Entusiasmo, vigor e pluralidade caracterizam o eclético repertório que a OSB levará ao palco do Teatro de Câmara, na Cidade das Artes, dias 2 e 3 de julho. Sob regência do maestro e violinista Daniel Guedes (que também se apresentará como solista), o grupo interpretará obras de César Guerra-Peixe, Radamés Gnattali e Ludwig van Beethoven. Kleber Vogel (bandolim), Rogério Caetano (violão) e Ana Rabello (cavaquinho) completam o time de solistas do programa. No domingo, a apresentação será no formato Concertos para a Juventude – concertos matinais de caráter didático, com ingressos a preços populares.
Partindo de uma peça inspirada pela música tradicional nordestina, passando pelo choro carioca e chegando ao universo da música alemã, o espetáculo explora diversas possibilidades sinfônicas, em um repertório que vai do popular ao clássico. A obra que inicia o programa é o Concertino para Violino e Orquestra de Câmara, de César Guerra-Peixe. Escrita entre os anos de 1970 e 1972, a peça foi uma encomenda do Movimento Armorial e revela toda a maestria com que o compositor combinava o riquíssimo folclore nordestino com técnicas e elementos da música de concerto. Suas pesquisas de campo pelo Nordeste do Brasil estão claramente refletidas na peça: nela o violino por vezes soa como uma rabeca, apoiado pela pequena orquestra. São três os movimentos dessa pequena obra-prima: um incisivo Allegro comodo; um fantástico Andantino com uma longa introdução a cappella; e um finale empolgante, Allegro un poco vivo. Nesta execução, Daniel Guedes, se dividirá entre a regência e o violino, atuando como solista.
A Suíte Retratos – segunda obra do programa – figura entre as mais emblemáticas composições de Radamés Gnattali. Nos quatro movimentos, ele utiliza uma rica paleta sonora para pintar musicalmente a imagem de mestres da música brasileira, incorporando elementos estilísticos e mesmo trechos de obras dos artistas homenageados. Para o movimento Pixinguinha, o compositor retomou os choros Carinhoso e Ingênuo; em Ernesto Nazareth, ele utilizou a valsa Expansiva; no movimento dedicado a Anacleto de Medeiros, Gnatalli escolheu o tema do choro Três Estrelinhas; já no último, dedicado a Chiquinha Gonzaga, o compositor optou pelo icônico Corta-Jaca. Todo esse rico material é trabalhado de forma inspirada, resultando em uma composição marcante, na qual música popular e música de concerto se amalgamam em uma verdadeira apoteose do choro. O violinista da OSB Kleber Vogel, que nesta peça assume o bandolim, o violonista Rogério Caetano e a cavaquinista Ana Rabello são os solistas.
A última obra do programa também surgiu como uma homenagem, mas o compositor, após um episódio de total desencantamento, decidiu remover a dedicatória. Ludwig van Beethoven tinha ninguém menos do que Napoleão Bonaparte em mente quando compôs a sua colossal 3ª Sinfonia. No entanto, ao saber que o suposto herói da liberdade havia se proclamado imperador, o mestre alemão rasgou furiosamente a página da partitura que trazia o nome do governante. A Sinfonia grande Intitolata Bonaparte ganhou então o nome de Sinfonia Eroica, que conhecemos hoje. A obra é um marco da segunda fase de Beethoven, sobretudo pela sua proporção e pela sua complexidade. O movimento inicial é um Allegro con brio exclamativo, permeado de clímaces. No lugar do tradicional movimento lento, o compositor insere uma Marcha Fúnebre de grande força dramática. Um Scherzo cheio de dinamismo funciona como terceiro movimento, e a sinfonia acaba com um finale triunfante constituído por uma série de variações.
Criados em 1943, os Concertos para Juventude têm como fundamento promover uma aproximação entre o público e a música de concerto. Para isso, a série é composta por apresentações didáticas que contam sempre com um mestre de cerimônias para guiar o público. A performance musical é intercalada com informações sobre as obras apresentadas e seus compositores, além de curiosidades sobre o funcionamento de uma orquestra sinfônica e dos seus instrumentos.
PROGRAMA 2/7
César Guerra-Peixe – Concertino para violino e orquestra de câmara
I. Allegro comodo
II. Andantino
III. Allegro un poco vivo
Radamés Gnattali – Suíte Retratos
I. Pixinguinha (choro)
II. Ernesto Nazareth (valsa)
III. Anacleto de Medeiros (schottish)
IV. Chiquinha Gonzaga (corta jaca)
Ludwig van Beethoven – Sinfonia nº 3 (Eroica)
I. Allegro con brio
II. Marcia fúnebre. Adagio Assai
III. Scherzo. Allegro vivace
IV. Finale. Allegro molto
PROGRAMA 3/7 (Concertos para a Juventude)
César Guerra-Peixe – Concertino para violino e orquestra de câmara
II. Andantino
III. Allegro un poco vivo
Radamés Gnattali – Suíte Retratos
I. Pixinguinha (choro)
II. Ernesto Nazareth (valsa)
III. Anacleto de Medeiros (schottish)
IV. Chiquinha Gonzaga (corta jaca)
Ludwig van Beethoven – Sinfonia nº 3 (Eroica)
I. Allegro con brio
Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB)
Regência: Daniel Guedes
Solistas: Ana Rabello, cavaquinho; Kleber Vogel, bandolim; Rogécio Caetano, violão
Local: Teatro de Câmara da Cidade das Artes, Rio de Janeiro (RJ)
Datas: 02 e 03 de julho de 2022
Horários: 19h e 11h (respectivamente)
Ingressos: R$ 40,00 (R$ 20,00 meia-entrada), no dia 02 / R$ 10,00 (R$ 5,00 meia-entrada), no dia 03 (ingressos à venda na bilheteria da Cidade das Artes e no site Sympla)
Foto: divulgação.