A ópera Aida, de Giuseppe Verdi, estreia no Theatro Municipal de São Paulo no dia 3 de junho. A obra, dividida em quatro atos e com libreto de Antonio Ghislanzoni, é considerada uma das mais grandiosas de Giuseppe Verdi. O enredo traz Aida, uma mulher escravizada que enxerga a sua história dividida entre o amor por um homem e o amor por seu povo e sua pátria. Ambientada no período da guerra etíope-egípcia, a ópera fica em cartaz entre os dias 3 e 11 de junho e contará com a participação da Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência e direção musical do maestro Roberto Minczuk, do Coral Paulistano, sob a regência de Maíra Ferreira e do Coro Lírico, sob a regência de Mário Zaccaro. A montagem, inédita, apresenta o olhar da diretora cênica e cenógrafa Bia Lessa.
Para esta nova produção, o Theatro Municipal contará também com a participação da soprano brasileira Priscila Olegário, que já integrou o seleto grupo de cantores da Accademia Verdiana no Teatro Regio, de Parma, tem na bagagem a convivência e aprendizado com grandes especialistas do repertório Verdiano, como Renata Scotto, Barbara Frittoli, Mariella Devia, Michele Pertusi, entre outros. A soprano é mestre em performance pelo Conservatório Real de Bruxelas e bacharel em canto lírico pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Essa montagem, em especial, é simbólica para todos os envolvidos, já que ela precisou, ainda em 2020, no auge da pandemia, ter a estreia adiada. “A volta da Aida soa para nós como uma conquista, superamos diversos momentos ruins para poder voltar ao palco com todas as forças. É a primeira grandíssima produção de ópera do Theatro desde a pandemia. Lembrando também que os ensaios da Aida foram as últimas atividades que a nossa colega, a maestrina Naomi Munakata, participou preparando o coral paulistano. Então fazer essa obra acontecer é, em parte, uma grande homenagem à memória dela”, afirma Roberto Minczuk, regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal.
“É uma das mais incríveis óperas de um dos maiores gênios da música, além de ser mundialmente conhecida por trazer um contexto atual, já que fala sobre a conquista e a opressão de um povo sobre outro povo. O Egito era uma potência que dominava e oprimia as nações vizinhas, no caso aqui da Etiópia, levando escravos, matando, violentando, estuprando as mulheres, coisas que ligamos a televisão hoje e percebemos isso acontecendo na nossa realidade. Mas, sobretudo, também é uma história de amor, de esperança que nos dá significado e nos faz refletir sobre a questão humana, em todos os aspectos”, completa Minczuk.
Para a diretora cênica, Aida foi criada para ser uma ópera popular, e sempre atrai grande público ao teatro. “É uma ópera que traz todo um imaginário junto com ela, sendo sempre um imenso desafio para o diretor, pois todo mundo já tem uma imagem definida de Ainda. Então criar uma imagem nova é sempre um desafio. Para mim é muito importante estar à frente dessa ópera e respeitar todas as rubricas e regras que estão dentro da própria partitura, mas também descobrir onde está o limite para colocarmos a nossa opinião e explicar o motivo de estarmos montando aquilo”, afirma Bia Lessa.
Toda a direção foi baseada na ideia de explicitar a relação de poder entre os egípcios, como senhores colonizadores, e os etíopes, os escravizados, mostrando um pouco dos dois povos e tomando a liberdade de usá-los para falar sobre essa relação de poder que se estabelece durante uma guerra. Uma vez que essa relação é estabelecida, a humanidade é abstraída, levando inevitavelmente à guerra.
Ainda de acordo com a encenadora, o tema central da ópera é a guerra, seus horrores e como esses conflitos acabam com pessoas, culturas e civilizações. “Aida é uma ópera que, no segundo ato, mostra guerrilheiros vitoriosos se vangloriando por terem massacrado o povo etíope, retornando a seu povoado, o que traz uma visão no mínimo contraditória. O que significa vencer? Vencer é acabar com o outro? Destruir o diferente? Então, na minha opinião, uma vitória em guerra é uma vitória burra, já que não é a que precisamos nesse momento, e sim, criarmos uma humanidade nossa, onde os diferentes possam coexistir mesmo sendo de outras culturas e sociedades. E é isso que eu quero mostrar nas cenas de Aida, um ato de coletividade e compaixão, fazendo um paralelo entre o Egito antigo e os dias atuais”, completa Bia Lessa.
Aida (1871)
Música: Giuseppe Verdi (1813-1901)
Libreto: Antonio Ghislanzoni (1824-1893)
Local: Theatro Municipal de São Paulo
Datas: 03, 07, 08 e 10 de junho de 2022 – Horário: 20h
Datas: 04, 05 e 11 de junho de 2022 – Horário: 17h
Ingressos: de R$ 30,00 a R$ 150,00
Direção musical: Roberto Minczuk
Direção cênica: Bia Lessa
Elenco:
Priscila Olegário, Aida (03, 05, 07 e 10)
Marly Montoni, Aida (04, 08 e 11)
Ana Lucia Benedetti, Amneris (03, 05, 07 e 10)
Andreia Souza, Amneris (04, 08 e 11)
David Pomeroy, Radamés (03, 05, 07 e 10)
Paulo Mandarino, Radamés (04, 08 e 11)
David Marcondes, Amonasro (03, 05, 07 e 10)
Douglas Hahn, Amonasro (04, 08 e 11)
Savio Sperandio, Ramfis
Orlando Marcos, Faraó
Caio Durán, Mensageiro
Elayne Caser, Sacerdotisa
Orquestra Sinfônica Municipal
Coro Lírico
Coral Paulistano
Audiodescrição disponível no dia 5/6 (solicite o recurso na bilheteria)
Classificação: 14 anos
Duração total aproximada: 3 horas e meia (com intervalos)
Nota do Editor: no momento da publicação desse texto, os ingressos já se encontram esgotados para todas as récitas de Aida, segundo consulta à plataforma de vendas do Theatro Municipal de São Paulo.
Foto: Stig de Lavor.