Academia Brasileira de Música comemora 79 anos com concerto

Ao comemorar os 79 anos de sua fundação, a Academia Brasileira de Música promove a tradicional Série Brasiliana, na Sala Cecília Meireles. O primeiro concerto, nesta sexta-feira, 12 de julho, às 19h, estará a cargo da Orquestra Sinfônica da UFRJ sob a regência do maestro Miguel Campos Neto, promove estreias e apresenta obras de compositores homenageados.

O baiano Paulo Costa Lima, que completa 70 anos em 2024, é professor de composição da Universidade Federal da Bahia e ocupante da cadeira 21 da ABM. Na Serenata Ponteio Op. 83 para Cordas, o compositor mistura elementos da tradição da música de concerto com as práticas populares da cultura baiana.

O compositor paulista José Penalva se radicou em Curitiba, onde, além de exercer o sacerdócio, foi professor de composição da Escola de Música e Belas Artes da Universidade Federal do Paraná. Ocupou a cadeira 27 da ABM. Seu centenário de nascimento é comemorado em 2024. A Abertura, em movimento único, é dividida em quatro partes – constando de uma introdução seguida de um frevo estilizado, coral e fuga – nas quais a atmosfera da música nordestina é quebrada pela linguagem atonal e pela polimodalidade.

O Concertinho para Piano, de Sérgio de Vasconcellos-Corrêa, é obra inédita que terá como solista Valdilice de Carvalho. Formado pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, discípulo de Camargo Guarnieri, professor de composição na Unicamp e na Unesp e membro da ABM desde 1988 – cadeira 20, Sérgio de Vasconcellos-Corrêa completa 90 anos em 2024.

O cearense Liduino Pitombeira é professor de composição da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ocupa a cadeira 28 da ABM. Seu Concerto para Oboé e Cordas foi escrito para a oboísta Juliana Bravim, como parte de seu projeto de mestrado na UFRJ. Na obra, o compositor explora o registro agudo do instrumento e procura conciliar uma série dodecafônica com referências estilísticas associadas ao compositor Radamés Gnatalli.

Por fim, a Bachianas Brasileiras nº 9, de Villa-Lobos, na versão para orquestra de cordas, encerra o programa. Composta em 1945, é a última da série de suítes para diferentes formações, na qual o compositor procurou conciliar as formas e a linguagem musical de Bach com as características da música brasileira.

Juliana Bravim

Juliana Bravim (divulgação)

Sua iniciação musical teve início em 2000 na Banda do Colégio Salesiano Santa Rosa, de Niterói,  sob a orientação do maestro Affonso Reis. Em 2004, nos cursos livres de música da UniRio, iniciou o estudo do oboé sob a orientação do professor Luiz Carlos Justi, com quem prosseguiu no bacharelado, concluído em 2014. Durante o curso, participou de intercâmbio por um ano na Escola Superior de Música de Karlsruhe, na Alemanha, sendo orientada pelo professor Thomas Indermühle. Concluiu o bacharelado em 2014, ingressando por concurso no mesmo ano no quadro permanente de músicos profissionais da Orquestra Sinfônica da UFRJ. Integrou a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem por cinco anos, e fez parte da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal como contratada entre 2011 e 2013.

Na UFRJ, integrou o Quinteto Experimental de Sopros, sob a orientação do professor Aloysio Fagerlande. É membro fundadora do Quinteto Lorenzo Fernandez, além de participar em concertos com grandes orquestras do Rio de Janeiro, como Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica Nacional. Atualmente cursa o Programa de Pós-Graduação Profissional em Música da UFRJ, trabalho que ensejou a composição do Concerto para Oboé, do compositor Liduino Pitombeira, a ela dedicado.

Valdilice de Carvalho

Pianista de São Paulo, iniciou seus estudos com Margarida Viserta e diplomou-se pelo Conservatório Musical Carlos Gomes, de São Paulo, na classe de Sarah Lima. Aperfeiçoou-se com Helena Plaut, uma das principais assistentes de Magda Tagliaferro, e participou de várias masterclasses de diversos pianistas, bem como de cursos de extensão cultural. Como bolsista, realizou na Europa estudos em Santiago de Compostela (Espanha), Saint Preux (Suíça), Salzburgo (Áustria) e na Holanda, no Conservatório Real de Haia. Fez apresentações em diversas instituições holandesas, tendo inclusive tocado no célebre Concertgebouw, de Amsterdam.

Em seus recitais solo e de música de câmara, tem executado trabalhos em primeira audição, e muitos compositores lhe dedicaram diversas obras. Possui cinco álbuns gravados e vários registros de compositores brasileiros, como Alexandre Levy, Barrozo Netto, Villa-Lobos, Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Fructuoso Vianna, Radamés Gnattali, Camargo Guarnieri, Osvaldo Lacerda, Almeida Prado e Marlos Nobre, além de álbum inteiramente dedicado a composições de Sérgio de Vasconcellos-Corrêa. Dedica-se também à execução e registro de obras de compositoras como Emília de Benedictis, Clarisse Leite, Dinah Menezes e Najla Jabor, dentre outras. Paralelamente desenvolve trabalho didático particular e em instituições de ensino, assim como na organização de eventos e concursos musicais. Participou de vários congressos nacionais e internacionais, tendo feito palestras, ministrado masterclasses e participado do júri de concurso de piano nos Encontros Ibero-Americanos de Piano realizados em Havana (Cuba).

Miguel Campos Neto

Miguel Campos Neto (foto: Dudu Maroja)

Com diploma de Mestrado em regência orquestral pela prestigiosa Mannes School of Music, de Nova Yok, Miguel Campos Neto é o regente titular da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, em Belém, e do Festival de Ópera deste mesmo teatro, bem como diretor musical e regente titular da Orquestra Sinfônica “Altino Pimenta” (UFPA). Foi também fundador e por 12 anos regente titular da Orquestra Jovem Vale Música, grupo sinfônico fruto de projeto social com jovens de Belém, e por quatro anos regente titular da Orquestra Sinfônica Wilson Fonseca, em Santarém (PA). Foi nomeado “Regente Laureado” da Chelsea Symphony, orquestra sediada em Nova York e da qual é cofundador e foi diretor artístico e regente titular durante cinco temporadas.

Com apresentações nos dois mais importantes festivais de ópera do Brasil (Manaus e Belém), Miguel Campos Neto já acumula um vasto repertório lírico, incluindo o lançamento de uma série de seis DVDs de óperas ao vivo sob sua direção. No exterior, colabora como maestro convidado com conjuntos como a Orquestra Nacional de Avignon-Provence e a Orquestra Sinfônica de Mulhouse (França), a Orquestra Sinfônica de Porto Rico, Sinfônica Savaria (Hungria), a Sinfônica Dana Point (Estados Unidos) e a Orquestra Ciudad de Alcalá (Espanha). A temporada de 2020-2021 trouxe a sua estreia como regente de ópera em palcos internacionais, com Cavalleria Rusticana, de Mascagni, e Pagliacci, de Leoncavallo, na Opera Grand Avignon (França). No Brasil, é regularmente convidado a reger as orquestras sinfônicas de Mato Grosso, do Rio Grande do Norte, Theatro Amazonas, Theatro São Pedro (SP), Teatro Nacional de Brasília, Minas Gerais, Heliópolis, Experimental de Repertório, Municipal de Campinas e Universidade de Campinas. Em 2021, teve a sua estreia como maestro convidado da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Como professor de regência, atuou no Curso Internacional de Verão de Brasília e na Universidade la Sierra (Califórnia).


Academia Brasileira de Música

Série Brasiliana

Orquestra Sinfônica da UFRJ
Miguel Campos Neto, regência
Juliana Bravim, oboé
Valdilice Carvalho, piano

Paulo Costa Lima
Serenata Ponteio Op. 83 para Cordas (2007/2024 – estreia)

José Penalva
Abertura: Frevo, Coral e Fuga

Sérgio de Vasconcellos-Corrêa
Concertinho para Piano (2019 – estreia)

INTERVALO

Liduino Pitombeira
Concerto para Oboé e Orquestra de Cordas (2024 – estreia)

Heitor Villa-Lobos
Bachianas Brasileiras nº 9


Quando: 12 de julho, sexta-feira, às 19h
Onde: Sala Cecília Meireles (Largo da Lapa, 47, Lapa, Rio de Janeiro)
Ingressos: R$ 20,00 inteira / R$ 10,00 meia
Classificação: livre


Foto principal: Vitor Jorge.