Rodrigo Marconi lança o seu segundo álbum

Nome de ressonância no circuito da música de câmara carioca – suas obras já foram apresentadas em edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea, dos Panoramas da Música Brasileira Atual (UFRJ) e no Festival Música Nova Gilberto Mendes, além de executadas em diversos outros festivais por intérpretes de prestígio, como Duo Santoro, Quinteto Lorenzo Fernandez, Madrigal Contemporâneo, Fabio Adour e Pauxy Gentil Nunes, dentre muitos outros – Rodrigo Marconi investe novamente em suas composições, revelando-se e desdobrando-se em muitos “eus”, em facetas múltiplas que compõem seu novo álbum Outros Eus, que já se encontra em todas as plataformas de streaming.

O que leva um artista a criar? Qual o seu estímulo? Para que criar? Para quem? Será que a frase do poeta Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta”, contempla todas essas questões? Seriam as diversas formas de arte uma necessidade humana de se comunicar e de se expressar? De colocar – ou criar – diferentes mundos no mundo? Nesse processo criativo, Rodrigo Marconi se conecta profundamente com o que há de mais íntimo, deixando uma parte de si imortalizada em sua obra. Em Outros Eus, essas partes ganham vida quando amigos e renomados instrumentistas materializam a partitura em sons. O ciclo se fecha quando esses sons vão ao encontro do ouvinte, que também cria as suas interpretações e leituras, fazendo desses Outros Eus um pouco seus.

Assim, no álbum Outros Eus, o compositor Rodrigo Marconi apresenta um amálgama formado por elementos diversos e díspares, salpicando referências impregnadas de diálogos que ultrapassam os limites do espaço-tempo, encontros que só a arte é capaz de promover. A produção poética de  Cruz e Souza na faixa de abertura, O Assinalado, e de Arthur Rimbaud, na composição Canção da Mais Alta Torre; as leituras de mundo de Paul Valéry na obra Para os Olhos… a Nuca é um Mistério!; os artistas surrealistas como André Breton, Luis Buñuel e Salvador Dali em O Lado Mágico das Coisas; as reflexões de Nietzsche sobre as tragédias gregas com a obra Apolo e Dionísio no Templo das Musas; as conversas semanais com a flautista Odette Ernest Dias em Eram Dias Grávidos de Sons e Poesia; a criação estética dos compositores da Segunda Escola de Viena representada em Os Três Rapazes de Viena; e as outras formas de expressão artística, como a fotografia, em Polaroids, atravessam e nutrem a gestação das composições apresentadas.

“No processo de criação, o que há de mais íntimo do artista se aflora e se desvenda aos olhos e ouvidos do público, como se a sua obra fosse um reflexo de si. Nesses ‘Outros Eus’ é onde me faço linguagem. É também a forma que eu encontrei de resistir e de re-existir”, revela o autor.

Rodrigo Marconi

Bacharel em composição musical pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) – onde teve a oportunidade de ser orientado pelos compositores Guilherme Bauer, João Guilherme Ripper e Tato Taborda – o compositor Rodrigo Marconi é licenciado em Educação Artística com habilitação em Música pelo Conservatório Brasileiro de Música (CBM-CEU), e mestre em Musicologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), com a pesquisa Tradição e Vanguarda nos Arranjos de Rogério Duprat para a Tropicália. Estudou composição com Achille Picchi no IV Festival Música das Esferas – Festival Internacional de Bragança Paulista em 2011.

Suas obras foram tocadas em importantes festivais como as XVIII, XXII e XXIII Bienais de Música Brasileira Contemporânea, 57º Festival Música Nova Gilberto Mendes, os Panoramas da Música Brasileira Atual (UFRJ), o Festival Babel (Porto Alegre), nas séries MUSIMAC (USP), CBM Experimental, Festival Compositores de Hoje, Série Tendências (UFRJ), Série Compositores (UNI-RIO), dentre outras oportunidades, por grupos como Quinteto Lorenzo Fernandez, Pan Ensemble, Quinteto Pierrot, Duo Adour, Madrigal Contemporâneo, Duo Santoro, Ensemble de Guitarras de Quito, Duo Traverso, e por instrumentistas como Fabio Adour, Achille Picchi, Paulo Passos, Joaquim Abreu, Geisa Felipe, Ariane Petri, Ronal Silveira, Antônio Eduardo Santos, Pauxy Gentil Nunes.

Em 2018, lançou o seu primeiro CD, Correspondências, com parte de sua produção composicional. Atualmente, é professor de música e diretor da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna.


1. Assinalado
Soprano: Tânia Moura
Piano: Felipe Naim

2. Eram Dias Grávidos de Sons e Poesias 
Flauta: Geisa Felipe

3. Apolo e Dionísio no Templo das Musas 
Vibrafone: Carlos dos Santos

4. Canção da Mais Alta Torre
Violoncelos: Ricardo Santoro e Paulo Santoro (Duo Santoro)

5. Os Três Rapazes de Viena
Violão de 8 cordas: Fábio Adour

6. O Lado Mágico das Coisas
Flauta: Geisa Felipe
Fagote: Ariane Petri

7. Polaroids
Piano: Antônio Eduardo

8. Para os Olhos… a Nuca é um Mistério!
Clarinete: Moisés dos Santos
Violoncelo: Nayara Tamarozi


Fotos: divulgação (na foto principal, Rodrigo Marconi).

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