Um dos contos de fadas mais conhecidos do planeta será apresentado em formato de ópera no Theatro São Pedro, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura. Com récitas nos dias 05, 06, 08, 11, 12, 13, 14 e 15 de outubro, Cinderela, de Pauline Viardot (1821-1910), traz a adaptação de uma história que atravessa culturas e segue como fonte de inspiração universal para todas as gerações.
Com pouco mais de uma hora de duração e dividida em três atos, a ópera tem libreto da própria compositora e será realizada em português, com versão de André Dos Santos, orquestração de Juliana Ripke e um elenco de sete cantores. A montagem conta com a direção musical de Priscila Bomfim e concepção cênica de Julianna Santos, que destaca o caráter atemporal do clássico.
“É um tipo de literatura que pode ser infinitamente atualizado, e o mais interessante é essa mobilidade que os contos de fadas trazem. Por isso, eles ainda são tão próximos da gente, tão vivos. A Cinderela tem seus desejos e vontades, e a gente talvez se identifique com os desejos mais íntimos da personagem. É muito interessante quando ela e o príncipe se identificam com os mesmos desejos, o mesmo senso de ter liberdade para ser o que você quer, agir como você quer agir, escolher o que você quer escolher. E o mais bonito é ver essa beleza que existe, essa beleza na simplicidade”, avalia Santos.
Representatividade e processo criativo
Além de apresentar um enredo que oferece encantamento, entretenimento e identificação emocional para as pessoas ao longo do tempo, a montagem promovida pela Santa Marcelina Cultura tem um compromisso com a representatividade, conectando fantasia e realidade em um espetáculo protagonizado por artistas negros: na ópera, a soprano Marly Montoni será Marie/Cinderela e os tenores Jean William e Mar Oliveira viverão o Conde e o Príncipe, respectivamente.
“É muito especial ter esse protagonismo, isso faz toda a diferença e gera uma representatividade incrível para crianças e jovens pretos. É claro que a história ainda bebe na cultura ocidental de ser, mas já é um bom começo. E quem sabe um dia estaremos a contar, em ópera, histórias de príncipes e rainhas africanos?”, ressalta Oliveira.
No papel de Cinderela, Marly Montoni salienta a preferência por construir a personagem através do domínio da música, no processo de preparação para uma ópera. “Sempre busco encontrar alguma similaridade com minha personalidade, para que a personagem possa ser mais real possível. Sobre a montagem, sinto que há o compromisso com a representatividade, já que os personagens principais são afro-brasileiros. Será muito gratificante ver as meninas afrodescendentes podendo sonhar em ser princesas”, observa Montoni.
Adaptação de Pauline Viardot
A versão de Cinderela que vai ao palco do Theatro São Pedro foi composta pela francesa Pauline Viardot e estreou em Paris em 1904, permanecendo relativamente fiel ao conto de fadas de Charles Perrault, que inspirou a obra. Nascida em uma família em que tudo girava em torno da música, Pauline começou a compor ainda menina e teve aulas de canto com os pais, harmonia e contraponto com Anton Reicha, porém seu principal interesse era o piano – inclusive foi aluna de Franz Liszt, que declarou, a respeito de Viardot, que “o mundo finalmente tinha encontrado uma mulher compositora de gênio”.
Após o falecimento da irmã – Maria Malibran (1808-1836), grande diva da ópera no século XIX -, no entanto, Pauline optou por mudar de rumo e se profissionalizou como cantora. Seus maiores sucessos foram em papéis dramáticos, como Fidès em Le Prophète, de Meyerbeer (que foi escrito para ela), e Rachel em La Juive, de Halévy. Além disso, Viardot interpretou o papel-título da ópera Orfeu e Eurídice, de Gluck, e cantou por diversas temporadas na ópera de São Petersburgo, na Rússia.
Paralelamente à sua carreira musical, Pauline se casou com Louis Viardot e estabeleceu um círculo social que incluía importantes figuras culturais da época, como Frédéric Chopin, George Sand, Hector Berlioz, Clara Schumann, Ivan Turgenev, Johannes Brahms, entre outras personalidades artísticas que lhe dedicaram obras musicais e literárias.
Além de dezenas de canções, obras de câmara para violino e piano, e arranjos vocais para peças instrumentais de Chopin, Brahms, Haydn e Schubert, Viardot compôs cinco óperas de salão – sendo Cinderela a última delas. Com danças e canções alegres, a obra está repleta de valsas, mazurcas e polcas. E como uma opéra-comique, mistura canto e diálogos falados, sem fugir das típicas rimas fáceis e irônicas, quase sempre destacadas ritmicamente.
Apresentação no dia das crianças
Dedicada ao público infantojuvenil, a montagem de Cinderela traz uma história de conto de fadas clássica que é amada por crianças e adultos. Além de envolver elementos de magia, romance e transformação, especialmente cativantes ao público jovem, a ópera será apresentada em português, tornando o espetáculo ainda mais acessível para estimular a imaginação das crianças e promover a apreciação das artes cênicas e da ópera. Inclusive, para celebrar o Dia das Crianças, uma das récitas será apresentada em 12 de outubro, em uma experiência cultural marcante e enriquecedora para toda a família.
Transmissão ao vivo
A récita de 13 de outubro, sexta-feira, às 20h, será transmitida ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro: https://www.youtube.com/@TheatroSaoPedroTSP
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THEATRO SÃO PEDRO-SP
TEMPORADA LÍRICA
Cinderela
Ópera em três atos, com música e libreto original de Pauline Viardot (1821-1910) / versão brasileira de André Dos Santos e orquestração de Juliana Ripke
Orquestra do Theatro São Pedro
Priscila Bomfim, direção musical
Julianna Santos, direção cênica
Giorgia Massetani, cenografia
Fábio Retti, iluminação
Fábio Namatame, figurino
Tiça Camargo, visagismo
Elenco:
Marie/Cinderela: Marly Montoni, soprano
O Príncipe: Mar Oliveira, tenor
O Conde: Jean William, tenor
Barão de Pictordu: Johnny França, barítono
Amelinde: Fernanda Nagashima, mezzosoprano
Maguelone: Daiane Scales, soprano
A Fada Madrinha: Maria Sole Gallevi, soprano
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SERVIÇO
Onde: Theatro São Pedro (R. Barra Funda, 171, Barra Funda, São Paulo)
Récitas: 05, 06, 08, 11, 12, 13, 14 e 15 de outubro – de quinta a sábado, às 20h; domingos e feriados, às 17h
Ingressos: Plateia > R$ 100 (R$ 50 meia) / 1º Balcão > R$ 80 (R$ 40 meia) / 2º Balcão > R$ 60 (R$ 30 meia) / ingressos à venda pelo link https://feverup.com/m/129011
Duração aproximada: 1:15h (com intervalo)
Classificação indicativa: livre (recomendado a partir de 8 anos)
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Foto principal: Heloísa Bortz (na foto, Marly Montoni e Mar Oliveira).