Nos próximos dias 20 (terça-feira) e 21 (quarta-feira) de dezembro, a Grande Sala da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, será palco de uma estreia sui generis, saudando a passagem do ano com referências sonoras e literárias diversas. Sob a batuta de Wagner Polistchuk, com as participações de Marina Cyrino (soprano), Igor Vieira (barítono) e do Coro SacraVox, a Orquestra Sinfônica Brasileira fará a estreia da Cantata de Ano Novo – para soprano, barítono, orquestra e coro – de Cyro Delvizio. A segunda obra do programa – o concerto se inicia com a Sinfonia das Florestas, de Ricardo Tacuchian – incorpora, por vezes, ritmos brasileiros e trejeitos de bossa nova e baião, com uma linguagem musical fluida e acessível, tomando de empréstimo uma série de textos escritos por autores notáveis, de Fernando Pessoa até Vanessa Rocha, passando por Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana, Ferreira Gullar, entre outros.
Ordenados de maneira engenhosa, os poemas cintilam em consonância absoluta com o conteúdo musical, formando um arco narrativo que transmite ao ouvinte uma reflexão poética sobre a vida, sobre o tempo e, claro, sobre a virada do ano. O clima otimista da cantata se consuma, sobretudo, na figura da soprano, personificação auspiciosa da esperança. “A ideia de compor uma ‘Cantata de Ano Novo’ me veio há muitos anos, quando passei a coletar poemas que falavam sobre o assunto e que me tocavam de alguma maneira”, comenta Delvizio. “Cheguei a compor os dois primeiros movimentos no início de 2020, mas interrompi o trabalho quando a pandemia chegou por julgar que aquele não era o momento adequado para uma obra festiva” – na época, o compositor se dedicou a escrever a opereta A Peste, que personificou a Covid em seu personagem principal (a gravação no Teatro Niemeyer, de Niterói, está disponível no YouTube).
Em setembro de 2022, Cyro Delvizio finalmente completou a sua Cantata de Ano Novo, entendendo que o Brasil já vivia um momento mais seguro – com grande parte da população vacinada – “mas também julgando que todos nós, em maior ou menor grau, estamos vivenciando um stress pós-traumático onde a ‘Esperança’ foi sepultada junto a mais de 600 mil brasileiros”, destaca. “Na minha ‘Cantata de Ano Novo’, graças à genialidade de Mário Quintana e de outros grandes poetas, a ‘Esperança’ é também personificada na figura da soprano solista, que fala com os ouvintes, visando contaminá-los com sabedoria e nova vontade de viver, de celebrar a vida e aproveitá-la”. Para o autor, “é talvez a obra mais festiva e alegre que já compus, mas há também momentos de dramaticidade extrema: o barítono solista durante o poema de Gullar, por exemplo, expressa a solidão da humanidade nos cosmos (até onde sabemos), escancara a nossa insignificância e as nossas ilusões, mas também exalta a nossa luta diária”. “Assim como Gullar, todos os outros poetas nos trazem palavras de sabedoria sobre a fugacidade da vida, sobre a necessidade de aproveitar o tempo, nossa moeda mais valiosa e escassa, e sobre a nossa responsabilidade maior de iniciar qualquer mudança dentro de nós antes de esperá-la ocorrer no calendário”, conclui.
PROGRAMA
Ricardo Tacuchian
Sinfonia das Florestas
Cyro Delvizio
Cantata de Ano Novo
Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB)
Concerto de Encerramento da Temporada
Wagner Polistchuk, regência
Marina Cyrino, soprano
Igor Vieira, barítono
SacraVox, coro
Local: Grande Sala da Cidade das Artes, Rio de Janeiro (RJ)
Quando: 20 e 21 de dezembro, às 19:30h
Ingressos: de R$ 5,00 a R$ 50,00 – ingressos à venda na bilheteria da Cidade das Artes e no site Sympla
Foto: divulgação.