​Sinfônica Jovem do Rio homenageia Florence Price

A Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro (OSJRJ), conjunto residente da PUC-Rio, convida para um concerto muito especial da sua Temporada 2024, temporada comemorativa de 10 anos, no dia 27 de agosto, terça-feira, às 19h, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Sob a batuta do jovem talento da regência José Soares, e com uma das solistas mais requisitadas do país, a pianista Olga Kopylova, a OSJRJ vai apresentar duas obras de Gershwin, o clássico Bolero de Ravel e abrirá a noite com o Concerto para Piano em um Movimento, da compositora norte-americana Florence Price (1887-1953), executada pela primeira vez no Rio de Janeiro.

Florence Price: do racismo ao reconhecimento na música de concerto

Pianista desde os 4 anos de idade, Florence Price nasceu no Arkansas, Sul dos Estados Unidos, e tornou-se a primeira compositora negra a ter uma obra sinfônica executada por uma grande orquestra nacional após receber o primeiro prêmio no renomado Concurso Wanamaker. Ao longo da sua carreira, sofreu diversos episódios de racismo, inclusive linchamentos, e teve que mudar de estado por conta do preconceito, tendo o seu trabalho reconhecido somente anos depois, em Chicago.

A Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro – formada por 55 jovens, em sua maioria negros e de comunidades do Rio, oriundos do projeto Ação Social pela Música do Brasil (ASMB) – vem agora resgatar e homenagear a importância, a história e a luta desta grande compositora, tendo ainda uma mulher como solista do concerto: Olga Kopylova, nascida no Uzbequistão e que, entre 2000 e 2024, ocupou a posição de pianista titular na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), sendo uma das solistas mais requisitadas e premiadas do país.

“É uma honra enorme ver a nossa Orquestra, composta em sua maioria por jovens negros, homenageando Florence Price, e ainda com uma obra inédita em concertos no Rio. Também teremos obras de Gershwin consideradas verdadeiros marcos da resistência ao racismo nos Estados Unidos. A potência e a representatividade que isso traz para eles é enorme”, afirma Fiorella Solares, diretora da Ação Social pela Música do Brasil.

Olga Kopylova também vai ministrar uma Masterclass pelo projeto, direcionada a pianistas do Rio de Janeiro, e conhecer de perto o trabalho da ASMB, que, há 25 anos, atua com inclusão social a partir do ensino coletivo de música, atendendo atualmente a centenas de jovens no estado que vivem em áreas de vulnerabilidade.

Na regência, o jovem talento paulista José Soares

Com apenas 26 anos, o paulista José Soares é um dos nomes mais importantes de sua geração na música de concerto no Brasil. Atualmente como regente associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio, em 2021, e também recebeu o prêmio do público na competição.

No período de 2022 a 2023, regeu as orquestras Sinfônica NHK de Tóquio, considerada uma das maiores do mundo, além da New Japan Philharmonic, Sinfônica de Hiroshima, Filarmônica de Nagoya e a MÁV Symphonie Orchester, em Budapeste.

“José Soares é o maior regente brasileiro de sua geração. Por ser tão jovem, se torna uma verdadeira inspiração para os nossos talentosos musicistas”, frisa Fiorella Solares.

Programa contará com obras do jazz norte-americano e com o Bolero de Ravel

Florence Price é a principal compositora do concerto, que vai abrir com o seu Concerto para Piano em um Movimento. Entre o variado trabalho criado em toda a sua carreira, que incluem sinfonias, música de câmara, concertos para piano e violino, e arranjos para órgão, muitas de suas peças eram marcadas pelos ritmos e melodias tidos como músicas negras, como o jazz e o blues. Inclusive em seus nomes, como Three Little Negro Dances, Songs to a Dark Virgin, entre outras.

Para conversar com esta proposta, foi escolhida como segunda obra do programa Rhapsody in Blue, de George Gershwin, composição que completa 100 anos em 2024 e que, de certa forma, apresentou o jazz ao público de música clássica e fez de seu autor uma repentina estrela. As canções de Gershwin já foram gravadas por grandes cantores e compositores negros do jazz americano, como Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Louis Armstrong e Miles Davis.

Em seguida, também de Gershwin, será apresentada a Suíte da Ópera Porgy and Bess, obra que tem como tema a dura vida de negros americanos. Quando estreou, em 1935, tinha um elenco composto unicamente por cantores negros com formação clássica, algo extremamente ousado para a época. Traz uma fusão de elementos sinfônicos europeus com o jazz americano, e só foi aceita, de fato, como ópera nos Estados Unidos em 1976. Conta, por exemplo, com a canção Summertime, considerada um verdadeiro hino da resistência ao racismo.

Encerrando em grande estilo, uma das obras clássicas mais populares em todo o mundo, Bolero, de Maurice Ravel, peça orquestral de um único movimento, considerada uma obra-prima, e escolhida pelos próprios integrantes da OSJRJ para o programa, com a missão de encerrar o concerto em um verdadeiro clima de festa, otimismo e alegria.


Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro (OSJRJ)

José Soares, regência
Olga Kopylova, piano

Florence Price
Concerto para Piano em um Movimento

George Gershwin
Rhapsody in Blue
Suíte da Ópera Porgy and Bess

Maurice Ravel
Bolero


Quando: 27 de agosto, terça-feira, às 19h
Onde: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Praça Floriano s/n, Centro, Rio de Janeiro)
Ingressos: Frisas e Camarotes (ingresso individual) > R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia) / Plateia e Balcão Nobre > R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia) / Balcão Superior > R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia) / Galeria > R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Vendas antecipadas: https://feverup.com/m/192232
Duração: 100 minutos
Classificação:
livre


Foto: Daniel Ebendinger.

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