Orquestra Ouro Preto faz duas apresentações no TMRJ

Neste final do mês de agosto, a formação mineira Orquestra Ouro Preto, uma das mais prestigiadas do país, estará de volta às terras cariocas, agora no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No dia 28, ao lado do multiartista Antonio Nóbrega, a OOP apresentará, pela primeira vez na cidade, o espetáculo Tirando a Casaca, fazendo o encontro entre o erudito e o popular. Já no dia 29, considerado uma síntese da excelência, ousadia e versatilidade que marcam a orquestra, será apresentado o  tributo The Beatles.

Tirando a Casada

Com regência do maestro Rodrigo Toffolo, o concerto convida o público a um mergulho profundo nas raízes musicais brasileiras, a partir de obras que viajam entre o frevo, o maracatu e outros ritmos nordestinos, com um repertório que reverencia a obra de Nóbrega e de compositores que fizeram parte do Movimento Armorial, unindo a dança, a voz e a orquestração. A união entre esses universos resulta em releituras inéditas de peças como Mateus Embaixador, Canjiquinha, Despedida, Tirando a Casaca e tantas outras.

É um dos movimentos musicais mais complexos, mais incríveis que esse país já produziu, nessa tentativa mágica de ter um Brasil mais brasileiro, que deixou marcas profundas na arte brasileira, em mim, e no trabalho da Orquestra Ouro Preto. É sempre muito bom rever esse repertório, é sempre muito bom estar junto com o Nóbrega, que, neste concerto, não só toca violino junto com a orquestra, mas dança e canta vários clássicos”, adianta o maestro Rodrigo Toffolo.

Instrumentista, cantor, dançarino, ator e compositor, Nóbrega tem a sua obra em consonância com diversos aspectos da cultura do país. Chamado por Ariano Suassuna a integrar o Quinteto Armorial (1971), Nóbrega é um marco na música brasileira, responsável por inserir um novo modo de conceber e de tratar os sons, focado na busca pelas raízes da música genuinamente nacional, quebrando qualquer barreira entre a música e a arte que se materializava nas salas de espetáculos e a que brota da tradição e do talento do povo.

Graças ao seu envolvimento com o universo da cultura popular brasileira, Antonio Nóbrega desenvolveu estilo próprio de criação em campos como as artes cênicas e a música, tendo criado espetáculos como Lunário Perpétuo, A Bandeira do Divino, A Arte da Cantoria, O Maracatu Misterioso e O Reino do Meio-Dia.

“A presença desses universos na minha vida foi de tal forma que influenciou não só meu fazer artístico, mas também minha visão de mundo, minha forma de pensar. Está tudo contaminado com o mundo cultural popular”, explica Nóbrega.

Assim como o artista pernambucano, a Orquestra Ouro Preto vem ao longo de sua trajetória quebrando as barreiras que colocam música de concerto e popular em lados opostos, sempre apoiada na excelência e na versatilidade. “Quando a Orquestra incorpora pandeiro, instrumentos de percussão, como faz nesse espetáculo, ou quando toco um bandolim e canto músicas ritmadas a partir de uma ciranda ou um maracatu, e esse universo é apresentado com uma orquestra, estamos celebrando esse conluio, esse casamento”, garante Nóbrega.

Antonio Nóbrega

Antonio Nóbrega nasceu em Recife, Pernambuco, em 1952. Sua iniciação artística se deu através do violino, instrumento que sempre o acompanhou em suas diversas atividades artísticas. Entre 1968 e 1970, já participava da Orquestra de Câmara da Paraíba e da Orquestra Sinfônica do Recife. Em 1971 foi convidado por Ariano Suassuna para integrar o Quinteto Armorial, grupo precursor na criação de uma música de câmara brasileira de raízes populares. Fruto do seu envolvimento com o universo da cultura popular brasileira, a partir de 1976 começou a desenvolver um estilo próprio de criação em artes cênicas e música. É detentor de inúmeros prêmios, entre os quais o Tim de Música, Shell de teatro, Mambembe, APCA, Conrado Wessel, entre outros. Recebeu por duas vezes a Comenda do Mérito Cultural.

Tem se apresentado por inúmeros países, entre eles Portugal, Alemanha, Estados Unidos, Cuba, Rússia e França.  Com sua mulher, Rosane Almeida, idealizou e dirige, em São Paulo, o Instituto Brincante, local de cursos, apresentações, oficinas e mostras.

The Beatles

Aclamado por público e crítica por todo Brasil, o tributo da Orquestra nasceu de uma combinação inusitada: a união, em um mesmo palco, de uma formação de cordas e uma banda de rock. Essa mistura irreverente rendeu dois tributos da formação mineira, proporcionando à plateia um verdadeiro mergulho na obra da banda comandada por John Lennon e Paul McCartney.

E o reconhecimento foi além das fronteiras do país, sendo celebrado com aplausos efusivos também na Inglaterra, quando foi apresentado na International Beatle Week, em Liverpool, em três elogiados concertos que tornaram a Orquestra a primeira do mundo a participar do tradicional evento destinado a beatlemaníacos de todo o planeta.

O repertório do concerto abrange todo o período de produção artística do quarteto inglês, com verdadeiros clássicos no repertório, como Let It Be, Hey Jude, Don’t Let Me Down, entre outros verdadeiros hinos do quarteto que encantou o mundo e mudou para sempre a história da música do século XX.

“Os clássicos são assim. Você passa a vida inteira lendo Guimarães Rosa e ouvindo Beethoven. E os Beatles já fazem parte disso. É o poder da música quando se trata de um clássico: todo mundo quer ouvir sempre. E, a cada vez, é uma experiência diferente”, analisa o maestro Toffolo.

Orquestra Ouro Preto

Uma das mais prestigiadas formações orquestrais do país, a Orquestra Ouro Preto tem como diretor artístico e regente titular o maestro Rodrigo Toffolo. Premiado nacionalmente, o grupo vem se apresentando nas principais salas de concerto do Brasil e do mundo. Seu trabalho ousado e plural é reconhecido com importantes premiações nacionais e aplausos efusivos do público nas salas e casas de espetáculo por onde passa.

Criada em 2000, a Orquestra Ouro Preto tem atuação marcada pelo experimentalismo e ineditismo, sob os signos da excelência e da versatilidade. Possui diversos trabalhos registrados em CD e DVD: Latinidade (2007), Oito Estações – Vivaldi e Piazzolla (2013), Valencianas: Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto (2014), Antonio Vivaldi – Concerto para Cordas (2015), Orquestra Ouro Preto – The Beatles (2015), Latinidade: Música para as Américas (2016), Música para Cinema (2017), O Pequeno Príncipe (2018), Suíte Masai (2019), Quem Perguntou Por Mim: Fernando Brant e Milton Nascimento (2019), Gênesis – João Bosco e Orquestra Ouro Preto (2022), Valencianas II: Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto (2022), Orquestra Ouro Preto: Haydn & Mozart (2023), Orquestra Ouro Preto: A-Ha (2023), Orquestra Ouro Preto: Vander Lee – No Balanço do Balaio (2024) e Rotorquestra de Liquidificafu: Pato Fu e Orquestra Ouro Preto (2024).


Tirando a Casaca: Antonio Nóbrega e Orquestra Ouro Preto

Quando: 28 de agosto, quarta-feira, às 19h
Onde: Theatro Municipal (Praça Floriano, S/N, Centro, Rio de Janeiro)
Ingressos: no site ou na bilheteria do teatro
Informações: Orquestra Ouro Preto

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Orquestra Ouro Preto: The Beatles

Quando: 29 de agosto de 2024, quinta-feira, às 19h
Onde: Theatro Municipal (Praça Floriano, S/N, Centro, Rio de Janeiro)
Ingressos: no site ou na bilheteria do teatro
Informações: Orquestra Ouro Preto


Foto: Íris Zanetti.