OSB celebra a música da Rússia

Desde a sua concepção, a Série Mundo, da Orquestra Sinfônica Brasileira, vem homenageando compositores e músicos de diversas regiões do globo. A apresentação que dá partida ao ciclo de concertos da série em 2024, no dia 20 de março na Cidade das Artes, prestigia a riqueza musical e a tradição sinfônica da Rússia. O concerto conta com a regência de Javier Logioia Orbe e solos de piano de Gustavo Carvalho. No programa, uma seleção de obras do grande compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840–1893).

Da vasta produção do mestre romântico – cujo trabalho é marcado por melodias apaixonantes e enorme carga expressiva – serão ouvidos o virtuosístico Concerto para Piano nº 1 e a pungente  Sinfonia nº 6, em Si menor. Quem assume a regência é o maestro Javier Logioia Orbe, e o solista convidado é o talentoso pianista Gustavo Carvalho.

Gustavo Carvalho (foto: Lucca Mezzacappa)

“Sem valor, absolutamente impossível de ser tocado… trechos tão desorganizados, tão desconexos, tão mal escritos, que nem mesmo poderiam ser melhorados; (…) seria melhor se todo o resto fosse destruído”. Quem lê as duras palavras de Anton Rubinstein fora do contexto em que elas foram proferidas jamais imaginaria que elas se referem ao Concerto para Piano nº 1, em Si Bemol menor, de Tchaikovsky. Felizmente, ao invés de descartar a obra, o compositor optou por dedicá-la a outro pianista, Hans von Büllow, que foi responsável pela estrondosa premiére americana. O evento não apenas popularizou o nome de Tchaikovsky nos EUA, mas também firmou a composição no cânone dos concertos para piano. Mesmo os menos iniciados reconhecem de imediato, os primeiros compassos do Allegro non troppo e molto maestoso. Robusto e apaixonante, esse primeiro movimento apresenta um sem número de desafios técnicos ao solista, e conta com duas cadenze brilhantes e virtuosísticas. O andamento central é um terno Andantino semplice, cuja atmosfera de leveza é reminiscente dos balés de Tchaikovsky. O concerto chega ao fim com um compacto, mas empolgante, Rondó (Allegro con fuoco), cujo clímax culmina em uma cascata brilhante de oitavas no piano.

Em 1893, 18 anos depois de ter composto o referido concerto para piano, Tchaikovsky concluiu aquela que seria a sua última Sinfonia: a de nº 6, em Si menor, Op. 74. “Nunca em minha vida estive tão contente, tão orgulhoso, tão feliz sabendo que escrevi uma boa peça”, relataria o compositor em carta ao seu editor. Toda essa satisfação e contentamento, no entanto, contrastam profundamente com o teor emocional da obra. Apelidada de “Patética”, a sinfonia é sombria e densa, com episódios de grande carga dramática. O primeiro movimento – quase duas vezes mais longo que os demais –  começa em um tom de resignação que estabelece a aura de toda a obra. Em pleno domínio de suas capacidades imaginativas, o compositor consorcia forma tradicional e conteúdo inovador, manipulando as forças orquestrais em favor de um efeito pungente. No segundo movimento, o pathos cede lugar à ternura, com uma “quase-valsa” (em 5/4) que incorpora a  Canção da Flor de Carmen, uma das óperas favoritas do russo. O Allegro molto vivace, por sua vez, é de um entusiasmo triunfante, mas oco, o que confere a ele certo acento trágico. A sinfonia termina com um inesperado movimento lento, marcado Adagio lamentoso, que conclui a obra em ares fúnebres. O próprio Tchaikovsky regeu a estreia da obra, em 28 de outubro de 1893. Ele morreria 9 dias depois.


Orquestra Sinfônica Brasileira
Série Mundo – Rússia

Javier Logioia Orbe, regência
Gustavo Carvalho, piano

Piotr Ilitch Tchaikovsky
Concerto para Piano e Orquestra nº 1, em Si Bemol menor

INTERVALO

Piotr Ilitch Tchaikovsky
Sinfonia nº 6, em Si menor, “Patética”


Quando: 20 de março, quarta-feira, às 19:30h
Onde: Cidade das Artes – Grande Sala (Avenida das Américas, 5.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro)
Ingressos: Plateia > R$ 60 (R$ 30 meia) / Frisa > R$ 60 (R$ 30 meia) / Camarote > R$ 50 (R$ 25 meia) / Galeria > R$ 30 (R$ 15 meia)


Foto principal: Marina Andrade.