Orquestra Sinfônica Municipal homenageia Maria Callas

Ela foi uma das maiores cantoras do século XX (e para muita gente, A maior), grande expoente do bel canto e reconhecida pelas extensão, expressividade e precisão técnica da sua voz e de suas interpretações. Maria Callas entrou para a história da música e dos palcos. A soprano será homenageada em seu centenário de nascimento no palco do Theatro Municipal de São Paulo nos próximos dias 08 e 09 de dezembro, sexta e sábado, na Sala de Espetáculos, tendo as interpretações das principais árias de óperas que interpretou, como Tosca, La Traviata, Carmen, dentre outras, apresentadas pelas sopranos Camila ProvenzaleEiko Senda e Rosana Lamosa junto à Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência de Roberto Minczuk.

bel canto é um estilo de cantar em que se destacam a beleza sonora e o virtuosismo da técnica dos intérpretes da tradição vocal italiana que se firmou nos séculos XVIII e XIX. O período compreende historicamente alguns expoentes da ópera italiana, como Rossini, Bellini e Donizetti. Esses e outros compositores estarão presentes na seleção de onze árias que serão apresentadas nos concertos de cerca de 70 minutos de duração, com classificação livre e ingressos que vão de R$ 12 a R$ 64.

Segundo Rosana Lamosa, Maria Callas sempre foi uma referência muito forte de uma cantora belcantista. “Como ‘La Sonnambula’ (Bellini) ou ‘Lucia di Lammermoor’ (Donizetti), dois papéis que já cantei e que para mim foram muito especiais, ela é uma referência. Embora seja vista como uma cantora com muita variedade em termos de repertório, acho que era uma intérprete do repertório belcantista sem igual. Ela marcou muito minha formação nesse sentido. Eu sempre a escutei e admirava muito o carinho com a articulação de cada palavra, de cada sílaba. A importância que ela dava às vezes a uma consoante do texto, o cuidado no mínimo detalhe na sua interpretação. Sem falar que era uma grande atriz”, diz.

A força dramática da diva também é marcada na memória de suas intérpretes. “Foi uma mudança de comportamento teatral na ópera quando ela impôs essa dramaticidade sobre o canto em si, ela não tinha pudor em fazer uma nota não tão bonita se ela tivesse uma proposta dramática que merecesse essa interpretação. Ela não tinha pudor porque era uma artista e, como diz a ária da atriz da ópera ‘Adriana Lecouvreur’, que vou cantar nesse espetáculo, ela ‘é uma humilde serva do espírito criador’. Eu acho que a Callas, na sua trajetória, sempre espelhou isso, apesar de ser vista como diva e personalidade que ultrapassou o universo da ópera. Ela servia à música e ao compositor. Eu acho que essa ária espelha e retrata muito a personalidade dela, que fez isso com uma beleza e personalidade incomparável”, completa Lamosa.

Para Eiko Senda, soprano que protagonizou recentemente a temporada de O Navio Fantasma na casa, Callas é uma referência. “Quando tenho dúvidas sobre fraseados, respirações, produções e cores interpretativas, sempre volto para ela. Não posso cantar como ela, pois temos bagagens de vida distintas, claro, mas sempre busco um aperfeiçoamento como o dela”, diz, e destaca a ária La mamma morta, da ópera Andrea Chénier, pela qual guarda especial afeição. “Durante a pandemia todos perdemos pessoas queridas, eu inclusive perdi muitos. Me senti sozinha pela primeira vez na vida e, sem cantar, repensei muito minha carreira. Mas esta ária milhões de vezes me deu força para retomar o ânimo e não deixar de fazer música”, conta a cantora nascida no Japão que vive entre o Brasil e o Uruguai.

Para Camila Provenzale, Callas é imortal e transcendeu as fronteiras da ópera. “Callas provou que uma cantora pode ser uma artista completa, não apenas uma voz, mas uma força emotiva e poderosa no palco. Ela abriu caminho para que artistas como eu explorassem as profundezas emocionais de cada um dos papéis que a gente interpreta no palco, buscando sempre a verdade e a paixão em cada performance”, afirma. “A gente celebra não apenas a artista, mas a mulher que desafiou convenções e elevou a ópera a novos patamares. Seu espírito e sua arte continuam vivos”, conclui.

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PROGRAMA

Orquestra Sinfônica Municipal

Roberto Minczuk, regência
Camila Provenzale, soprano
Eiko Senda, soprano
Rosana Lamosa, soprano

Vincenzo Bellini
Norma – Casta diva

Giuseppe Verdi
La Traviata – È strano / Fors’è lui / Sempre libera

Amilcare Ponchielli
La GiocondaSuicidio

Giacomo Puccini
Madama ButterflyUn bel dì vedremo

Umberto Giordano
Andrea Chénier – La mamma morta

Vincenzo Bellini
La SonnambulaAh, non credea mirarti

Gaetano Donizetti
Anna BolenaAl dolce guidami

Francesco Cilea
Adriana LecouvreurEcco, respiro appena

Giuseppe Verdi
MacbethLa luce langue

Giacomo Puccini
ToscaVissi d’arte

Gaspare Spontini
La VestaleTu che invoco con orrore

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SERVIÇO

Quando: 08 e 09 de dezembro, sábado e domingo, às 20h e às 17h, respectivamente
Onde: Theatro Municipal de São Paulo
Duração: 70 minutos
Classificação: livre para todos os públicos
Ingressos: de R$ 12 a R$ 64 (inteira)

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Foto: internet.

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