Depois de encantar e emocionar o público em 2022, Auto da Compadecida, a Ópera, criada pela Orquestra Ouro Preto a partir de um dos textos mais emblemáticos de Ariano Suassuna, está de volta em 2023, quando chegará a quatro capitais do país. Chicó e João Grilo, personagens centrais desta obra-prima que fizeram sucesso por mais de seis décadas no teatro e no cinema, ressurgem no palco de uma maneira diferente, agora em uma ópera-bufa.
Com música original de Tim Rescala, que assina o libreto com o maestro Rodrigo Toffolo, também responsável pela concepção e direção musical do espetáculo, a turnê de Auto da Compadecida, a Ópera estreia em Belém no dia 23 de maio, no Theatro da Paz, com apresentação também no dia 24. Em junho o espetáculo volta a Belo Horizonte, quando será apresenta nos dias 13 e 14 no Palácio das Artes. Ainda em junho, nos dias 24 e 25, a ópera chega pela primeira vez a Manaus, com apresentações no Teatro Amazonas.
Já em julho, no dia 15, em um feito inédito, a Orquestra Ouro Preto apresentará o espetáculo em plena Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, considerado um dos cartões postais mais famosos do mundo. Na ocasião, o público terá acesso gratuito a uma das principais atrações da formação mineira para a atual temporada.
Com 23 anos de trajetória, essa é a terceira incursão da OOP no universo operístico e a primeira grande produção neste formato, como conta Toffolo: “A ópera é uma arte máxima em que música, teatro, figurino, cenário e iluminação se encontram. Era um sonho antigo da orquestra começar a realizar produções de óperas. Já fizemos duas, ambas em português, ‘O Basculho de Chaminé’ e ‘O Grande Governador da Ilha dos Lagartos’, projetos pioneiros que nos deram sustentação para caminhar para um desafio ainda mais inovador, mais audacioso e de grande fôlego. ‘Auto da Compadecida’ é a nossa primeira grande ópera, totalmente original”.
Para a nova turnê, o maestro espera repetir o sucesso do ano anterior: “Estreamos em 2022 e o resultado foi extremamente positivo. Agora iremos apresentá-la em outras regiões do país e vamos encerrar a turnê com uma apresentação gratuita, em um espaço público da cidade do Rio de Janeiro, para que a obra alcance um público ainda maior”.
A montagem
O diálogo direto com o público, um dos pilares da produção da Orquestra, está garantido nessa ópera que traz a comédia como elemento principal de sua linguagem. Para cumprir essa missão, formou-se um grande elenco em cena e nos bastidores da montagem. No palco, grandes nomes do canto lírico brasileiro – Fernando Portari, Marília Vargas, Marcelo Coutinho, Carla Rizzi, Jabez Lima e Rafael Siano, além de uma trupe de atores escolhidos para dar voz e corpo ao clássico da literatura brasileira – Glicério do Rosário, Léo Quintão, Claudio Dias, Marcelo Veronez e Maurício Tizumba. A direção de cena é assinada por Chico Pelúcio.
Para abrilhantar ainda mais a produção, trazendo para o palco as raízes da obra de Ariano, o espetáculo conta com figurinos desenhados por Manuel Dantas Suassuna, artista plástico de renome e filho do escritor. Essa parceria traz ainda um maior enraizamento à montagem, agregando o olhar e a criação de quem nasceu, viveu, conhece e reconhece este universo como poucos.
A ideia de trabalhar o texto, escrito em 1955 por Suassuna, surgiu do desejo do maestro de ver em cena uma ópera-bufa brasileira capaz de fazer rir e emocionar. “As grandes óperas brasileiras geralmente são cantadas em italiano, então existia essa nossa vontade de ter uma ópera na nossa língua materna”, explica. “A partir daí a gente foi buscar na literatura o que seria esse texto, e o encontro com o ‘Auto da Compadecida’ foi quase que imediato. É uma obra-prima da dramaturgia brasileira, extremamente teatral e operística”, acrescenta.
Avançar com este projeto, no entanto, significou adaptar um clássico da dramaturgia já consolidado no imaginário popular brasileiro, o que é em si um desafio que impõe riscos. Nesse sentido, Tim Rescala diz que “é preciso sempre respeitar a espinha dorsal da obra original”. O compositor revelou que, para alcançar o resultado desejado, a ideia foi criar uma obra derivada, “digamos assim, uma nova obra, porque a linguagem é completamente diferente. E nesse caso, trata-se de cantar uma história, não simplesmente de contá-la, e sobretudo num ritmo diferente que é o ritmo musical. Quando se canta uma cena, ela tem uma duração e um ritmo interno totalmente diferentes de um texto falado. Então o desafio inicial é esse e, evidentemente, o outro é criar uma coisa nova, mas ao mesmo tempo respeitando a espinha dorsal. E eu acho que a gente conseguiu isso com o Auto da Compadecida”, avalia o compositor e arranjador.
Ao encontro da excelência que conduziu Toffolo e Rescala a uma grande ópera, foi também a visão do diretor de arte Luiz Abreu, que se viu diante de novos desafios, mesmo após tantos anos trabalhando com grandes espetáculos. “Uma ópera é concebida como uma ‘arte completa’. Em palco, a justaposição de figurinos, cenários, dramaturgia, iluminação, engenharia de som e outros tantos itens devem elevar a música à quintessência. E essa composição, para ser feita com excelência, exige um alto nível de dedicação e atenção”, conta Abreu, que também é diretor de marca da Ouro Preto.
SERVIÇO
Turnê Auto da Compadecida, a Ópera
Belém
Quando: 23 e 24 de maio (terça e quarta-feira)
Horário: 20:30h
Onde: Theatro da Paz | Praça da República | Rua da Paz, s/n, Centro, Belém-PA
Ingressos
Belo Horizonte
Quando: 13 e 14 de junho (terça e quarta-feira)
Horário: 20:30h
Onde: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte-MG
Ingressos
Manaus
Quando: 24 e 25 de junho (sábado e domingo)
Horário: 20:30h
Onde: Teatro Amazonas | Largo de São Sebastião, Centro, Manaus-AM
Ingressos
Rio de Janeiro
Quando: 15 de julho (sábado)
Horário: 17:30h
Onde: Praia de Copacabana (na altura do Posto 2)
Entrada gratuita
Foto: Rapha Garcia.