França, Argentina, Finlândia, Tunísia, Espanha, Alemanha e Portugal, sempre priorizando a divulgação da música brasileira. Na área acadêmica, é Bacharel em Piano pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Música pela Universidade de Iowa (EUA) e Doutora pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É professora da UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) desde 2009, onde ministra aulas nos cursos de bacharelado e de extensão. Faz parte ainda do quadro de professores do PROEMUS (Mestrado Profissional). Maria Teresa lançou em 2016 a caixa com 12 CDs da Obra Integral de Ernesto Nazareth, que recebeu o prêmio de Melhor Álbum Erudito do Prêmio da Música Brasileira e do Prêmio Bravo! de Cultura.
Repertório do álbum
1- Abre-Alas (Chiquinha Gonzaga / arranjo de Maria Teresa Madeira)
2- Lua Branca (Chiquinha Gonzaga / arranjo de Maria Teresa Madeira)
3- Querida por Todos (Joaquim Callado)
4- Meditação (Chiquinha Gonzaga)
5- Faceiro (Chiquinha Gonzaga)
6- Canção dos Pastores (Chiquinha Gonzaga / arranjo de Maria Teresa Madeira)
7- Mulher-Homem (Chiquinha Gonzaga)
8- Walkyria (Chiquinha Gonzaga)
9- Saudade (Chiquinha Gonzaga)
Ficha técnica
Piano e arranjos: Maria Teresa Madeira
Engenheiro de gravação: Marcio Dorneles
Mixagem e masterização: Alexandre Hang
Produção: Carlos Sion
Fotos: Marcio Monteiro