“Nabucco” no Municipal de São Paulo: Verdi é apenas um pretexto

Soprano norte-americana oferece performance vocal decepcionante em meio a uma encenação que parte de uma ótima ideia, mas está repleta de falhas em sua realização.

Nabucco (1842)
Ópera em quatro atos e sete quadros

Música: Giuseppe Verdi (1813-1901)
Enxerto musical: Interlúdio Final, de Antonino Fogliani (1976-)
Libreto: Temistocle Solera (1815-1878)
Bases do libreto: Antigo Testamento e Nabuchodonosor, drama de Auguste Anicet-Bourgeois (1806-1871) e Francis Cornu (1798-1848)

Theatro Municipal de São Paulo *

27 de setembro de 2024

Direção musical: Roberto Minczuk
Direção cênica: Christiane Jatahy
Cenografia: Thomas Walgrave, Marcelo Lipiani e Christiane Jatahy
Figurinos: An D’Huys
Iluminação: Thomas Walgrave
Vídeo: Batman Zavareze

Elenco:
Nabucco: Alberto Gazale, barítono
Abigaille: Marsha Thompson, soprano
Zaccaria: Savio Sperandio, baixo
Fenena: Luisa Francesconi, mezzosoprano
Ismaele: Enrique Bravo, tenor
Grão Sacerdote de Baal: Rafael Thomas, baixo
Anna: Lorena Pires, soprano
Abdallo: Eduardo Góes, tenor

Coro Lírico Municipal (Érica Hindrikson)
Orquestra Sinfônica Municipal

* Produção original do Grand Théâtre de Genève

Entre 1841 e 1842, Giuseppe Fortunino Francesco Verdi vivia um momento delicado em sua vida. Ele e a sua primeira esposa (Margherita) já haviam perdido os seus dois filhos (Virginia e Icilio) quando, em 1840, a própria Margherita também acabou morrendo ao mesmo tempo em que o compositor trabalhava na sua segunda ópera, a comédia Un Giorno di Regno. Esta resultou em um enorme fracasso. Conta-se que, desgostoso e sem motivação, o jovem Verdi chegou mesmo a pensar em abandonar a música.

Tudo, no entanto, começou a mudar quando o empresário do Teatro alla Scala, Bartolomeo Merelli, sugeriu-lhe uma nova ópera sobre libreto de Temistocle Solera, com base no Antigo Testamento e no drama Nabuchodonosor, de Auguste Anicet-Bourgeois e Francis Cornu. Verdi inicialmente teria recusado a encomenda, mas, diante da insistência de Merelli, acabou aceitando musicar o libreto em quatro atos de Nabucco. A situação do povo hebreu, escravizado por Nabucodonosor II, lembrava muito a dos próprios italianos do norte, sob domínio austríaco. A ópera foi muito bem recebida, e não demorou para que se tornasse um símbolo do Risorgimento – o processo histórico que unificou as diversas nações da península itálica, formando então a Itália como a conhecemos hoje.

Apenas a terceira ópera escrita por Verdi, Nabucco é o embrião das suas grandes obras que estavam por vir, mas já apresenta algumas das características que marcariam a carreira do compositor, como a sua capacidade de criar melodias cativantes; a abordagem da relação entre pai e filha (Nabucco e Abigaille, como mais adiante Rigoletto e Gilda, Simon e Maria Boccanegra, Amonasro e Aida); a investigação da política, das relações de poder e da influência da religião (como posteriormente em Rigoletto, Simon Boccanegra, Don Carlo e Aida, dentre outras); e a caracterização psicológica dos personagens por meio da música, que aqui observamos sobretudo nas figuras de Zaccaria e de Abigaille.

Algumas passagens da ópera, como S’appressan gl’istanti, do fim do segundo ato, já atestam o enorme talento de Verdi para o teatro lírico, mas é lá pelas tantas, no terceiro ato, quando o coro entoa Va’, pensiero, que se percebe de maneira cristalina que um gênio foi despertado.

Em primeiro plano, Luisa Francesconi (Fenena) e Alberto Gazale (Nabucco)

A produção que a encenadora brasileira Christiane Jatahy concebeu originalmente para o Grand Théâtre de Genève e que chega agora a São Paulo parte de um princípio muito pertinente: promover um diálogo, uma relação, entre os antigos hebreus (forçados a deixar a sua terra para servir como escravos aos babilônios) e os refugiados dos dias atuais (também exilados, muitos por iniciativa própria, para fugir de guerras, ditaduras, problemas sociais, além de perseguições políticas e religiosas).

A ideia é ótima, mas a sua realização no palco se mostra bastante problemática sob alguns aspectos, a começar pelos cortes e pelos acréscimos que prejudicam a dramaturgia. Se, por um lado, a diretora opta por apresentar Zaccaria como um líder religioso que “defende” o seu povo utilizando-se da manipulação religiosa, ao mesmo tempo perde a oportunidade de mostrar o Grão Sacerdote de Baal como outro manipulador, quando decide cortar todo o trecho inicial da primeira parte do terceiro ato, da qual resta apenas o dueto entre Nabucco e Abigaille (Donna, chi sei?). Desta forma, consequentemente, o público não é informado que o decreto da morte de Fenena foi sugerido a Abigaille pelo líder religioso da Babilônia.

Outra oportunidade perdida foi na cena derradeira. Após o último verso cantado por Abigaille, a orquestra abandona a partitura de Verdi e passa a interpretar música totalmente desconectada do restante da obra, escrita pelo regente e compositor italiano Antonino Fogliani (não por acaso o diretor musical da montagem original de Genebra) e chamada pomposamente de “Interlúdio Final”. Por fim, o coro, posicionado no corredor central da plateia e em dois andares dos balcões (em ambas as laterais), interpreta novamente Va’, pensiero, desta vez a cappella, e a ópera termina assim. Aparentemente, a ideia foi a de reforçar, como escreve a própria encenadora no programa de sala, que não há redenção, e que “a luta continua” (velho chavão político).

Com isso, não é apresentada a cena em que Zaccaria, “o manipulador religioso”, estabelece a sua aliança final com Nabucco (“Servindo Jeová / Você será o rei dos reis”). Ora, essa aliança entre a religião e a política (como acontece ainda hoje em muitos países – o nosso, inclusive!) faria todo o sentido dentro da concepção geral de Christiane Jatahy, mas a diretora preferiu não seguir por esse caminho.

Por outro lado, o caminho escolhido, o de propor uma continuidade da “luta”, como se não houvesse a conciliação final que consta do libreto de Temistocle Solera, acaba deixando sem sentido dramático a conversão de Nabucco. Se ele aceita o Deus dos hebreus, se liberta o povo oprimido da escravidão, se reconhece que as suas atitudes anteriores estavam erradas, por que a luta tem que continuar? Fica a impressão de que o recado a ser passado é apenas político – que tem o seu valor, claro, mas às custas da organicidade dramática da obra.

Outro aspecto negativo da produção é o fato de que algumas opções cênicas contribuem para o desequilíbrio da execução musical (fato típico de quando uma ópera é dirigida por profissional que tem pouco contato com o gênero e, por isso, acaba pensando muito mais nos aspectos cênicos, deixando de lado questões musicais). Posicionar parte do coro na plateia nos dois primeiros atos, por exemplo: na récita de estreia, em 27 de setembro, de onde eu estava (fila H), com cantores bem atrás de mim, havia momentos em que eu quase não ouvia a orquestra (e isso mesmo considerando que a OSM costuma tocar a toda força sob o seu titular…). Na repetição final de Va’, pensiero, exatamente por essa proximidade do coro, parecia que eu estava ouvindo um solista cantar atrás de mim (na verdade, um corista de voz volumosa) em meio à massa coral. Já nas cenas de conjunto, em que uma parte do coro estava na plateia, e outra parte no palco junto aos solistas, houve grandes desencontros.

A ópera é apresentada praticamente sem cenário e, em alguns momentos, toda a caixa cênica do palco do TMSP resta exposta. Chamar de cenário uma espécie de piscina cênica e dois painéis espelhados (que também servem de telas para os vídeos projetados de Batman Zavareze) me parece exagero. Pior é verificar que foram necessários três profissionais (três!) para criar/realizar tal “cenário”: Thomas Walgrave, Marcelo Lipiani e a própria diretora.

Thomas Walgrave também foi o responsável pela iluminação do espetáculo, que funciona razoavelmente. Com relação aos figurinos de An D’Huys, apenas os solistas ainda dão a impressão de trajá-los. Coristas e figurantes parecem ter sido orientados a virem de casa com as suas próprias roupas. Pode não ter sido assim, mas foi o que pareceu, e a intenção deve ter sido essa mesma.

Marcha Thompson (Abigaille)

Apesar de todas as questões acima relatadas, há pelo menos três cenas mais inspiradas e que causam grande impacto. A primeira, quando hebreus/refugiados são lançados de um lado para o outro da piscina cênica, lembrando os vários casos registrados pela imprensa de refugiados lançados ao mar; a segunda, quando Abigaille está em meio a um grande tecido, e a impressão transmitida pelos painéis espelhados é a de que ela está vestida pelo próprio “poder”; e a terceira, quando Zaccaria está pregando no fim do terceiro ato (Del futuro nel buio discerno), e alguns dos integrantes do seu “rebanho” parecem finalmente compreender a natureza das suas intenções (sempre dentro da concepção da presente encenação), e começam a abandonar o grupo.

Tais acertos, no entanto, representam pouco em meio a muitos equívocos, e a impressão final causada pela encenação é a de que a obra de Verdi não é o objetivo principal, e não é sequer respeitada em sua integridade (já que é cortada e enxertada sem justificativa plausível). Na presente encenação, Nabucco parece ser apenas um pretexto, um veículo, para que se expresse o discurso político que se deseja expressar. Tal discurso pode até ser correto (ainda que com algum exagero, como colocar propositalmente um figurante no balcão do teatro berrando frases como “Palestina livre”), mas, quando a obra de arte é claramente escanteada, deixada para segundo plano, o discurso acaba perdendo muito do seu valor.

Alberto Gazale (Nabucco) e Marsha Thompson (Abigaille)

Em Nabucco, Abigaille é uma personagem extremamente difícil, para a qual parece ter contribuído a então inexperiência do iniciante Verdi em escrever para a voz. Não seria exagero afirmar que a primeira providência a se tomar, quando um teatro decide apresentar Nabucco, é encontrar uma soprano à altura das dificuldades oferecidas por essa terrível parte. E, se essa cantora não está disponível, o melhor a se fazer é deixar Nabucco para outra ocasião.

O TMSP até tentou trazer uma cantora à altura de Abigaille, já que a ótima uruguaia Maria José Siri chegou a ser anunciada. Por algum motivo, que a casa não fez questão de informar aos seus assinantes que pagaram para vê-la, Siri não veio, e a soprano norte-americana Marsha Thompson, que já integraria a produção em elenco alternante, assumiu Abigaille no elenco principal. O resultado foi uma grande decepção: Thompson exibiu no dia 27 uma voz extremamente mal calibrada, de emissão irregular, afinação imprecisa e técnica pobre. Seus agudos se mostraram, para dizer o mínimo, constrangedores.

Curiosamente, a americana já havia sido anunciada duas vezes pelo TMSP, para as óperas Aida, em 2020, e La Fanciulla del West, em 2023, e em ambas as oportunidades não cantou (a primeira foi cancelada em cima da hora em virtude da pandemia de Covid-19, e na segunda ela foi substituída depois de anunciada, por motivo não divulgado pelo Municipal à época). A casa, sabe-se lá por que, continuou insistindo com ela. Foi para isso que insistiram? Para que o público “apreciasse” uma performance pior que péssima? Quem a escalou? Quem é o responsável por escalar os elencos em um teatro sem diretor artístico? Quem assume essa escalação? Nessas horas, ninguém se apresenta…

Em primeiro plano, Enrique Bravo (Ismaele)

Os demais solistas principais da ópera não fizeram feio, pelo contrário. O italiano Alberto Gazale, se não chega a ser exatamente um grande barítono, ao menos sabe cantar, tem técnica consistente e interpretou bem o personagem-título, inclusive com melhor atuação cênica em relação às suas aparições anteriores em São Paulo (em meados da década passada). O tenor Enrique Bravo deu vida a Ismaele com grande correção, contribuindo para os números musicais dos quais participou.

Em primeiro plano, Alberto Gazale (Nabucco), e na imagem projetada, Savio Sperandio (Zaccaria)

O baixo Savio Sperandio e a mezzosoprano Luisa Francesconi foram os dois solistas que mais “entraram” na concepção da montagem, e apresentaram ótimas performances cênicas. Como o “líder religioso” Zaccaria, Sperandio mostrou-se carismático e persuasivo. Sua voz correu bem nos médios e nos agudos, mas a região mais grave, pouco audível, necessita de atenção. Já na pele da doce Fenena, Francesconi foi a intérprete que “dialogou” melhor com as câmeras, fotografando maravilhosamente (as imagens eram captadas por dois cinegrafistas para serem exibidas nos painéis do “cenário”). Suas expressões faciais pareciam conter uma estranheza ao mesmo tempo desconfiada e precisa. Vocalmente, a artista se viu por vezes prejudicada pela movimentação cênica, mas deu boa conta de dois dos seus momentos principais, o terceto Io t’amava!… Il regno, il core, e a oração Oh, dischiuso è il firmamento!

Completaram o elenco de solistas o baixo Rafael Thomas, discreto com o Grão Sacerdote de Baal; a soprano Lorena Pires, que exibiu bons agudos como Anna; e o tenor Eduardo Góes, um razoável Abdallo.

Se descontarmos os desencontros que podem ser colocados na conta da direção do espetáculo, como mencionado acima, o Coro Lírico Municipal, preparado por Érica Hindrikson, ofereceu uma récita consistente, ainda que não brilhante, como atesta a absoluta ausência de pedidos de bis para a passagem mais célebre da ópera, Va’, pensiero. Érica Hindrikson, a propósito, protagonizou uma cena inusitada. No momento dos aplausos, quando ela entrou no palco, parte do público a vaiou, a meu ver injustamente e, ao que tudo indica, porque ela foi confundida com a diretora cênica. Reforça essa minha percepção o retorno das vaias, disputando espaço com gritos de “gênia”, quando a própria Christiane Jatahy entrou no palco.

A Orquestra Sinfônica Municipal demonstrou boa sonoridade ao longo da récita, apesar de Roberto Minczuk, como de hábito nas óperas italianas, ter controlado mal a dinâmica e ter deixado os desencontros correrem soltos (aqui com a contribuição, é verdade, da direção cênica do espetáculo).

Dependendo da conta que se faz, Giuseppe Verdi compôs 26 ou 28 óperas, pois há quem considere obras independentes Aroldo (que é revisão de Stiffelio) e Jérusalem (revisão de I Lombardi alla Prima Crociata). Dessas quase três dezenas de obras, apenas quatro (pouco mais de 10%, portanto) mereceram ser encenadas no Theatro Municipal de São Paulo entre 2017 e 2024: Rigoletto, La Traviata, Aida e Nabucco – esta última por duas vezes e com produções distintas, em 2017 e 2024. Como agravante, todas sob a direção musical do mesmo regente, que passa longe de ser um especialista nesse repertório.

A falta de imaginação de quem escolhe os títulos líricos do Theatro Municipal de São Paulo assusta. Com tantas óperas de Verdi longe da casa há mais tempo (algumas há décadas), e considerando também a média enxuta de apenas quatro a cinco produções por temporada, era mesmo necessário oferecer um novo Nabucco somente sete anos depois do último?

Para 2025, já se fala nos bastidores que o TMSP deve apresentar um título verdiano que foi levado ali pela última vez em 2012. Se isso for confirmado, seriam 13 anos de distância, um intervalo mais razoável, no entanto, ainda assim, há títulos do mesmo compositor que não são apresentados na casa há mais tempo. E, para o título em questão, já adianto que será necessária novamente uma soprano de alto nível. Teremos essa soprano no ano que vem, ou a casa insistirá em escalações injustificáveis?


Fotos: Larissa Paz (na foto, o Coro Lírico Municipal durante “Va’, pensiero”).


Correção: este texto foi alterado para detalhar as ausências anteriores em São Paulo da soprano Marsha Thompson.

12 comentários

  1. Não podemos esquecer que a responsabilidade por alterações na música são da parte do Maestro principal. Se a ideia não é dele de cortar trechos importantes pelo menos os endossa. Um maestro é quem não deve permitir esse tipo de abuso musical.

  2. Não gostei. Um excesso de informação em cena, figurinos ridículos, soprano foi uma derrocada, enfim, só me agradou o barítono e o tenor.

    Notas Musicais: comentário parcialmente editado, por conter ofensa aos artistas.

  3. Infelizmente o viés “minimalista” e vazio contemporâneo no campo cênico segue afetando negativamente as artes, causando uma confusão entre releitura com descaracterização das obras. Muito bom o texto, bem esclarecedor. Parece ser a mesma sensação de ir assistir à releitura de um filme e se frustrar ao assistir, percebendo que tudo foi descaracterizado pragmaticamente devido a uma visão política do diretor. As obras antigas não são neutras, mas ao menos tinham um bom compromisso com o belo.

  4. Sempre desejei ver está ópera ao vivo, e agradeço a crítica acima por não perder meu tempo e dinheiro numa produção política de uma obra genial.

  5. Vou assistir a última récita em 05/10 com o mesmo elenco da estreia e espero que tudo flua melhor. Mas já assisti outras produções dessa temporada de 2024 e alguns solistas estrangeiros têm decepcionado muito, e os brasileiros se saindo melhor.

  6. Verei o espetáculo na sexta-feira, mas já vou com uma pré frustração, principalmente politicamente falando, estamos sendo engolidos por estes temas e nem no momento de lazer podemos descansar. Ouvi a ópera e procurei algumas leituras sobre, achei que iria me emocionar, mas vejo que é só mais uma cilada.

  7. Estou aguardando, com muito entusiasmo, a apresentação no Palácio das Artes BH, regida pela grande maestra Lígia Amadio, que brilhará como sempre.

  8. Como uma pessoa leiga, mas amante de artes, tive a oportunidade de assistir terça-feira 01/10/24 essa Ópera! Fui confiante e compromissada a prestar muito atenção em tudo, para poder entender tal complexidade que demanda essa peça. Eis que acordo e ainda com reflexão e “vazio” da noite anterior, decidi procurar algumas explicações sobre a ópera, encontrei aqui o que me faltava! Primeiramente agradecer pelo conhecimento passado.
    Mas minhas considerações finais foi não entender a linha de atuação, demorar pra saber quem era quem ali nos personagens, achei estranho essa soprano tão evidenciada na peça, pois, não achei tudo isso, e agora fez sentido. O figurino se é que teve algum figurino decepcionou! O tanto de informações como: espelho que ao mesmo tempo era uma tela, quem estava na fila A como eu aparecia as projeções e ao mesmo tempo o reflexo do chão, acompanhar as legendas e as encenações foi difícil! Mas a acústica de onde eu estava foi simplesmente perfeita, e as projeções de luzes eu achei sensacional, gostei da dinâmica do teatro todo ocupado pelo coral, agora a militância sempre tem que aparecer nas apresentações e isso é um saco … que raiva que me dá, mas enfim ficaria aqui eternamente descrevendo como foi para mim! Desejo acompanhar mais e mais esse lindo universo da ópera do Lírico da orquestra e tudo mais… sou leiga mas curiosa. Essa publicação era o que eu procurava, obrigada obrigada e obrigada, parabéns!

  9. Algo que muito me irrita é essa arrogância dos diretores cênicos contemporâneos que os obriga a olhar para o passado em um tom de superioridade. Nabucco é uma ópera que fala sobre o fato histórico que é o exílio do povo hebreu na Babilônia… Bem, a diretora bradou um grande “dane-se” a isso (para não perder a elegância) e vestiu os atores num figurino totalmente fora de contexto e anacrônico, priorizando sua própria visão parcial sobre a mensagem original da obra. Um desserviço às artes. Me causou ânsia de vômito.

    1. A propósito, tive de deixar o teatro às pressas na noite da estreia durante o aplauso aos cantores porque passei mal de verdade, mas li aqui que a diretora foi vaiada?

      Fico muito satisfeito com isso. Gostaria de ter estado lá para contribuir.

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