Em 2022, a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) levou aos palcos uma temporada que teve a força das águas como fio condutor. Águas que alimentaram os frutos que serão colhidos na Temporada 2023 – a Temporada Terra. O ciclo, que busca inspiração nas fronteiras como espaços de somas, encontros e conexões, terá início com concertos nos dias 03 e 04 de março, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Os 80 anos dos Concertos para a Juventude, a ampliação do Conexões Musicais e o retorno da OSB Jovem são alguns dos destaques do ano.
Seja no palco ou nos bastidores, no plano da performance ou no universo da criação, cada vez mais as mulheres estão brilhando no ecossistema musical. No concerto inaugural da Temporada 2023, que oportunamente acontece no mês de março, a Orquestra Sinfônica Brasileira celebra a presença das mulheres na música. O programa começa com Sem Fronteiras, uma peça orquestral de Clarice Assad, uma das compositoras mais versáteis e singulares de sua geração. Em seguida, a premiada pianista Lígia Moreno executa o apoteótico Concerto nº 3, de Rachmaninoff. A apresentação se encerra com Sheherazade, de Rimsky-Korsakov, obra inspirada na fantástica rainha persa e narradora dos contos de As Mil e Uma Noites. Quem assume a regência do programa é Mariana Menezes, uma das mais jovens regentes em destaque no atual cenário musical brasileiro.
Temporada Terra levará 60 concertos ao Theatro Municipal, à Cidade das Artes e à Sala Cecília Meireles
O mergulho na cultura popular, saberes e tradições do país, promovido pela Orquestra Sinfônica Brasileira nos últimos anos, dá o tom do ciclo de 2023. A Temporada Terra | Naãne levará aos palcos concertos repletos de obras que fazem referência à terra como local de pertencimento, origem, inspiração, sons e sotaques musicais. “É das riquezas e potências culturais do Brasil que nasce a inspiração para a temporada que se inicia. Por não possuirmos uma sede artística própria, itineramos com nosso fazer artístico e educacional entre diferentes palcos e territórios plurais a cada ano. Somos um organismo que rompe barreiras, limites e dialoga transversalmente com o país, de norte a sul. E esses mergulhos nos inspiram e transformam diariamente”, explica a vice-presidente executiva da Fundação OSB, Ana Flávia Cabral Souza Leite.
Para homenagear os povos originários, a OSB toma emprestada a palavra “naãne”, que significa “terra” na língua indígena Tikuna. As séries que compõem o ciclo 2023 prestarão a mesma homenagem, que contou com a colaboração da artista indígena Weena Tikuna na curadoria das línguas indígenas.
Os concertos estarão agrupados em cinco séries temáticas: Série Terra, Série Pianistas Rachmaninoff 150 Anos, Série Mundo, Série Músicos da OSB e Série Concertos para a Juventude. No ciclo que leva o nome da temporada, os concertos contarão com obras ligadas à origem do intérprete ou do compositor, ou à narrativa que o autor utiliza na peça. A Sinfonia nº 6 “Pastoral”, de Beethoven, que narra musicalmente a paisagem dos campos alemães, e o Concerto para Piano, de Edvarg Grieg, com suas referências à paisagem escandinava, são momentos da programação que remetem ao mote da Série Terra. Uma verdadeira síntese musical do conceito da temporada que reunirá nomes como dos brasileiros Leonardo Hilsdorf (piano), Daniel Guedes (regência) e Fábio Presgrave (violoncelo).
As riquezas musicais de diferentes nações estarão em destaque na Série Mundo. Em 2023, o ciclo, que conta com o patrocínio do Bradesco, lançará luz sobre as riquezas musicais de cinco países: Azerbaijão, Itália, Espanha, Coreia do Sul e Índia. As apresentações contarão com convidados e/ou repertórios que celebram musicalmente cada uma das nações. Os maestros Yalchin Adigezalov (Azerbaijão) e Ignacio Garcia Vidal (Espanha), os pianistas brasileiros Cristian Budu e Linda Bustani e o violinista italiano Domenico Nordio são alguns nomes confirmados.
Regente talentoso, pianista formidável e compositor extraordinário, o russo Sergei Rachmaninoff foi um dos mais instigantes nomes do Romantismo tardio. Em 2023, a Série Pianistas celebra os 150 anos do seu nascimento, trazendo à cena um panorama da sua obra. Sob regência do maestro Claudio Cruz, a pianista Olga Kopylova abre o ciclo, apresentando o que é considerado o menos conhecido do que seus demais ensaios do gênero: o Concerto para Piano e Orquestra nº 4. Ao longo do ano, outros nomes, como Fabio Martino e Ira Levin, passarão pela programação da série.
Os instrumentistas da Orquestra Sinfônica Brasileira estarão em evidência nos concertos da Série Músicos da OSB. No ciclo, que joga luz sobre as individualidades artísticas dos músicos da orquestra, colocando-os na posição de solistas, grupos de câmara e ensembles camerísticos realizarão apresentações para o público.
Os regentes Simone Menezes e Stefan Geiger e os solistas Guido Santana, Antônio Menezes e Emmanuele Baldini também abrilhantam a programação. 2023 é um ano de muitas efemérides e a Temporada Terra da Orquestra Sinfônica Brasileira vai celebrar a obra de importantes compositores: Ronaldo Miranda, por seus 75 anos de vida; Sergei Rachmaninoff e Max Reger, por seus 150 anos de nascimento; e Almeida Prado, que nasceu há 80 anos.
Ao longo do ano, a OSB marcará presença, também, na Temporada da Sala Cecília Meireles, no Festival Internacional de Piano do Rio de Janeiro e em mais uma edição do Projeto Aquarius, retomado em 2022.
80 anos dos Concertos para a Juventude serão celebrados em 2023
Em abril de 1943, a Orquestra Sinfônica Brasileira deu início a um dos projetos que se tornaram um dos maiores feitos de sua história: os Concertos para a Juventude. As apresentações de caráter didático com entrada a preços populares são sucesso de público desde então, cumprindo um papel de ampliação de plateia e democratização do acesso à música de concerto. O bem sucedido formato chegou a ser televisionado pela TV Globo ao longo de 19 anos, mais especificamente entre 1965 e 1984. Em 2023, para celebrar os 80 anos de grandes e emocionantes encontros com o público, as 20 apresentações terão lugar de destaque na programação. “Os concertos para a juventude são um verdadeiro símbolo da Orquestra Sinfônica Brasileira. Rechear os teatros e salas de concertos com famílias inteiras, crianças, jovens, pais, avós, é sinônimo de alegria em torno da fruição da música de concerto, de modo leve, simples e acessível a todos. Ao longo de 80 anos, o projeto formou gerações de ouvintes atentos, e queremos formar novas gerações de espectadores”, explica Ana Flávia.
Inclusão social e diversidade dão o tom do retorno da OSB Jovem
Outro grande orgulho da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira estará de volta em 2023. Extinta em 2012, a OSB Jovem já renasce grande e com apresentação da Shell: serão 50 vagas para jovens músicos em busca de desenvolvimento musical, prática orquestral e perspectiva de carreira. O edital será lançado em março, e as audições estão previstas para o mês de abril. A seleção levará em conta critérios de diversidade e inclusão social, e a orquestra, que terá programação própria, estará de volta aos palcos a partir de junho.
Com o retorno da OSB Jovem, a Orquestra Sinfônica Brasileira reafirma o seu compromisso com a educação musical, presente em tantos outros projetos da instituição. “Nosso objetivo é apoiar a renovação do cenário musical do Brasil, oferecendo a estrutura necessária para uma experiência completa de formação de jovens músicos. Um espaço no qual eles poderão aperfeiçoar técnica instrumental, ampliar repertório e receber mentoria de alguns dos maiores músicos do país. Queremos abrir as portas da OSB para uma nova geração mais diversa e democrática”, explica Ana Flávia.
Os integrantes serão selecionados por meio de audições que contarão com critérios específicos complementares, como renda familiar, gênero, autodeclaração de raça, entre outros, para escolha do efetivo por meio de banca especializada.
Música e Educação – Um 2023 com muito mais Conexões Musicais
Criado em 2017, o Conexões Musicais é o projeto de responsabilidade social da Orquestra Sinfônica Brasileira e tem como objetivo criar uma rede de interação em diversas localidades do país, promovendo transformação social por meio do acesso à cultura e à educação musical. O projeto está alinhado com as práticas ESG (do inglês environmental, social, and corporate governance – meio ambiente, social e governança corporativa) e se relaciona com alguns dos ODS (objetivos de desenvolvimento sustentável nas ações e diretrizes da Agenda 2030).
Ao longo dos anos, o programa foi sendo consolidado e ampliado, ganhando frentes que extrapolam o conceito original, que previa aulas de instrumentos e realizações de concertos em localidades remotas. Em 2022, nasceram duas modalidades de atividades que serão mantidas nesta temporada: as aulas de canto coral em escolas públicas da Baixada Fluminense e o programa de residência artística, no qual jovens músicos de diversas localidades do país vivem a rotina da orquestra durante seis meses, no Rio de Janeiro, participando dos ensaios, tocando junto com os instrumentistas da OSB e recebendo mentoria.
Em 2023, ao todo, o projeto realiza parcerias com 16 polos de educação musical Brasil afora, com atividades em seis estados (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará e Amazonas) e 13 municípios.
Uma das maiores novidades de 2023 fica por conta do lançamento da Incubadora Conexões Musicais. O objetivo é oferecer suporte a pequenos projetos sociais da região da Baixada Fluminense, para que eles se formalizem, e seus gestores se capacitem nas mais diversas áreas: administrativa, financeira, comunicação, entre outras. O programa se dará em diversas etapas distribuídas entre aulas teóricas, mentorias individuais e em grupo e banca de pitching, para que eles possam captar os seus próprios patrocínios. A OSB colocará a experiência do seu efetivo em campo para capacitar produtores culturais locais em busca da sustentabilidade dos seus projetos.
A incubadora contará com um suporte de peso, pois será parte de um field project realizado dentro do Núcleo de Prática Jurídica da FGV-Rio, buscando repetir uma bem sucedida experiência realizada em 2020 em parceria com a instituição, que resultou no registro da OSB como patrimônio cultural imaterial pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O projeto de campo será capitaneado por Ana Flávia Cabral Souza Leite, vice-presidente executiva da FOSB.
Mais de 30 municípios de sete estados brasileiros já receberam as ações do projeto Conexões Musicais, e mais de 7000 horas de atividades educacionais foram oferecidas desde a sua fundação, atingindo um total de 3500 alunos. Agora, o projeto amplia suas redes e chega também ao estado do Amazonas, ampliando um importante diálogo com a região norte do país, iniciado no estado do Pará.
Abertura da Temporada 2023 – Mulheres na Música
Mariana Menezes, regência
Ligia Moreno, piano
PROGRAMA
Clarice Assad
Sem Fronteiras
Sergei Rachmaninoff
Concerto para Piano nº 3 em ré menor
– Allegro ma non tanto
– Intermezzo
– Finale
Nicolai Rimsky-Korsakov
Sheherazade, Op. 35
– O mar e o navio de Simbad
– O canto do Príncipe Lalender
– O jovem Príncipe e a jovem Princesa
– Festival de Bagdá – O mar – O naufrágio do barco nas rochas
SERVIÇO
Abertura da Temporada 2023 – Mulheres na Música
Dia 03 de março (sexta-feira), às 19h
Dia 04 de março (sábado), às 17h
Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Praça Floriano, s/nº – Centro, Rio de Janeiro)
Ingressos:
Frisa/Camarote – R$ 80,00 (R$ 40,00 meia)
Plateia/Balcão Nobre – R$ 80,00 (R$ 40,00 meia)
Balcão Superior – R$ 50,00 (R$ 25,00 meia)
Balcão Superior Lateral – R$ 40,00 (R$ 20,00 meia)
Galeria – R$ 30,00 (R$ 15,00 meia)
Galeria Lateral – R$ 20,00 (R$ 10,00 meia)
Ingressos à venda na bilheteria do TMRJ e no site Eleven Tickets
Orquestra Sinfônica Brasileira
Fundada em 1940, a Orquestra Sinfônica Brasileira é reconhecida como um dos conjuntos sinfônicos mais importantes do país. Em seus 82 anos de trajetória ininterrupta, a OSB já realizou mais de cinco mil concertos e é reconhecida pelo pioneirismo de suas ações, tendo sido a primeira orquestra a realizar turnês pelo Brasil e exterior, apresentações ao ar livre e projetos de formação de plateia.
Composta atualmente por mais de 70 músicos brasileiros e estrangeiros, a OSB contempla uma programação regular de concertos, apresentações especiais e ações educativas, além de um amplo projeto de responsabilidade social e democratização de acesso à cultura.
Para viabilizar as suas atividades, a Fundação conta com a Lei Federal de Incentivo à Cultura, tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Shell e a NTS – Nova Transportadora do Sudeste como patrocinadores master, Brookfield e Eletrobras Furnas como patrocinadores, Sergio Bermudes Advogados e SulAmérica como copatrocinadores, além de um conjunto de apoiadores culturais e institucionais.
Foto: Andrea Nestrea.