* Publicação atualizada em 09/06 (vide nota no fim do texto)
Em 2022, completam-se 200 anos desde que, à margem do Rio Ipiranga, Dom Pedro I vociferou o famoso “Independência ou morte!”, grito de bravura que simbolizou a transformação do Brasil em uma nação independente de Portugal. A efeméride é festivamente celebrada no concerto que a Orquestra Sinfônica Brasileira leva ao palco da Cidade das Artes nos dias 10 e 12 de junho. Com regência do maestro Claudio Cruz e participação do solista Giulio Draghi, o programa integra a Série Pianistas Guiomar Novaes e contará com obras de Sigismund von Neukomm, César Guerra-Peixe e Heitor Villa-Lobos. A apresentação de domingo será no formato Concertos para a Juventude – apresentações de caráter didático a preços populares (R$ 10).
Embora não fosse brasileiro, o primeiro compositor do programa – Sigismund von Neukomm – marcou a vida e a história musical do país quando, em 1816, desembarcou no Rio de Janeiro na comitiva do Duque de Luxemburgo. Aluno favorito de Joseph Haydn, Neukomm seria responsável por estrear aqui obras de seu mestre, mas também por inaugurar em suas composições uma prática que se tornaria marca registrada da produção musical nacional: aquela de mesclar elementos da música popular à música de concerto. Nos cinco anos em que morou no Brasil, Neukomm escreveu uma série de composições, atuou como instrumentista e teve uma marcante atividade como professor. Entre os seus alunos, estão Francisco Manuel da Silva (autor da melodia do hino nacional brasileiro) e D. Pedro I, que proclamaria a Independência do Brasil. A Abertura para Grande Orquestra, que será apresentada pela OSB neste concerto, é uma peça curta, mas de caráter grandioso, exultante, em que o estilo vienense é potencializado por uma orquestração mais robusta.
Fechando o programa, a OSB apresenta a obra Museu da Inconfidência, de César Guerra-Peixe. Na peça, o compositor retrata uma visita ao museu de Ouro Preto, em Minas Gerais, onde, no final do século XVIII, se desenhou um dos primeiros movimentos a favor da Independência do Brasil. De alto teor trágico, a composição se estrutura em quatro movimentos: uma Abertura cheia de tensões harmônicas; Cadeira de Arruar, em que convivem energia e ironia; Panteão dos Inconfidentes, em que é possível ouvir a aflição agoniante dos insurgentes mineiros embalada numa atmosfera fúnebre; e, finalmente, Restos de um Reinado Negro, cheia de contraste e com um poderoso solo para fagote. Concluída em 1972, Museu da Inconfidência foi premiada no Concurso do Sesquicentenário da Independência do Brasil, em 1972.
Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB)
Local: Cidade das Artes, Rio de Janeiro (RJ)
Datas: 10 e 12 de junho de 2022
Horários: 19:30h e 11h (respectivamente)
Ingressos: R$ 70,00 (R$ 35,00 meia-entrada), no dia 10 / R$ 10,00 (R$ 5,00 meia-entrada), no dia 12 (ingressos à venda na bilheteria da Cidade das Artes e no site Sympla)
Regência: Claudio Cruz
Solista: Giulio Draghi, piano
PROGRAMA 10/6
Sigismund von Neukomm – Abertura para Grande Orquestra
Heitor Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras N° 4
I. Prelúdio (Introdução) – Lento
II. Coral (Canto do Sertão) – Largo
III. Ária (Cantiga) – Moderato
IV. Dança (Miudinho) – Muito animado
César Guerra-Peixe – Museu da Inconfidência
I. Entrada (Andante)
II. Cadeira de Arruar (Allegro Moderato)
III. Panteão dos Inconfidentes (Larghetto)
IV. Restos de um Reinado Negro (Vivace)
PROGRAMA 12/6 (Concertos para a Juventude)
O mesmo anteriormente citado, exceto pela obra de Neukomm
Foto do post: Divulgação.
Nota do Editor: Essa publicação foi atualizada em 09/06, após o recebimento do seguinte comunicado da OSB: “Informamos que, por motivos alheios à nossa vontade, o Concerto para Piano, de Rodrigo Cicchelli, programado para ser executado nos concertos do próximo fim de semana, não será apresentado na ocasião. A obra será substituída pelas Bachianas Brasileiras n°4, de Heitor Villa-Lobos”.