O projeto Terça Lírica, do Memorial do Judiciário do Rio Grande Sul com elenco da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS), abre a sua temporada 2025 no dia 08 de abril com a ópera La Cambiale di Matrimonio, de Gioachino Rossini, sobre libreto de Gaetano Rossi, que estreou em 03 de novembro de 1810, no Teatro San Moisè, em Veneza.
La Cambiale di Matrimonio foi a primeira ópera profissional de Rossini, composta aos 18 anos de idade, e, desde então, raramente é executada. Ambientada em Londres no século XVIII, é uma comédia maluca com uma sucessão frenética de cavatinas, duetos, trios, árias e recitativos curtos, centrada em um casamento arranjado, amantes secretos e a luta para alcançar felicidade e dinheiro.
A história gira em torno de um comerciante que, após receber um contrato de casamento em branco de um empresário canadense, pretende casar sua filha Fanny com este último. Mas nem ela, nem seu amante, Edward Milfort, estão dispostos a aceitar isso.
Com concepção e direção cênica de Áurea Baptista e direção musical do pianista Patrick Menuzzi, a adaptação para a Terça Lírica tem no elenco Gabriela Nunes (Fanny), Guilherme Roman (Tobias Mill), Oséas Duarte (Edoardo Milfort), Vinícius Braga (Slook), Fernando Wielewicki (Norton) e Débora Moretti (Clarina).
Segundo Flávio Leite, presidente da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS) e curador da Terça Lírica, a temporada 2025 faz, pela primeira vez, a estreia de uma ópera de um compositor gaúcho, bem como a apresentação das farsas em um ato de Rossini, que, a partir de agora, ocorrerão uma vez por ano até completar as cinco. “É uma temporada muito rica e muito vasta, que serve como experiência para os jovens cantores da CORS e para o público em geral, com acesso a obras que, normalmente, não são apresentadas nas grandes temporadas”, destaca.
No ano passado, o projeto recebeu cerca de três mil espectadores presenciais em seis concertos, além dos visualizadores no YouTube. A cada edição, um público novo de várias idades, atingindo, assim, o objetivo de aproximar as pessoas da cena operística do Rio Grande do Sul.
A Terça Lírica acontece gratuitamente uma vez por mês, sempre às 19h, no Auditório Osvaldo Stefanello do Memorial do Judiciário RS.
Programação
No dia 10 de junho, a Terça Lírica apresenta um programa duplo com A Hand of Bridge, ópera em um ato composta por Samuel Barber sobre libreto de Giancarlo Menotti, e completa-se com Le 66, ópera em um ato de Jacques Offembach. Ambas com temática voltada ao jogo. A primeira obra consiste em dois casais infelizes jogando uma mão de bridge, em que cada personagem tem uma arietta, nas quais expressam os seus desejos internos.
Em 15 de julho, o público desfrutará de uma adaptação de Così Fan Tutte, a terceira e última ópera de Wolfgang Amadeus Mozart na parceria histórica com o libretista Lorenzo da Ponte. A obra contém algumas das músicas mais sublimes que Mozart escreveu. Ela tem uma combinação intrincada de árias, duetos, trios, quartetos e sextetos, com as linhas vocais intimamente entrelaçadas. Os destaques incluem o famoso trio Soave sia il vento, a terna Un’aura amorosa e Come scoglio.
Já no dia 16 de setembro, será a vez de Roméo e Juliette, composta por Charles Gounod. Com libreto de Jules Barbier e Michel Carré, e baseada na tragédia homônima de William Shakespeare, a obra é marcada por uma série de memoráveis duetos de amor entre os dois protagonistas, além da ária Je veux vivre, para soprano.
No dia 11 de novembro, a Terça Lírica terá a estreia de Selvageria, do pianista, compositor, produtor musical, arranjador Arthur de Faria. Ele musicou em menos de uma semana as primeiras cartas escritas por uma mulher em 1764, a inglesa Miss Jemima Kindersley, sobre o Brasil. Várias dessas cartas, enviadas a uma amiga, foram publicadas em 1777, sob o título Letters from the Island of Teneriffe, Brazil, the Cape of Good Hope, and the East Indies.
Por fim, no dia 16 de dezembro será apresentada a ópera Amahl and the night visitors, encomendada pela NBC a Gian Carlo Menotti. Inspirada na pintura Adoração dos Magos, de Hieronymus Bosch, foi a primeira ópera escrita para a televisão na América e foi ao ar pela primeira vez na véspera de Natal de 1951, com Chet Allen, como Amahl, e Rosemary Kuhlmann, como sua mãe.
A obra, a mais popular de Menotti, também foi encenada por inúmeras companhias de ópera, universidades e outras instituições, e se tornou uma das óperas mais frequentemente executadas do século XX.
Foto: Vitória Proença (elenco de “La Cambiale di Matrimonio”).