“Rusalka”, ópera de Antonín Dvořák, pela primeira vez no TMRJ

Pela primeira vez no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a ópera Rusalka, de Antonín Dvořák, com o Coro e a Orquestra Sinfônica da casa, estreia no dia 14 de novembro (quinta-feira), com récitas também nos dias 16 (sábado) e 22/11 (sexta), sempre às 19h, além do domingo, 24/11, às 17h. Haverá ainda no dia 13/11, às 14h, o Projeto Escola Arte Educação Petrobras.

Licio Bruno ao centro (foto: Daniel Ebendinger)

A montagem é uma coprodução com o Auditório de Tenerife, na Espanha, país onde esteve em cartaz em março deste ano, e agora chega ao Municipal. A concepção e direção cênica é de André Heller-Lopes, e a direção musical e regência ficam a cargo de Luiz Fernando Malheiro. Rusalka contará com um elenco convidado de peso, incluindo, dentre outros, Ludmila Bauerfeldt, Paolla Soneghetti, Giovanni Tristacci, Eliane Coelho, Tati Helene, Licio Bruno e Denise de Freitas (confira a escalação abaixo). Os ingressos podem ser adquiridos a partir do dia 05 de novembro, às 14h, na bilheteria e também no site (www.theatromunicipal.rj.gov.br) do TMRJ.

“Trazer a ópera ‘Rusalka’ ao palco do Municipal nos enche de alegria. A montagem conta com coprodução com o Auditório de Tenerife e patrocínio oficial da Petrobras, o que nos garante espetáculos ainda mais grandiosos e memoráveis. Esperamos que nosso público lote a casa, como é de costume, e saia encantado com a apresentação do Coro e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. Não percam!” – ressalta a presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Clara Paulino.

Paolla Soneghetti (foto: Vitor Ceolin)

“’Rusalka’ chega com elencos repletos de estrelas da lírica nacional, além de debuts em nossa temporada oficial. Conta ainda com alguns dos melhores artistas da casa! O Coro e a OSTM estão sob a regência do maestro Luiz Fernando Malheiro, que retorna ao nosso palco após o grande sucesso de ‘La Traviata’. Realmente, é imperdível essa linda produção!” – destaca o diretor artístico da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Eric Herrero.

“Encenar ‘Rusalka’ em pleno 2024 é como tentar encontrar uma “abertura”, uma passagem mística que reconecta nosso mundo duro e muitas vezes cruel com uma certa esperança mágica das lendas. Um clássico com um desvio inesperado, um sabor especial” – afirma o diretor cênico, André Heller-Lopes.


Sinopse
por Bruno Furlanetto

1º ato

Ludmilla Bauerfeldt, ao fundo, e Denise de Freitas, à frente (foto: Daniel Ebendinger)

No meio do bosque, de noite, três ninfas brincam e dançam na borda do lago com o Senhor das Águas. A ninfa Rusalka, que sofre por amor de um jovem que vem sempre ali para nadar, pede a ele conforto para sua melancolia. O Senhor das Águas tenta, de qualquer forma, dissuadi-la desse amor impossível, mas Rusalka está decidida a assumir feições humanas a qualquer custo. Visto a inutilidade de qualquer objeção, ele lhe indica a choupana da bruxa, a única em condições de ajudá-la. Antes de fazer a transformação em mulher, Rusalka pede à lua que a sua decisão não afaste o afeto do Senhor das Águas, seu pai. A bruxa Jezibaba aceita fazer a transformação, mas lhe adverte que não será indolor: quando ela for um ser humano, ficará completamente muda! E não é só: se ela tivesse que regressar do mundo dos homens, seria amaldiçoada e condenada a matar o seu amado. Rusalka está disposta a tudo, e a bruxa lhe dá a poção mágica. Ao amanhecer, precedido por uma canção de um caçador, acontece o desejado encontro. O jovem nadador, que é o Príncipe, chega e se apaixona à primeira vista pela bela silenciosa e a conduz consigo ao castelo para desposá-la.

2º ato

Eliane Coelho e Giovanni Tristacci (foto: Daniel Ebendinger)

Enquanto no castelo se prepara o casamento de Rusalka e o Príncipe, o Guarda-caça e o Ajudante de cozinha comentam os últimos acontecimentos. A estranha noiva preocupa os habitantes, e já se diz que o príncipe se interessou pela bela Princesa que acabou de chegar com os hóspedes. Interesse que faz sentido, pois a beleza enigmática de Rusalka já empalideceu quando confrontada com a humaníssima paixão da princesa, que demonstra estar decidida a arrancá-lo da rival muda. Ao olhar paterno do Senhor das Águas não foge a infeliz situação de Rusalka, que procura nele, ainda, conforto para a amarga desilusão que aparece como sendo inevitável. Enquanto os dois jovens vão ao jardim confessar os seus sentimentos, ocasionando uma indignada reação do Senhor das Águas, que ameaça o príncipe pela sua traição, a orgulhosa e despeitada Princesa abandona o Príncipe desmaiado, frente ao seu obscuro destino.

3º ato

Ludmilla Bauerfeldt e Giovanni Tristacci (foto: Daniel Ebendinger)

Ao cair da noite, a pálida Rusalka volta ao lago do bosque, desesperada, para pedir nova ajuda a Jezibaba. O sangue do Príncipe poderia resgatar a maldição, mas Rusalka prefere aceitar a solidão e recusa a faca que a bruxa lhe oferece. Assim que Rusalka desaparece, entre as ondas chegam o Guarda-caça e o Ajudante. Também eles querem ajuda da bruxa para tirar o feitiço que atingiu o seu patrão doente de amor, mas fogem aterrorizados frente ao Senhor das Águas, que, amaldiçoando o gênero humano, jura vingança. As ninfas voltam a brincar com ele, mas o Senhor das Águas está preocupado com Rusalka, que foi expulsa da água pelas irmãs. O Príncipe volta ao lago onde encontrou a bela ninfa cuja alma, agora perdida para sempre, o acusa, docemente, pela sua traição. O Príncipe implora o seu perdão e pede que ela lhe dê a paz, que não encontrou mais depois que ela o mandou embora. Ela lhe avisa que o seu beijo, agora, é mortal, mas o Príncipe não pede mais do que morrer entre os seus braços para, assim, não se separar mais dela. Ela o beija, ele morre e Rusalka volta para as profundezas das águas. O amargo comentário do Senhor das Águas a este trágico epílogo está contido na sua pergunta, sem resposta: qual o sentido do sacrifício doloroso da sua filha?


Luiz Fernando Malheiro

Luiz Fernando Malheiro (foto: divulgação)

É um dos principais nomes da ópera no Brasil, com mais de 60 títulos regidos. É diretor artístico e regente titular da Orquestra Amazonas Filarmônica e do Festival Amazonas de Ópera. Foi diretor artístico do Theatro São Pedro, de São Paulo, e diretor de ópera no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Regeu as principais orquestras brasileiras e também no Festival de Ópera de La Coruña, Sinfônica de Miami, Sinfônica de Bari, Filarmônica Marchigiana, Ópera Nacional de Sófia, Sinfônica de Porto Rico, Teatro de Bellas Artes do México, entre outros. É o único brasileiro a ter regido integralmente O Anel do Nibelungo, de Wagner.

André Heller-Lopes

Ganhador por três vezes consecutivas do Prêmio Carlos Gomes, André Heller-Lopes é dono de uma trajetória ímpar no Brasil. Professor da UFRJ, é PhD pelo Kings College London e especializou-se na Royal Opera House, de Londres, na Ópera de São Francisco e na Metropolitan Opera.

André Heller-Lopes (foto: Léo Aversa)

Dirigiu e produziu importantes trabalhos no Brasil e no exterior: Salome, Nabucco, Die Walküre, O Diário do Desaparecido, Savitri, Don Pasquale, Idomeneo e La Traviata (Theatro Municipal do Rio de Janeiro e CCBB-RJ); Die Walküre, Götterdämmerung, La Fille du Régiment, Falstaff, Samson et Dalila, Der Rosenkavalier, Adriana Lecouvreur, Andrea Chénier e A Raposinha Astuta (Theatro Municipal de São Paulo, Theatro São Pedro e OSESP); Hansel und Gretel, Trouble in Tathiti, A Bela Adormecida, Nabucco (Lisboa); Tosca e Eugene Onegin (Salzburgo); Manon Lescaut, Rigoletto, Jenůfa e Don Pasquale (Buenos Aires); Tristan und Isolde, Médee e Anna Bolena (Manaus); Macbeth e Ariadne auf Naxos (Montevideo); Rigoletto e Lucia di Lammermoor (Belo Horizonte); A Midsummer’s Night Dream – indicado ao Opera Awards em 2014; La Finta Giardineira, Don Giovanni, Così Fan Tutte e Le Nozze di Figaro, na Polônia; Aida, na Alemanha; Faust, no Chile; La Zorrita Astuta, na Colômbia; A Viúva Alegre (Estônia).

Em 2024, estreou na Espanha com Rusalka, que será apresentada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Dentre os seus projetos futuros, destacam-se a estreia latino-americana de Friedenstag, de Richard Strauss, e o retorno à Espanha para encenar Romeo e Juliette, de Gounod.


Rusalka (1901)
Ópera em três atos

Música: Antonín Dvořák (1841-1904)
Libreto: Jaroslav Kvapil (1868-1950)

Direção musical e regência: Luiz Fernando Malheiro
Concepção e direção cênica: André Heller- Lopes
Cenografia: Renato Theobaldo
Iluminação: Gonzalo Córdoba
Figurinos: Marcelo Marques
Coreografia e direção de movimento: Bruno Fernandes e Mateus Dutra

Solistas
Rusalka: Ludmila Bauerfeldt (dias 14, 16 e 24) e Paolla Soneghetti (dias 13 e 22)
Príncipe: Giovanni Tristacci
Princesa Estrangeira: Eliane Coelho (dias 14, 16 e 24) e Tati Helene (dias 13 e 22)
Ježibaba: Denise de Freitas (14, 16, 22 e 24) e Fernanda Schleder (dia 13)
Vodník, Senhor das Águas: Licio Bruno (14, 16 e 24) e Murilo Neves (dias 13 e 22)
Três ninfas: Carolina Morel, Mariana Gomes e Lara Cavalcanti
Vaňku: Geilson Santos
Jářku: Hebert Campos

Coro e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Arte: Carla Marins

Récitas: 14 (estreia), 16 e 22 de novembro, às 19h / 24 de novembro, às 17h
Projeto Escola: 13 de novembro, às 14h
Onde: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Praça Floriano, s/n°, Centro)
Duração: 2:30h mais intervalo
Classificação: 12 anos
Ingressos: Frisas e Camarotes > R$ 90,00 (ingresso individual) / Plateia e Balcão Nobre > R$ 80,00 / Balcão Superior (Central e Lateral) > R$ 50,00 / Galeria (Central e Lateral) > R$ 20,00

Os ingressos estarão à venda, a partir das 14h de 05 de novembro, na bilheteria e no site (www.theatromunicipal.rj.gov.br) do TMRJ.

Haverá uma palestra gratuita no Salão Assyrio uma hora antes do início de cada espetáculo.


Foto principal: Miguel Barreto (montagem original no Auditório de Tenerife).

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