O Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresenta a exposição de arte contemporânea Intermezzo, do artista ítalo-brasileiro Lucio Salvatore. São 30 obras, a maioria inédita, e instalações que dialogam com a arquitetura e com uma das missões do Theatro que é a de oferecer a arte para o público desenvolver, cada vez mais, o senso crítico.
Clara Paulino, presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e Salvatore escolheram como ponto de partida abrir uma discussão sobre a própria arquitetura do prédio. Desta forma, o novo trabalho do artista vai oferecer obras de arte nos andares mais altos do Theatro, designados para a população menos privilegiada e que, agora, poderá usufruir bem de perto desta exposição.
“Nosso prédio histórico, que já abriga tantas referências à arte e à cultura, recebe agora a exposição ‘Intermezzo’, trazendo para o público um olhar diferenciado através de obras que dialogam com a nossa estética” – ressalta Clara Paulino.
“As obras apresentadas dialogam com os materiais e as técnicas decorativas usadas no prédio, mármores e mosaicos, e também com o próprio propósito da instituição, trazendo fragmentos de teatro das ruas” – destaca o artista plástico.
Uma obra central é o mosaico realizado em homenagem à Mercedes Batista. Reconhecida como protagonista central do movimento afro-brasileiro de emancipação antirracista, a primeira bailarina afrodescendente a compor o Corpo de Baile do Theatro Municipal é homenageada na exposição.
Um dos destaques da exposição é uma série de obras intitulada Tolomeo, mosaicos decoloniais realizados com micro tesselas de papelão, pintados à mão com tinta a óleo, uma arte simbólica que ressignifica o material descartado com um próprio estilo ‘euro-africano’ de inspiração alto medieval.
Intermezzo fica em cartaz de 12 de setembro até dia 31 de outubro. Quem assistir as apresentações do Municipal ou participar das tradicionais visitas guiadas da instituição poderá completar o programa com essas obras de arte.
Lucio Salvatore
Lucio Salvatore (1975) vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Sant’Elia Fiumerapido, na Itália. Salvatore é um artista e economista ítalo-brasileiro que pesquisa sobre o processo de criação de expectativas a partir de narrativas que influenciam a percepção e formam as categorias mentais que ele tenta deslocar para territórios mais incertos e abertos. As obras de Salvatore estão incluídas nas coleções públicas do Museu de Arte Moderna MAM, Rio de Janeiro, do Museu de Arte Contemporânea MAC, Niterói, e do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Criado em Sant’Elia Fiumerapido, no Sul da Itália, Salvatore se mudou para Milão, onde se formou em economia e estudou filosofia. Contrário à obrigatoriedade do serviço militar, em 1998 se impôs um exílio voluntário em Caracas e, desde 1999, mudou-se para o Rio de Janeiro, a cidade que o adotou e que, juntamente com Nova York, esteve no centro de seu crescimento artístico. A partir da experiência de estrangeiro em contextos socioculturais complexos, com feridas abertas, surge uma reflexão sobre a natureza líquida, invasiva e transversal dos poderes que geram essas feridas, cujas historias são contadas através da arte, vivida como um caminho para a compreensão de si.
Foto: Estúdio Lucio Salvatore.