O Theatro São Pedro, equipamento cultural da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura, inaugura a sua temporada lírica de 2025, apresentando Fidelio, a única ópera escrita por Ludwig van Beethoven (1770-1827), que terá récitas nos dias 18, 20, 23, 25 e 27 de abril.
A obra pode ser considerada uma “ópera de resgate”, termo usado para designar um tipo de ópera que, especialmente no final do século XVIII e início do século XIX, na esteira da Revolução Francesa, conquistaram enorme sucesso entre a França e a Alemanha. Nessas obras, um personagem é resgatado de uma situação de perigo por outro, geralmente seu par amoroso. Muitas vezes, como é o caso em Fidelio, não apenas o ser amado é salvo, mas a própria verdade é trazida à tona. Florestan, preso político, cumpre dois anos de encarceramento injusto, enquanto Leonore, sua companheira, assume uma identidade masculina para se infiltrar na prisão como guarda, numa arriscada missão para libertá-lo.
A montagem terá o maestro Cláudio Cruz à frente da Orquestra do Theatro São Pedro, e William Pereira na direção cênica. No elenco, estão a soprano Eiko Senda, que viverá Leonore/Fidelio, o tenor Eric Herrero, que interpretará Florestan, e ainda o baixo Gustavo Lassen (Rocco), o baixo-barítono Licio Bruno (Don Pizarro), a soprano Lina Mendes (Marzelline), o tenor Mar Oliveira (Jaquino) e o baixo Andrey Mira (Don Fernando).
“Em ‘Fidelio’, Beethoven nos lembra que a liberdade e a justiça não são meras abstrações; elas são conquistas diárias que exigem coragem, ética e a força do amor como instrumento de redenção”, afirma o encenador William Pereira, destacando que a obra transcende a sua época e nos coloca diante de questões urgentes. “O que fazemos quando o poder oprime? Como manter a fé no humano em tempos sombrios?”
Segundo ele, a montagem transpõe a ação para um espaço atemporal: uma prisão política que poderia estar em qualquer lugar do planeta. “Ao conectar o século XVIII ao XXI, buscamos ampliar o alcance simbólico desse drama. O sofrimento e a esperança dos personagens ecoam nos conflitos contemporâneos, desde campos de refugiados até celas onde a dissidência ainda é punida”, diz.
De acordo com Pereira, Fidelio é um exemplo magistral do equilíbrio entre música e teatro, pois a ópera preserva a estrutura do singspiel (forma de drama musical em alemão), unindo passagens faladas a trechos musicais de profundidade comovente. A alternância cria uma dramaturgia única, onde o texto potencializa a música, e a música, por sua vez, eleva o texto a um plano quase transcendental.
“Montar Fidelio hoje é mais do que revisitar um clássico; é resgatar Beethoven como uma voz que denuncia as tiranias e reivindica o direito à liberdade em um mundo constantemente ameaçado pela opressão. Que esta ópera nos inspire a não apenas imaginar, mas a lutar por um futuro mais humano e justo. Beethoven nos dá as ferramentas, e cabe a nós ouvi-lo e agir”, ressalta.
Transmissão ao vivo
A récita de 25 de abril, sexta-feira, às 20h, será transmitida ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro, neste link.
PROGRAMA
Fidelio, Op. 72b
Ópera em dois atos de Ludwig van Beethoven
Orquestra do Theatro São Pedro
Direção musical e regência: Cláudio Cruz
Direção cênica: William Pereira
Regência do coro: Bruno Costa
Preparador vocal: Fábio Bezuti
Cenografia: Giorgia Massetani
Figurinos: Antônio Rabàdan
Iluminação: Wagner Pinto
Dramaturgismo: Ligiana Costa
Elenco:
Leonore/Fidelio: Eiko Senda, soprano
Florestan: Eric Herrero, tenor
Rocco: Gustavo Lassen, baixo
Don Pizarro: Licio Bruno, baixo-barítono
Marzelline: Lina Mendes, soprano
Jaquino: Mar Oliveira, tenor
Don Fernando: Andrey Mira, baixo
Prisioneiros: Willian Manoel e Ádamo
SERVIÇO
Ensaio geral aberto e gratuito: 16 de abril
Récitas: 18, 20, 23, 25 e 27 de abril (quarta e sexta-feira, às 20h; domingo às 17h)
Onde: Theatro São Pedro (Rua Barra Funda, 171, São Paulo)
Classificação: 14 anos
Ingressos: de R$ 41 (meia-entrada) a R$ 124 (inteira)/ ingressos disponíveis aqui
Fotos: Íris Zanetti (nas fotos, a soprano Eiko Senda e o tenor Eric Herrero).
