A Cia. Bachiana Brasileira convida a todos para o lançamento do último de três vídeos com reflexões sobre Cultura, Arte e a MBC, a Música Brasileira de Concerto, de seu diretor musical e fundador, o maestro Ricardo Rocha, a partir do projeto premiado pelo Edital Cultura Presente nas Redes 2, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e seu Governo. Após a publicação dos Módulos I, sobre Cultura, e II, sobre Arte, será lançado o Módulo III, sobre a MBC, nesta sexta-feira, 02 de setembro, às 20h, no canal do YouTube da Cia. Bachiana Brasileira.
Módulo III – Final da Trilogia
Para chegar ao acervo musical que o Brasil vem escrevendo há mais de três séculos, o maestro fará uma reflexão sobre a natureza da Música como fenômeno ancestral que tem a sua gênese em ambiente sagrado, e como o desaparecimento do cultivo da sacralidade determina o progressivo desaparecimento de canções, ritmos e dança. Nessa introdução serão apresentadas as características da música que a distinguem das outras artes, por ser a única manifestação artística que se dá exclusivamente no tempo, à diferença das espaciais, como as artes plásticas e a arquitetura, e as que conjugam tempo e espaço, como o teatro, o cinema e a dança.
A Música é também a única arte em que a forma não é material e visivelmente percebida, mas fruída auditivamente, o que já implica numa das diferenças entre a música de concerto, chamada de erudita ou ‘clássica’, e a popular – questão que, como outras, serão igualmente esclarecidas.
Em contraponto à Música Popular Brasileira, conhecida e reconhecida nacional e internacionalmente como MPB, a nossa MBC é marca que dá rosto à Música Brasileira de Concerto. Apesar de ilustre desconhecida, talvez seja o nosso último grande patrimônio cultural a ser descoberto, não só pelo Brasil, mas também pelo mundo, com força para mudar a imagem estereotipada que a maioria ainda tem de nosso país no exterior. Reunindo a maior produção musical da história das Colônias, aqui nasceram os maiores compositores das Três Américas nos séculos XVIII, José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), XIX, Carlos Gomes (1836-1896) e XX, Villa-Lobos (1887-1959). Estamos falando da enorme literatura musical que veio sendo escrita do século XVII até hoje, produzindo grandes expoentes em todas as gerações brasileiras.
É preciso que o mundo descubra essa música e seus compositores. O Brasil é um manancial musical, e a sua música culta, um tesouro desconhecido. Trazendo cores e pulsões próprias, ainda que às vezes encerradas em formas antigas e consagradas, a descoberta deste acervo não virá revolucionando nada, mas tão somente causando surpresas e novas experiências estéticas, vivificando e alimentando uma contemporaneidade pobre de manifestações musicais de qualidade. Precisamos de uma política pública que gere um movimento articulado o suficiente para trazer à tona e ao conhecimento geral a existência deste acervo, pois que até eminentes representantes de nossa intelectualidade desconhecem-na, conferindo à MPB, com seus pouco mais de 100 anos, status exclusivo da expressão musical brasileira. A descoberta e a distribuição deste tesouro é, certamente, uma das maiores contribuições que o Brasil tem a oferecer no concerto das nações, e é isso o que a palestra se propõe a mostrar.
Como já dito antes, também essas reflexões não têm qualquer pretensão de primazia da verdade, mas tão somente uma contribuição séria e honesta para o seu debate.