A música é uma forma de arte profundamente ligada ao tempo, seja através do ritmo, do andamento, da duração das notas em uma composição. Além dos aspectos estruturais, no entanto, a relação da música com o tempo também se manifesta no sentido de transcendência, sendo ela capaz de evocar emoções e estabelecer conexões universais e atemporais entre indivíduos e comunidades. Ou seja, a música tem a capacidade de unir pessoas através das eras.
Para celebrar essa possibilidade, a EMESP Tom Jobim, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela Santa Marcelina Cultura, promove anualmente o Encontro Internacional de Música Antiga. Durante uma semana, professores, estudantes e convidados se envolvem em um projeto artístico-pedagógico sem igual no Brasil, focado em disseminar práticas interpretativas históricas e em despertar tanto nos músicos quanto no público a riqueza dos repertórios dos séculos XVII e XVIII.
Em 2023, entre os dias 21 e 26 de agosto, a iniciativa alcançou a sua 11ª edição. E neste ano, além das masterclasses de canto barroco e de instrumentos de época, como o traverso e o cravo, o Encontro constituiu um Madrigal e uma Orquestra Barroca – formações que se apresentarão no concerto de encerramento do festival, dia 26 de agosto, às 20h, no Theatro São Pedro. Na ocasião, a regência será do violoncelista Olaf Reimers, responsável por ensinar violoncelo barroco no Instituto de Música Antiga da Hochschule für Musik Franz Liszt, na Alemanha, e referência mundial nos estudos da área.
Madrigal e Orquestra Barroca
Composição musical vocal popular durante o Renascimento e o início do período Barroco (entre os séculos XIV e XVII), o madrigal era comumente elaborado para um pequeno grupo de vozes a cappella, explorando temas líricos, poéticos e emocionais. “O maior desafio do madrigal é formar um som coeso de grupo em tão pouco tempo de trabalho”, diz a professora de canto barroco da EMESP Tom Jobim e preparadora vocal do Coral Jovem do Estado, Marília Vargas. “A vontade e o interesse de todos nessa música, seguramente, serão fatores relevantes nesse preparo. São tão poucos os festivais e cursos de música antiga no país que, quando acontece algo como o Encontro, o entusiasmo toma conta”, explica Marília.
Segundo ela, o preparo técnico para o concerto inicia em cada dia com um trabalho de consciência do corpo, aquecimento e técnica vocal envolvendo dicção e texto, pois a obra – o moteto Lobet den Herrn, alle Leiden, de Bach – será cantada em alemão. Além disso, é preciso orientar historicamente a estética da apresentação. “É um privilégio podermos trazer obras como essas para executarmos ao lado de nossos alunos. Será uma experiência marcante para a jornada musical de cada um”, defende a professora.
O caráter formativo do evento igualmente foi destacado pelo maestro e violinista Luis Otavio Santos, que leciona violino barroco na EMESP Tom Jobim. Para ele, a interação contínua dos professores e estudantes é um dos maiores diferenciais do festival, capaz de proporcionar uma imersão para os discentes do Núcleo de Música Antiga da EMESP Tom Jobim e estudantes de música de outros lugares do país. “Os desafios de ensaiar e adequar as passagens se mostram um grande aprendizado para os alunos, que podem ensaiar junto com os professores, dividir as dificuldades e aprender os segredos de como montar um programa e se apresentar no palco”, ressalta Santos.
A respeito do programa que será executado no concerto de encerramento no Theatro São Pedro, o professor salienta se tratar de um panorama dos compositores alemães no período barroco, que uniram os estilos francês e italiano, predominantes na Europa à época. Assim, a apresentação buscará oferecer ao público uma compreensão mais profunda da música barroca, das técnicas de execução e das práticas culturais daquele período, promovendo a conexão entre pessoas que compartilham interesses pelo passado musical.
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PROGRAMA
Georg Philipp Telemann (1681-1767)
Abertura em Mi menor [extraída da Tafelmusik – parte I]
Jan Dismas Zelenka (1679-1745)
Hipocondria em Lá Maior
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Lobet den Herrn, alle Leiden (Moteto)
Georg Friedrich Händel (1685-1759)
Concerto Grosso em Ré menor Op. 3, nº 5
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SERVIÇO
Concerto de Encerramento do XI Encontro de Música Antiga da EMESP Tom Jobim
Luís Otávio Santos, regência e direção musical
Olaf Reimers, regência e direção musical
Marília Vargas, preparação vocal
Quando: 26 de agosto, sábado, às 20h
Onde: Theatro São Pedro (Rua Barra Funda, 171, São Paulo/SP)
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) / à venda em: https://shorturl.at/bKQW4
Transmissão: o concerto será transmitido ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube da EMESP Tom Jobim, em: www.youtube.com/tjemesp
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Foto: Heloísa Bortz.
Notas dos editores.
