Ópera chega à Zona Oeste do Rio de Janeiro

O Projeto Cidadania Sinfônica Opera Studio – Cortina Lírica se apresenta nesta quarta-feira, 29 de novembro, às 17h, no Teatro Arthur Azevedo, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com ingressos a R$ 5,00. Moradores da Zona Oeste do Rio e criadores do projeto, o regente Rafael Rocha e a soprano Danielle Sardinha se unem em prol da ópera com o objetivo de divulgar, aproximar e, até quem sabe, atrair novos artistas para o gênero. Serão realizadas três apresentações entre a Zona Oeste, o Centro e a Zona Norte da cidade.

Além do objetivo de divulgar o gênero, o programa Cidadania Sinfônica também dá oportunidade para artistas recém-formados na graduação e na pós-graduação das universidades de música. É um celeiro de jovens talentos. “O Opera Studio é também oportunidade de ter contato com profissionais. Os cantores ou saíram recentemente da universidade, ou ainda estão estudando. Nos interessa fazer a ponte constante entre o mundo acadêmico e o universo do mercado de trabalho”, explica Danielle Sardinha.

Por meio do formato Cortina Lírica, o público terá contato com trechos encenados das óperas As Bodas de Fígaro e O Barbeiro de Sevilha, baseadas nas histórias do dramaturgo francês Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, interpretado pelo ator Mário Faini, que de forma descontraída contextualiza a plateia. Esta produção conta com Eliara Puggina, que é pianista co-repetidora na UniRio e tem várias participações em produções operísticas com realização do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, bem como com o baixo Pedro Olivero, integrante do Coro do TMRJ, na direção musical. O ator e diretor cênico Mário Faini, que possui uma vasta experiência atuando em TV, cinema e teatro, também faz a direção cênica do espetáculo. A soprano Danielle Sardinha assume a direção de produção, e a direção artística é de Rafael Rocha.

Quem vê o artista no palco não vê a “correria” que cada um dedica à sua formação. “É necessário um condicionamento de atleta”, afirma a soprano Danielle Sardinha. Além do trabalho técnico peculiar a cada instrumento, incluindo a voz, e do condicionamento físico, no caso do cantor lírico há ainda todo um estudo aprofundado sobre a obra para chegar às escolhas artísticas na construção do personagem. “Uma coisa bacana na ópera é que quando a gente tem composições como as de Mozart e Rossini, por exemplo, muito bem escritas, o temperamento do personagem já vem definido”.

Como explica o regente Rafael Rocha, o programa Cidadania Sinfônica tem por objetivo criar e desenvolver projetos com bases sólidas: “O ‘Cidadania Sinfônica Opera Studio’, é um destes projetos. A proposta é funcionar como uma escola de ópera. Trazer profissionais do mais alto gabarito para estarem juntos com cantores em início de carreira é fundamental. E junto a essa gama de possibilidades que este projeto traz, nós temos como objetivo fomentar produções de recitais, cortinas líricas e óperas pelos palcos de salas de concerto e teatros do Brasil”.

“Uma realidade que nem todo mundo conhece é que a nossa formação como músico, seja instrumentista, como maestro ou cantor, nos exige grande dedicação para desenvolver habilidades que demandam tempo e muita prática. No caso dos cantores, para inserção no mercado de trabalho, essa prática precisa estar em seu currículo. A maioria das produções, quando contrata um cantor lírico em início de carreira ou que ainda não é agenciado para uma ópera, quer saber se ele já cantou determinado papel. Por isso, faz toda a diferença a experiência que o ‘Cidadania Sinfônica Opera Studio’ proporciona”.

Integrantes do projeto

Assim, vários componentes estão entrelaçados no Cidadania Sinfônica. “Criamos o projeto em 2004 quando ainda éramos estudantes de nível básico em música. Nesse início, o Rafael e eu reunimos alguns amigos com muita vontade de tocar e formamos uma banda sinfônica. Na época, eu tocava flauta transversa e ele dava seus primeiros passos como regente. A gente se reunia para ensaiar em locais alternativos como o porão de uma igreja, ou no quintal da casa de um colega, quando dava. Durante algum tempo, realizamos uma residência artística no Teatro Arthur Azevedo. Foi quando entendemos que precisávamos de uma estrutura e nos organizamos como pessoa jurídica. No momento, através de parcerias, temos dois polos em Nova Iguaçu, dois na Tijuca e um em Campo Grande”, complementa Sardinha.

O Cidadania Sinfônica quer atingir pessoas que têm acesso restrito ou nenhum ao conhecimento da música de concerto. “Cada vez mais vamos ampliando a nossa atuação. A próxima etapa é fazer workshops em escolas de Ensino Médio, contextualizando as óperas e a preparação dos artistas durante os ensaios, através de algumas demonstrações com parte do elenco caracterizado. Uma ex-aluna nossa, que integra o coral Madrigal Tijucano, está vindo integrar nossa equipe na produção. A expansão é constante”, finaliza.

Danielle Sardinha

Soprano, mestranda na área de Práticas Interpretativas em Música, com especialização em ópera pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Bacharel em canto lírico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante a sua formação, dedicou-se à Produção Musical e Gerência de Projetos – destacando-se a aprovação no edital “Municipal em Cena”, da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro – junto ao Programa Cidadania Sinfônica/Orquestra Sinfônica Jovem de Campo Grande-RJ. Passou ainda por cursos de capacitação em Gestão Cultural pelo GIFE e pelo Programa Gestores 2021 (Sala Cecília Meireles). Como cantora, participou de produções junto ao Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, à Orquestra Sinfônica da UFRJ e à Associação de Canto e Coral (ACC), em espaços como HSBC Arena, Cidade das Artes entre outros. Também estudou na Escola de Música Villa-Lobos (EMVL), onde adquiriu conhecimentos de regência coral. Em sua carreira como docente, atuou como professora em cursos profissionalizantes na Fundação de apoio à Escola Técnica – Governo do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC).

Rafael Rocha

Rafael Rocha é graduado em Regência Orquestral pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação do Prof. Dr. André Cardoso. Iniciou os seus estudos em música na Fundação de Apoio à Escola Técnica/RJ (FAETEC) e na Escola de Música Villa-Lobos. Responsável por iniciativas culturais como o Programa Cidadania Sinfônica e a Orquestra Sinfônica de Campo Grande – RJ, recebeu por essas realizações moções de honra ao mérito concedida pela Academia Brasileira de Medalhística Militar (ABRAMIL) e pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e ainda o Prêmio de Responsabilidade Social (pela Associação de Imprensa da Barra da Tijuca), Prêmio Expressão Cultural da Coordenadoria Regional de Cultura da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Placa de homenagem da Secretaria de Estado de Cultura e Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro. Possui o título de Comendador da Sociedade Brasileira de Artes, Cultura e Ensino e a medalha Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes (São Paulo – SP).

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Fotos: divulgação.

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