Orquestra Sinfônica Brasileira comemora 82 anos

Em 17 de agosto de 1940 era fundada a Orquestra Sinfônica Brasileira. 82 anos depois, o grupo, que se sustenta na posição de orquestra mais tradicional do país, sobe ao palco da Grande Sala da Cidade das Artes Bibi Ferreira para celebrar a data. No programa, obras dos brasileiros José Siqueira e João Guilherme Ripper e do inglês Gustav Holst. A condução estará a cargo do maestro convidado Stefan Geiger.

Além de ter sido um acadêmico respeitado e compositor de um vastíssimo catálogo – que inclui desde peças para instrumentos solo até a música de câmara, sinfonias, oratórios e óperas – o maestro José Siqueira foi o fundador da Orquestra Sinfônica Brasileira. Nada mais apropriado, portanto, do que abrir esta celebração musical com uma de suas composições. A Abertura Festiva, que será ouvida, é uma obra entusiasmante extraída da cantata Festas Natalinas do Nordeste.  De orquestração bastante arrojada e cheia de efeitos, texturas e cores surpreendentes, a abertura incorpora ritmos e escalas nordestinas, exibindo toda a paixão que o compositor tinha pelo folclore do seu estado (Paraíba).

O programa segue com mais uma obra extasiante, agora do compositor contemporâneo brasileiro João Guilherme RipperJogos Sinfônicos é uma espécie de concerto em que os naipes orquestrais ganham tratamento apurado e atuam como solistas. A peça foi composta por ocasião dos Jogos Olímpicos de 2016 e, naturalmente, encontra no esporte a inspiração maior que lhe serve de motor. São três os movimentos: o primeiro, Distância, evoca musicalmente a resistência dos maratonistas e começa com toda a orquestra apresentando o chamado motivo da abertura, que retornará no final da peça.  Em Velas, a referência poética são os esportes aquáticos praticados em estreito contato com a natureza. Expressivo e marcante, o bloco é inteiramente baseado em um único tema construído sobre a escala cromática. No ritmado Drible, acentos deslocados, deslocamentos rítmicos e compassos alternados recriam sonoramente a jinga e o jogo de corpo, concluindo a peça em clima de celebração.

Se o esporte é o grande tema de Jogos Sinfônicos, na peça que a OSB apresenta em seguida a inspiração se encontra na astrologia e na mitologia. Os Planetas, do compositor inglês Gustav Holst, é uma arrebatadora suíte orquestral para grande orquestra. A obra é uma das mais conhecidas do compositor e esbanja inventividade, sofisticação orquestral e força criativa. São sete os movimentos e cada um leva o nome de um planeta e um epíteto em referência a um deus romano: o primeiro, Marte, o Portador da Guerra, é uma portentosa e ameaçadora marcha de guerra que contrasta radicalmente com a seção seguinte, a tranquila e sugestiva Vênus, a Portadora da Paz. Mercúrio, o Mensageiro Alado, por sua vez, é um vibrante scherzo orquestral de matizes impressionistas. Em Júpiter, o portador da alegria, Holst homenageia seu país natal com melodias de caráter inglês. Saturno, o portador da velhice era o movimento favorito do compositor e certamente o de maior teor trágico da suíte. Urano, o Mago é uma dança galopante que apropriadamente evoca a atmosfera de O Aprendiz de Feiticeiro, de Dukas. Por fim, concluindo essa ambiciosa composição, entra em cena Netuno, o Místico, rico em passagens misteriosas e vaporosas dissonâncias.

OSB

Fundada em 1940, a Orquestra Sinfônica Brasileira é considerada um dos conjuntos sinfônicos mais importantes do país. Em seus 82 anos de trajetória ininterrupta, a OSB já realizou mais de cinco mil concertos e é reconhecida pelo pioneirismo de suas ações, tendo sido a primeira orquestra a realizar turnês pelo Brasil e exterior, apresentações ao ar livre e projetos de formação de plateia.

Composta atualmente por mais de 70 músicos brasileiros e estrangeiros, a OSB contempla uma programação regular de concertos, apresentações especiais e ações educativas, além de um amplo projeto de responsabilidade social e democratização de acesso à cultura.

Stefan Geiger

Nascido em uma família de músicos, aos cinco anos começou a tocar piano, violino, bateria e trombone. Após seus estudos apoiados pela Fundação Acadêmica Alemã Studienstiftung des deutschen Volkes, tornou-se trombonista solo na Bayrische Staatsoper, de Munique. Mais tarde, ocupou o mesmo cargo na NDR Elbphilharmonic Orchestra Hamburg.

Após seus estudos de regência, foi assistente de Christoph Eschenbach, Valery Gergiev e Christoph von Dohnanyi, e logo se tornou diretor artístico do Landesjugendorchester Bremen. Entre 2002 e 2007, dirigiu a Orquestra HFK de Bremen (Hochschule für Kunste Bremen).

Geiger dirigiu inúmeras orquestras, incluindo a do Festival Schleswig-Holstein, Ensemble Resonanz, Würzburger Philharmonikern, Nürnberger Symphonikern, Deutsche Kammerphilharmonie Bremen, Württembergische Philharmonie, Orquestra Filarmônica Estado da Transilvânia, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Banater Philharmonie, Orquestra da Rádio Romena, Orquestra Sinfônica da Bahia, Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo na Sala São Paulo, e Filarmônica de Buenos Aires.

Dos muitos sucessos com a Orquestra Sinfônica do Paraná e como diretor geral musical no Teatro Guaíra, em Curitiba, ele se orgulha particularmente de suas apresentações no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Os destaques recentes de Geiger incluem retornos à Elbphilharmonie; estreia no Rio de Janeiro com a Orquestra Sinfônica Brasileira; Volkstheater de Rostock; NDR Radio Philharmonie Hannover; Oulu Symphony na Finlândia e Orquestra Sinfônica de Jerusalém.

PROGRAMA

José Siqueira

Abertura Festiva (Festas Natalinas do Nordeste)

João Guilherme Ripper

Jogos Sinfônicos
Distâncias
– Velas
– Dribles

Gustav Holst

Os Planetas
Marte, o Portador da Guerra – Allegro
– Vênus, o Portador da Paz – Adágio
– Mercúrio, o Mensageiro Alado – Vivacidade
– Júpiter, o portador da alegria – Allegro giocoso
– Saturno, o portador da velhice – Adágio
– Urano, o Mago – Allegro
– Netuno, o Místico – Andante Allegretto

Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) – Concerto Especial de Aniversário

Stefan Geiger, regente

Cidade das Artes – Grande Sala
Quarta-feira, 17 de agosto, 19:30h

Ingressos a R$ 70,00 (R$ 35,00 meia-entrada) na bilheteria da Cidade das Artes ou no site Sympla

Foto: divulgação.