Na noite de 19 de julho de 1717, o Rio Tâmisa, em Londres, recebeu um concerto flutuante. Enquanto a barca real do Rei George I navegava, outra embarcação levou cerca de 50 músicos executando a nova obra do compositor Georg Friedrich Händel (1685–1759). Hoje, a composição é conhecida como Música Aquática, uma das joias do repertório barroco, e será executada integralmente no dia 05 de agosto pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), fundação vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS). Para comandar o concerto, a OSPA convidou Fernando Cordella, um dos principais cravistas da América Latina, que atuará como solista e regente da Orquestra. Os ingressos para o concerto, que inicia às 17h, na Casa da OSPA, já podem ser adquiridos pelo Sympla por valores entre R$ 10 e R$ 50. A apresentação também será transmitida ao vivo pelo canal da OSPA no YouTube.
Com agenda movimentada, Cordella realizou 11 concertos só no mês de julho, incluindo uma participação no Festival Argerich, no Teatro Colón (Buenos Aires), e outra no Festival de Inverno de Campos do Jordão. Em agosto, ele retorna à Casa da OSPA, onde, além de tocar cravo e conduzir a Orquestra, também receberá o público antes do espetáculo para discorrer sobre as particularidades da produção musical de Händel. A fala integra o projeto Notas de Concerto, que ocorre sempre às 16h, na Sala de Recitais.
Em sua última colaboração com a OSPA, Cordella também interpretou obras de Georg Friedrich Händel – a apresentação pode ser assistida na íntegra pelo YouTube. O compositor alemão naturalizado britânico é um dos maiores nomes do período barroco. Sua Música Aquática é uma coleção de três suítes escritas em diferentes tons e instrumentações – a Suíte nº 1, em Fá Maior, é mais dramática e foi pioneira por incorporar instrumentos de sopros; a Suíte nº 3, em Sol Maior, é mais suave, destacando flautas e cordas; e a Suíte nº 2, em Ré Maior, explora muito madeiras, metais e cordas.
A estreia foi especialmente marcante, pois uma orquestra inteira foi colocada em uma barcaça que seguiu o cortejo real ao longo do Tâmisa, desde o Palácio de Whitehall, em Londres, até Chelsea. O monarca teria gostado tanto da música que teria feito os músicos a repetirem três vezes durante o trajeto. Após esse evento pomposo e exclusivo para a nobreza inglesa, a composição foi executada em teatros e igrejas em mais de 30 localidades na Europa, sendo apresentada por orquestras numerosas, que podiam superar uma centena de músicos. Tamanho sucesso também se deve ao fato de os movimentos serem baseados em danças típicas da época, muito populares tanto em palácios quanto em festejos de rua e tavernas.
Segundo Cordella, a sonoridade de Música Aquática também remete à água: “Existem vários símbolos musicais que representam ondas, tempestade, raios. Os nossos ouvidos hoje não fazem essa conexão, mas no período barroco até mesmo um ouvido leigo reconhecia que, por exemplo, um ataque dos violinos poderia representar um relâmpago. Essa representação era muito típica da música da época, como nas ‘Quatro Estações’, de Vivaldi”.
Fernando Cordella
Considerado um dos principais cravistas de sua geração na América Latina, recebeu o prêmio TOYP JCI como a figura mais expressiva no Brasil em 2015, na categoria “Êxito Cultural”, e em 2011, o Prêmio Açorianos de melhor intérprete pelo disco CRAVOS – de Frescobaldi a Mozart. É coordenador da Oficina de Música Barroca e da classe de Cravo da Escola Municipal de Música de São Paulo e diretor artístico da Sociedade Bach Brasil. Tem atuado como solista e maestro convidado nas principais orquestras do Brasil e exterior, em projetos com Nathalie Stutzmann, Luis Otávio Santos, Peter van Heyghen, Olivia Centurioni, Romain Garrioud, Bart Naessens, Rodolfo Richter, entre outros. Pianista de formação, teve sua orientação com Dirce Knijnik e, mais tarde, na Universidade Federal do Rio Grande Sul, com André Loss. No cravo, Nicolau de Figueiredo foi o seu principal mestre.
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Programa
Georg Friederich Händel
Música Aquática
I – Suíte nº 1, HWV 348
– Overture: Largo – Allegro
– Adagio e staccato
– Allegro
– Andante espressivo
– Allegro (Da capo of nº 3)
– Presto
– Air: Presto
– Minuet
– Bourée: Presto
– Hornpipe
– Allegro moderato
INTERVALO
II – Suíte nº 3, HWV 350
– Sarabande
– Rigaudon 1 & 2
– Minuet 1 & 2
– Gigue 1 & 2
III – Suíte nº 2, HWV 349
– Allegro
– Alla Hornpipe
– Minuet
– Lentement
– Bourée
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SERVIÇO
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre
Fernando Cordella, regente e solista (cravo)
Quando: 05 de agosto, sábado, às 17h
Onde: Casa da OSPA (CAFF – Av. Borges de Medeiros, 1.501, Porto Alegre, RS)
Ingressos: de R$ 10 a R$ 50.
Descontos: ingresso solidário (com doação de 1kg de alimento), clientes Banrisul, Amigo OSPA, associados AAMACRS, sócio do Clube do Assinante RBS, idoso, doador de sangue, pessoa com deficiência e acompanhante, estudante, jovem até 15 anos e ID Jovem.
Bilheteria: via Sympla em sympla.com.br/casadaospa ou na Casa da OSPA – no dia do concerto, das 12h às 17h
Palestra Notas de Concerto: às 16h, com Fernando Cordella
Estacionamento: gratuito, no local
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 6 anos
Transmissão ao vivo: canal da OSPA no YouTube
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Foto: Leandro Rodrigues.