Palco do TMRJ passará por revitalização

Um dos mais importantes equipamentos culturais do Brasil será revitalizado. O Theatro Municipal do Rio de Janeiro terá investimento de R$ 11 milhões para a reforma do seu palco principal e também para melhoria na estrutura física do equipamento.

A verba é destinada por meio de Acordo de Cooperação Técnica entre a Fundação Teatro Municipal e a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Sececrj), por meio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, responsável por injetar mais de R$ 103 milhões na economia fluminense a partir deste semestre.

A Presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Clara Paulino, ressalta a necessidade desta revitalização e aproveita para destacar ao público que o Municipal não vai fechar nem parar de funcionar durante a reforma:

“A temporada está a todo vapor e nada será cancelado. A maioria da reforma será feita aos poucos, como já tem acontecido com a mudança de estofados, a troca do carpete e das cortinas das frisas. Estão previstas duas etapas importantes como a troca da cortina do palco e o processo de nivelamento do piso, que só acontecerão no período de recesso do Theatro, em janeiro e parte de fevereiro” – afirma Clara.

O novo palco terá um piso flutuante chamado Harlequim Floors, utilizado nas principais casas de espetáculos do mundo que abrigam companhias de balé consagradas, como o Royal Ballet, de Londres, e o ballet da Ópera de Paris. Devido à sua alta qualidade, os bailarinos poderão fazer ainda mais movimentos de técnica apurada, que exigem este tipo de piso para a execução.

Outro equipamento que precisa ser recuperado é o sistema digital intitulado Waagner Biro, que funciona como um sofisticado computador para operar as varas cênicas do palco. Atualmente, em um palco com aproximadamente 80 delas, divididas entre manuais e digitais, somente as varas cênicas manuais estão funcionando, o que torna o processo bem mais demorado. A recuperação desse sistema, portanto, é crucial para garantir que as apresentações possam ser realizadas com a eficiência e a precisão requeridas.

A Fundação Teatro Municipal conta com 81 artistas na Orquestra Sinfônica, 90 no Coro, 85 integrantes no Ballet, além de técnicos, funcionários na sede, no anexo do Theatro – onde fica a Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, com 282 alunos inscritos – e ainda a Central Técnica de Produção de Inhaúma e a da Gamboa.

Sobre a Pnab no Rio de Janeiro

Mais de R$ 103 milhões serão investidos na cultura fluminense neste segundo semestre de 2024, por meio da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab). A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro está responsável por executar o valor, que será distribuído entre editais inéditos, obras e reformas de equipamentos culturais, aquisição de bens e capacitação de gestores e profissionais do segmento.

“Iniciamos a construção do nosso plano através de uma consulta pública no início do ano, para ouvir as demandas da população e ajudar a definir as características do público-alvo. O processo de escuta segue a mesma linha adotada na construção da Lei Paulo Gustavo, que foi um sucesso, e atende um dos pilares da gestão, com foco na democratização do acesso e descentralização dos recursos da pasta. Vamos trabalhar não só no fomento a projetos, como também na recuperação de espaços, como o Theatro Municipal, a Casa França-Brasil, além de equipamentos da Funarj”, afirma a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros.


Opinião (por Leonardo Marques)

Há cerca de 10 anos, ou quase isso, os equipamentos do palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro necessitam de manutenção. Aos olhos do público, a ausência mais evidente durante todo esse tempo é a cortina principal. As cortinas dos palcos de casas de ópera e balé, geralmente confeccionadas em material nobre e especial, costumam ser um dos charmes desses espaços, contribuindo para a construção do imaginário do público a respeito desses equipamentos culturais fundamentais na vida de uma grande metrópole. Substituída já há vários anos por uma versão ordinária e desprovida de qualquer atrativo visual, a cortina do palco talvez seja a mais visível das vergonhas estruturais do TMRJ – vergonhas estas aparentemente ignoradas pelos gestores que passaram pela casa recentemente.

Assim, é muito bem-vinda a notícia de que o Municipal do Rio receberá o investimento citado acima, que revitalizará não apenas a cortina principal do seu palco, mas também outros equipamentos, como o piso e as varas cênicas. Somente poderemos conferir a boa nova daqui a alguns meses, provavelmente no começo da temporada de 2025, mas desde já podemos concluir que este é um golaço marcado pela gestão de Clara Paulino no TMRJ.


Foto: Daniel A. Rodrigues.

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