Clélia Iruzun: Schumann e Mignone na Sala

A Sala Cecília Meireles apresenta na sexta-feira, dia 20 de setembro, às 19h, dentro da Série Piano na Sala, Clélia Iruzun. No programa, obras de Robert Schumann e Francisco Mignone (homenagem a Josephina Mignone, falecida em 18 de julho). Unindo o Romantismo europeu de Schumann com o vigor brasileiro de Mignone, o programa explora contrastes entre as tradições musicais.

Robert Schumann é frequentemente considerado o mais romântico entre os compositores do período Romântico. Nascido em Zwickau, na Alemanha, ele viveu uma vida repleta de turbulências, com episódios que parecem saídos de um romance oitocentista, como o relacionamento com a pianista Clara Wieck, que enfrentou feroz oposição do pai da jovem, e uma grave lesão nos dedos, que o eximiu da carreira de pianista. Ao invés de abandonar o piano, no entanto, o artista encontrou no instrumento o meio ideal para expressar os seus anseios: suas primeiras 23 composições publicadas são dedicadas às teclas. Com a saúde deteriorada, morreu aos 46 anos, em um hospital psiquiátrico, onde foi internado após se lançar no Rio Reno. A carreira de Schumann foi marcada por fases de extraordinária criatividade, intercaladas por períodos de profunda depressão. O caráter enigmático e dúbio da sua personalidade atravessa todo o seu legado, e está presente nas obras-primas para piano, nos lieder, nas sinfonias e na música de câmara.

“Schumann foi um artista muito complexo e muito intrigante, e isso se traduz diretamente nas obras que ele escrevia. Muitas vezes, de forma surpreendente, passagens de grande lucidez e serenidade são seguidas por súbitos rompantes emocionais, como acontece na ‘Sonata nº 2’,  por exemplo. A ‘Arabeske’, embora seja uma obra mais curta, também guarda suas dualidades, com seções contrastantes que revelam dois lados do compositor. O próprio Schumann, aliás, cunhou nomes para essas suas facetas: o ‘Florestan’ representa seu lado impetuoso, extrovertido; já o ‘Eusebius’, representa sua dimensão mais melancólica e introvertida. Esses dois ‘personagens’, digamos assim, comparecem em toda a sua obra… no ‘Carnaval Op. 9’, especificamente, há movimentos com esses nomes”, comenta Clélia Iruzun.

Para o recital na Sala Cecília Meireles, a pianista também escalou uma obra do compositor brasileiro Francisco Mignone. “O Francisco e a Josephina Mignone foram figuras muito importantes na minha vida. Eu os conheci quando era criança, e eles foram grandes incentivadores da minha carreira. O Mignone, inclusive, chegou a me dedicar algumas obras. Recentemente nós perdemos a Josephina, que foi a maior divulgadora da obra do maestro, então resolvi incluir uma obra dele no programa, como forma de homenagem aos dois. Embora a linguagem do Mignone seja diferente do idioma schumanniano, os dois compositores tinham esse encanto pelo fantástico, como se percebe em alguns títulos dos ‘Estudos Transcendentais'”.

Clélia Iruzun

Clélia Iruzun despontou como promessa do piano no Rio de Janeiro e, ainda criança, arrebatou diversos prêmios em concursos. Após se formar na Escola de Música da UFRJ, mudou-se para a Inglaterra, onde foi discípula da grande pianista e professora Maria Curcio. Concluiu seus estudos na prestigiosa Royal Academy of Music, mas seguiu se aprimorando sobre a tutela de nomes como Nelson Freire, Jacques Klein, Stephen Kovacevich e, mais notadamente, Mercês de Silva Telles. A consagração internacional viria com a premiação no Concurso Paloma O’Shea, na Espanha, que a catapultou para as grandes salas de concertos do mundo. Com mais de uma dezena de álbuns lançados, Clélia já apareceu ao lado de prestigiosas orquestras, como a BBC Scottish Symphony e a Royal Philharmonic, e já se apresentou em salas como o Wigmore Hall e o Grand Théâtre de Shanghai. Entre as recentes apresentações, incluem-se uma exitosa turnê na China e um emocionante concerto no Festival de Piano de la Roque d’Anthéron, em homenagem a Nelson Freire.


Sala Cecília Meireles

Série Piano na Sala

Clélia Iruzun, piano

Francisco Mignone
6 Estudos Transcendentais
– Velho Tema
– A morte de Anhanguera
– A voz da florestaNo Coqueiral
– A menina dos cabelos cor de graúna
– Saci

Robert Schumann
Sonata Op. 22
– So rasch wie möglich
– Andantino. Getragen
– Scherzo. Sehr rasch und markiert
– Rondò. Presto possible, Prestissimo, quasi cadenza

INTERVALO

Robert Schumann
Arabesque Op. 18
Carnaval Op. 9

– Préambule
– Pierrot
– Arlequin
– Valse noble
– Eusebius
– Florestan
– Coquette
– Replique
– Sphinxs
– Papillons
– Lettres dansantes
– Chiarina
– Chopin
– Estrelle
– Reconnaissance
– Pantalon et Colombine
– Valse allemande- Paganini
– Aveu
– Promenade
– Pause
– Marche des Davidsbündler contre les Philistins


Quando: 20 de setembro, sexta-feira, às 19h
Onde: Sala Cecília Meireles (Rua da Lapa, 47, Centro, Rio de Janeiro)
Ingressos: R$ 40,00 (R$ 20,00 meia) / à venda na bilheteria da Sala e por meio dos seguintes links > https://funarj.eleventickets.com/#!/apresentacao/9437abd38a12e0a0ed105092165a75c4b2eccf30
Transmissão: o concerto será transmitido pela TV Alerj, através do YouTube da Sala


Foto: Vitor Jorge.

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