Símbolo da defesa da música brasileira, o duo de violoncelos formado pelos gêmeos cariocas Paulo e Ricardo Santoro chega ao terceiro álbum de uma extensa carreira iniciada em 1990. Dando continuidade à difusão de obras de compositores nacionais – Bem Brasileiro, seu disco de estreia de 2013, reuniu os icônicos Villa-Lobos, Nazareth e Mahle com os contemporâneos João Guilherme Ripper, Alexandre Schubert e Ernani Aguiar, dentre outros –, o Duo Santoro lança oficialmente, no dia 30 de outubro, domingo, às 11h, no Centro da Música Carioca Artur da Távola (Tijuca), seu novo álbum de inéditas, O compositor é vivo!, atravessando a fronteira fluminense, temática principal de Paisagens Cariocas, seu segundo disco, lançado em 2017.
Já disponível nas principais plataformas musicais de streaming (Apple Music, Spotify, Deezer, YouTube Music, Amazon Music, Tidal), o álbum digital é fruto da turnê nacional do projeto O compositor é vivo!, realizada entre os meses de abril e junho deste ano, quando os irmãos se apresentaram em cinco cidades brasileiras: Mariana (MG), Corumbá (MS), Vitória (ES), Belém (PA) e São Luís (MA). O lançamento reúne as onze composições inéditas apresentadas na turnê, escritas e dedicadas especialmente ao duo. “Deixamos estas músicas para a posteridade, na esperança de que novos compositores brasileiros se animem a escrever para o Duo Santoro”, aponta Ricardo Santoro. “Hoje conseguimos transformar em realidade um sonho que começou em abril, com o primeiro dos cinco concertos realizados”, complementa.
O ponto de partida da jornada musical contemporânea se faz com as peças As asas são sempre leves e De bem com a vida, do compositor paraense Luiz Pardal, revelando o estilo fronteira de escrever deste professor aposentado da Universidade Federal do Pará, onde o popular e o erudito caminham livremente nesta versão para dois violoncelos encomendada pelo Duo Santoro em 2022. Em seguida, o compositor mineiro Eli Joory, na faixa Janeiro no Rio, registra em pauta os tempos em que morou na cidade do Rio de Janeiro. De sonoridade vigorosa e expressiva, a obra explora diversos elementos característicos da música brasileira. Radicado no Rio de Janeiro, o compositor mineiro Alexandre Schubert usou como fonte de inspiração para a sua Casario de Minas as casas das cidades históricas do seu estado natal, musicalizando sua beleza arquitetônica, o prazer de caminhar pelas ruas e ladeiras e o cheiro do bom café.
Compositor de trilhas sonoras de diversos filmes brasileiros, o compositor maranhense Joaquim Santos escreveu Galope e Romance na tradicional forma A-B-A, baseada, em muitos momentos, em cenas do sertão nordestino brasileiro. Já Rapsódia em Duo, escrita por Chico Chagas – compositor acreano de nascimento e capixaba por opção – apresenta, como toda rapsódia, uma forma livre, passeando por vários temas com características eruditas e populares. Como o próprio título sugere, a obra é uma homenagem à famosa Rapsódia in Blue, de Gershwin. Escrita em três movimentos pelo compositor e maestro sul-mato-grossense Eduardo Martinelli, a Mini Suíte Mestre Pantaneiro é baseada em melodias do mestre pantaneiro da viola de cocho Agripino. Seus três movimentos são Cor de Canela, Air e Marrequinha, esta última uma das mais famosas e conhecidas músicas do pantanal mato-grossense.
Natural de Mato Grosso do Sul, Cyro Delvizio realça sonoridades nativas em Passacaglia em ritmo de Guarânia. Passacaglia é um estilo de composição musical baseado em um tema, repetido constantemente no baixo e em variações sobre esse tema na melodia principal. Guarânia é um estilo que teve origem no Paraguai, influenciando a música folclórica do Mato Grosso do Sul. Composta pela maestrina e compositora paraense Cibelle J. Donza, professora da Universidade Federal do Pará, Olho d’água alterna momentos vigorosos e líricos, expressos em danças e lundus através de efeitos característicos da linguagem violoncelística. Em Retrato de Dona Melancolia e Dona Solidão no alpendre da velha casa, Antonio Celso Ribeiro se inspira nas imagens vivenciadas em sua infância em Pouso Alegre (MG) – hoje o compositor é radicado em Vitória. Natural de Garibaldi (RS) e atualmente professor na Universidade Federal do Maranhão, Ricardo Mazzini Bordini encerra a viagem sonora com O esvoaçar das tranças ao bulício saltitante das meninas, uma constante e ininterrupta conversa alegre e divertida entre os dois violoncelos.
PROGRAMA
Luiz Pardal
As asas são sempre leves
De bem com a vida
Cyro Delvizio
Passacaglia em ritmo de Guarânia
Alexandre Schubert
Casario de Minas
Eli Joory
Janeiro no Rio
Joaquim Santos
Galope e Romance
Ricardo Mazzini Bordini
O esvoaçar das tranças ao bulício saltitante das meninas
Eduardo Martinelli
Mini Suíte Mestre Pantaneiro
Tim Rescala
Espelho
Adriano Giffoni
Sandrino no choro
Duo Santoro – Lançamento do Álbum “O compositor é vivo!”
Domingo, 30 de outubro, 11h
Centro da Música Carioca Artur da Távola
Paulo Santoro, violoncelo
Ricardo Santoro, violoncelo
Ingressos: R$ 30,00 (R$ 15 meia-entrada), à venda na bilheteria do local ou pelo link: https://organizador.sympla.com.br/evento/preview/ff2b993daf940a3d502af7b8acb23b6e
Foto: Guarim de Lorena.