A temporada lírica do Theatro São Pedro, equipamento cultural da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura, terá sequência em junho com a estreia da montagem inédita das operetas A Canção de Fortunio e As Senhoras do Mercado, do compositor e violoncelista alemão Jacques Offenbach (1819-1880). As apresentações acontecem nos dias 06, 07, 08 e 09 de junho, tendo a Academia de Ópera e a Orquestra Jovem do Theatro São Pedro sob a direção musical de André dos Santos e a direção cênica de Ines Bushatsky. Os ingressos custam de R$ 30 (meia) a R$ 100 e podem ser adquiridos por meio do seguinte link: https://feverup.com/m/161424.
“Pai das operetas”
Caracterizadas pela mescla de elementos da ópera com o teatro de comédia, as operetas tradicionalmente abordam temas leves e divertidos, em que o canto é intercalado com diálogos falados. Com raízes sobretudo na França e na Áustria do século XIX, o gênero costuma oferecer peças mais curtas do que as óperas e, muitas vezes, com partes dançantes, o que trouxe grande influência aos musicais modernos.
Durante o reinado de Napoleão III na França, o período conhecido como Segundo Império (1852-1870) teve como uma das expressões culturais mais marcantes justamente a opereta, simbolizada nas obras de Jacques Offenbach, posteriormente tido como o “pai das operetas”. Nascido em Colônia, o alemão chegou à capital francesa em 1833, tornando-se aluno do Conservatório de Paris e violoncelista na Opéra Comique, o Teatro Nacional da Ópera Cômica.
Sua ambição, contudo, era compor peças cômicas para o teatro musical. Sem conseguir oportunidades como autor na Opéra Comique, em 1855 Offenbach arrendou um pequeno teatro de 300 lugares nos Champs-Élysées, onde apresentou uma série das suas próprias pequenas peças, muitas das quais se tornaram populares – criava, assim, o Théâtre des Bouffes-Parisiens.
Radicalmente diferente da opereta vienense, a opereta de Offenbach era uma dupla paródia: da ópera e da sociedade para a qual ela se apresentava. Com relação à crítica social, o compositor realizou um desnudamento ao mesmo tempo impiedoso e desopilante das bases do regime político de sua época. Havia censura, mas Offenbach e seus colaboradores eram hábeis o bastante para que os seus espetáculos pudessem ser vistos apenas como divertidos.
As Senhoras do Mercado e A Canção de Fortunio
No dia 03 de março de 1858, Offenbach estreava As Senhoras do Mercado (Mesdames de la Halle), opereta cômica em um ato, cujo libretista foi Armand Lapointe (1822-1910), que conhecia bem Paris e sua história. A ação se passa no icônico Marché des Innocents, uma enorme praça de mercado no 1º distrito, e reproduz o mundo colorido do centro comercial de Paris. O enredo gira em torno de uma série de intrigas românticas, tendo sido o trampolim que projetou Offenbach até as obras em grande escala.
Três anos (e muitas operetas) depois, em 05 de janeiro de 1861, o compositor estreava A Canção de Fortunio (La Chanson de Fortunio), outra peça cômica em um ato. Com libreto de um dos seus principais colaboradores, o escritor Ludovic Halévy (1834-1908), junto de Hector Crémieux (1828-1893), a obra é inspirada na peça teatral Le Chandelier (O Castiçal), de Alfred de Musset. A opereta conta a história de Mestre Fortunio, advogado maduro e marido ciumento da jovem Laurette, tornando-se à época um grande sucesso de público em Paris e na Europa.
A inteligibilidade do texto sempre foi a preocupação máxima de Offenbach e ditava a sua escrita musical, mas nem por isso ele foi um músico limitado. Dotado de um instinto musical infalível, adotava de bom grado os tempos rápidos e as estruturas musicais leves, propícios a fazer avançar a ação, também sabendo passar de um plano a outro, do superficial ao profundo, da ironia à ternura.
Transmissão ao vivo
A récita do dia 07 de junho, sexta-feira, terá também transmissão ao vivo pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro. Acesse em: https://www.youtube.com/@TheatroSaoPedroTSP.
PROGRAMA
Academia de Ópera e Orquestra Jovem do Theatro São Pedro
Direção musical e regência: André dos Santos
Direção cênica: Ines Bushatsky
Cenografia: Fernando Passetti
Iluminação: Aline Santini
Figurinos: Awa Guimarães
Visagismo: Malonna
A Canção de Fortunio
Opereta de Jacques Offenbach
Elenco:
Maître Fortunio: Robert Willian, barítono
Madame Fortunio – Laurette: Anastasia Liàntziris, soprano
Valentin: Isabelle Dumalakas, soprano
Friquet: Thiago Costa, tenor
Babet: Gianlucca Braghin, baixo
Guillaume: Éder Rodrigues, tenor
Landry: Ernesto Borghi, tenor
Saturnin: Erika Henriques, mezzosoprano
Sylvain: Laleska Terzetti, mezzosoprano
As Senhoras do Mercado
Opereta de Jacques Offenbach
Elenco:
Ciboulette: Débora Neves, soprano
Croute-au-pot: Willian Manoel, tenor
Raflafla: Ernesto Borghi, tenor
Commissaire: Gianlucca Braghin, baixo
Mademoiselle Poiretapée: Éder Rodrigues, tenor
Madame Beurrefondu: Cláudio Marques, barítono
Madame Madou: Julián Lisnichuk, barítono
La marchande de plaisirs: Isabelle Dumalakas, soprano (06 e 08/06) / Anastasia Liàntziris, soprano (04, 07 e 09/06)
La marchande de fruits: Erika Henriques, mezzosoprano (06 e 08/06) / Laleska Terzetti, mezzosoprano (04, 07 e 09/06)
Le marchand d’habits: Thiago Costa, tenor
SERVIÇO
Ensaio geral aberto: 04 de junho, terça-feira, 19h
Récitas: 06, 07, 08 e 09 de junho (de quinta a sábado, às 20h; domingo, às 17h)
Classificação etária: 12 anos
Ingressos: Plateia > R$ 100 (R$ 50 meia) / 1º Balcão > R$ 70 (R$ 35 meia) / 2º Balcão > R$ 60 (R$ 30 meia) / ingressos à venda em https://feverup.com/m/161424
Fotos: Íris Zanetti (na foto principal, “As Senhoras do Mercado”).