Theatro Municipal de São Paulo comemora 111 anos

O Theatro Municipal de São Paulo preparou uma programação especial para comemorar o seu aniversário de 111 anos, que serão completados no dia 12 de setembro. A celebração, que visa enaltecer a importância de uma das maiores casas de ópera do Brasil, está programada para acontecer entre os dias 11 e 18 de setembro.

As celebrações começam no dia 11 de setembro na Praça das Artes. Neste domingo, o Duo AM, irá relembrar o momento em que os holofotes do Brasil se voltaram historicamente ao Theatro e, numa espécie de tributo sem pompa, bem no espírito modernista, se juntam ao artista visual Menelaw 7 e ao  ator Paschoal da Conceição na pele de Mário de Andrade – eles proporão a desconstrução da formalidade do concerto clássico no espetáculo Futuristas 22 – um Caleidoscópio Musical. Com inovações no figurino, na proposta cênica e no roteiro, os artistas colocam em xeque o já conhecido modelo formal que se espera ao entrar em salas de concerto, almejando surpreender o público e criar uma experiência imersiva. A apresentação terá cerca de 75 minutos e conta com um programa com nomes históricos da música brasileira, que mesclaram tão bem popular e erudito, tais como Camargo Guarnieri, Villa-Lobos, Lorenzo Fernandez, entre outros. Os ingressos custam R$ 10 e já podem ser adquiridos pelo site do Theatro Municipal.

Ópera em destaque

No dia 13, terça-feira, às 20h, é a vez do projeto Ópera Fora da Caixa, que apresentará a mini-ópera Domitila, do também brasileiro João Guilherme Ripper. Trata-se de uma apresentação que acontecerá na famosa escadaria interna do Theatro. Em ato único, a obra é baseada nas cartas de amor trocadas entre Dom Pedro I e a Marquesa de Santos. Dom Pedro I foi conhecido por suas inúmeras amantes, mas o caso com Domitila de Castro talvez tenha sido um dos mais escancarados e tórridos do monarca – que chegou a construir um palacete para ela. Durante os sete anos em que o imperador do Brasil manteve um romance com a Marquesa de Santos, ele lhe escreveu 143 cartas recheadas de arroubos apaixonados, que mostram a história íntima e não oficial desse amor.

Idealizada para a participação de quatro artistas, a apresentação celebra os 200 anos da Independência do Brasil, bicentenário comemorado em 2022, e foi escrita no ano 2000 por João Guilherme Ripper a convite do CCBB do Rio de Janeiro para uma soprano – em destaque, nesta montagem, a brasileira residente na Dinamarca Gabriella Pace.

Só tenho a comemorar a participação da maravilhosa soprano Gabriella Pace cantando o papel de Domitila, acompanhada por Ovanir Buosi, Rafael Cesario e Luiza de Aquino Salles. Além disso, conto com a parceria e criatividade do diretor cênico André Heller-Lopes, que conhece a ópera profundamente e dirigiu sua primeira montagem, diz João Guilherme Ripper, autor da obra e diretor musical desta montagem. É muito especial apresentar ‘Domitila’ num espaço emblemático para a música e belo arquitetonicamente como o Theatro Municipal de São Paulo! Escrevi a obra em 2000 tendo em mente a possibilidade de apresentá-la em espaços diferentes do palco tradicional. A escadaria proporciona, a uma só vez, um lindo cenário e uma maior proximidade com o público, habituado a percorrê-la rumo à sala de espetáculos, completa.

Para Gabriella Pace, é fundamental que o cenário da ópera seja integrado também por repertórios brasileiros e contemporâneos, trazendo uma maior visibilidade não só para o compositor, mas também para o artista. “Muitas vezes o cantor brasileiro possui algumas reticências na hora de cantar em português. Porém, cantar na nossa língua é uma delícia e a melhor forma de mostrar a nossa cultura, nossa identidade, nossa expressão”, diz Gabriela, que tem no monólogo o desafio de ser a única cantora em cena e de ter que lidar com a quantidade de variações e emoções que a peça envolve. “É muito bonito e desafiador encenar como a Domitila interpretou as cartas do D. Pedro que integram o libreto”, completa a soprano sobre a história de amor proibida, porém abertamente conhecida pela sociedade da época. 

Em única apresentação, a ópera tem classificação livre e dura aproximadamente 50 minutos. Os ingressos são vendidos a R$ 50.

Mais programação

No dia 14 de setembro, quarta-feira, o vão da Praça das Artes estará aberto para todo tipo de aspirante que deseja compartilhar a sua arte com o público do Theatro Municipal. No Esta Noite se Improvisa!, música, dança, teatro, poesia e discotecagem ganham corpo por meio de talentos artísticos do cenário paulistano, que têm ali a oportunidade de mostrar o seu talento, “entrando na roda” e dizendo a que vieram.

Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo – grupo criado em 1935 por Mário de Andrade para difundir a música de câmara e estimular compositores brasileiros – tomará conta da Sala do Conservatório da Praça das Artes no dia 15, quinta-feira, na apresentação Latino-Americano. O concerto visa apresentar, por meio da música de Villa-Lobos e outros compositores, uma resposta possível para a questão da identidade nacional e latino-americana, um perfil que congregue tantas línguas e faces quanto as existentes nessa geografia. Nas composições de Alberto Ginastera, a presença de uma Argentina rural, pampeana; enquanto na de Leo Brouwer, Cuba e a sonoridade afro-caribenha se somam nessa apresentação de 60 minutos, um dos principais destaques da programação de aniversário do Theatro.

Já no dia 17, sexta-feira, dois grandes eventos tomam conta do Theatro: o primeiro é o concerto inédito Cantata, que contempla os amantes da música coral, com regência de Maíra Ferreira e programa do compositor e pianista André Mehmari, ao piano junto da clarinetista Paula Pires. Serão 50 minutos de apresentação, que se repete no sábado, dia 18 de setembro, com ingressos entre R$ 10 e R$ 30.

E não para por aí, o outro evento do dia 17 é a Camerata da Orquestra Experimental de Repertório, que se apresenta na Praça das Artes. Nesta apresentação, a regência é de Thiago Tavares e terá, como solista no oboé, Mateus Colares. A ocasião é também a premiação dos jovens solistas da Camerata da Orquestra Experimental de Repertório, e, por conta da alta procura, apenas 2 ingressos gratuitos serão permitidos por CPF, sujeito à lotação.

Foto: Stig de Lavor.

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