TMSP apresenta concerto a partir de “Terra em Transe”, de Glauber Rocha

Uma das grandes alegorias para o estado político, cultural e social brasileiro, Terra em Transe, filme de Glauber Rocha, de 1967, é o ponto de partida do novo trabalho de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska. Em formato de concerto sinfônico, O Canto de Maldoror: Terra em Transe em Transe será apresentado no Theatro Municipal de São Paulo no dia 18 de outubro, às 20h, e também no dia 19, às 17h, com duração aproximada de 140 minutos (incluindo intervalo). A classificação é livre para todos os públicos e os ingressos variam de R$ 10 a R$ 66 (inteira).

“Em ‘Cantos de Maldoror: Terra em Transe em Transe’, os fluxos migratórios entre o som eletrônico que compusemos, a partitura acústica que o recriou, a execução orquestral e coral desta partitura e ainda a audição final do público, vários códigos se entrelaçam, se perdem e se reencontram, articulando-se ainda uma vez, criando novos parâmetros, numa espécie de teste de resistência, algo apocalíptico, de uma verdadeira obra-prima de finais dos anos 60: a trilha sonora original do filme ‘Terra em Transe’”, pontuam os responsáveis pela criação.

Junto com Nuno e Eduardo, o espetáculo contou com as colaborações de Piero Schlochauer e de Rodrigo Morte para construir a orquestração, colocando em forma de música e som a concepção. Na ocasião, Terra em Transe em Transe terá a Orquestra Sinfônica Municipal sob regência de Guga Petri e o Coro Lírico Municipal sob regência de Érica Hindrikson. A concepção cenográfica é de Laura Vinci, e a iluminação, de Wagner Antônio.

O concerto estrutura-se a partir do percurso de Paulo Martins, a personagem central do filme, interpretado, junto aos demais personagens, pelos solistas Georgette Fadel, Marat Descartes e Marcelo Cabral. Dessa maneira, a obra é dividida em quatro “pitchs”, ou afinações diferentes: a) Presente (Pitch – 12); b) Passado Vieira (Pitch – 16) ; c) Delírio (Pitch normal); d) Passado Diaz (Pitch + 12), que vão deformando a sonoridade e o tempo em um deslizar contínuo. Além de Fadel, Descartes e Cabral, o espetáculo terá Marcela Lucatelli como solista.

O cenário de Laura Vinci consiste em quatro pêndulos que vibram em velocidades diferentes, acompanhando os “pitchs”. A ideia é que esses pêndulos entrem em cena como uma forma de materializar o tempo através de uma rigorosa coreografia.

Outro aspecto do concerto é o Coro de Maldoror, criado a partir dos improvisos de Juçara Marçal, em chicote ou aboio, retrabalhados até formar o material que o Coro Lírico Municipal cantará. A partir desta profusão sonora, estética e política, essa obra é uma tentativa de acessar essa estranha perda contemporânea da posição relativa entre personagens, forças e corpos.

Nuno Ramos

É pintor, desenhista, escultor, escritor, cineasta, cenógrafo e compositor, e participou da Bienal de Veneza de 1995, onde foi o artista representante do pavilhão brasileiro, e das Bienais Internacionais de São Paulo de 1985, 1989, 1994 e 2010. Em 2006, recebeu, pelo conjunto da obra, o Grant Award, da Barnett and Annalee Newman Foundation.

Eduardo Climachauska

É artista visual, compositor, ator e cineasta. Nos últimos trinta anos, trabalhando solo ou em parceria, tem dirigido e atuado em filmes, vídeos, peças teatrais, realizado instalações, performances, trabalhos em diferentes meios e suportes, exposições em museus, instituições culturais, galerias de arte no Brasil e no exterior, gravado álbuns autorais de música, além de ter composições gravadas por outros artistas. Realizou também direção de arte, cenários e figurinos para teatro, além de dar aulas e palestras. Trabalha e reside em São Paulo.


O Canto de Maldoror: Terra em Transe em Transe

Orquestra sinfônica Municipal
Coro Lírico Municipal

Nuno Ramos e Eduardo Climachauska, concepção e criação
Piero Schlochauer e Rodrigo Morte, orquestração
Guga Petri, regência
Érica Hindrikson, regência do Coro Lírico Municipal
Laura Vinci, concepção cenográfica
Wagner Antônio, iluminação
Georgette Fadel, Marcela Lucatelli e Marat Descartes, solistas

Quando: 18 e 19 de outubro, sexta-feira e sábado, respectivamente às 20h e às 17h
Onde: Theatro Municipal de São Paulo
Duração aproximada: 140 minutos (com intervalo)
Classificação: livre para todos os públicos
Ingressos: de R$ 10 a R$ 66 (inteira)


Foto: Rafael Salvador.