Festival Amazonas de Ópera é cancelado

A 26ª edição do Festival Amazonas de Ópera (FAO), prevista para ocorrer entre abril e maio de 2024, foi cancelada. Notas Musicais obteve essa confirmação com dois profissionais ligados ao importante evento lírico de Manaus.

Uma informação que não conseguimos confirmar neste primeiro momento, mas que nos chegou de fonte confiável, deu conta de que a decisão partiu do governo do estado do Amazonas, chefiado por Wilson Lima, do partido União Brasil. A fonte não soube especificar com precisão o motivo que teria levado o governo a cancelar o Festival.

Em 2023, ainda durante a 25ª edição do FAO, seus gestores anunciaram as óperas que seriam apresentadas neste ano: Simon Boccanegra, de Giuseppe Verdi; O Afiador de facas, de Piero Schlochauer; Lakmé, de Léo Delibes; Alma, de Claudio Santoro; e Fedora, de Umberto Giordano. Haveria também um concerto denominado Gala Puccini, em homenagem aos 100 anos da morte do compositor. Todas as óperas citadas seriam encenadas. Veja aqui essa informação no site oficinal da secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas.

Há algumas semanas, no entanto, já se comentava nos bastidores que o programa do Festival havia sido alterado: apenas Simon Boccanegra seria encenada, enquanto Lakmé seria apresentada em forma de concerto. Os outros três títulos líricos teriam sido excluídos da programação. No lugar destes, entraria uma versão em concerto de La Bohème, de Giacomo Puccini. Agora, nem isso acontecerá mais.

Não é a primeira vez que o Festival é cancelado. Em 2015, também por questões ligadas à baixa política, o FAO não foi realizado, depois de 18 edições ininterruptas até 2014. A sua 19ª edição aconteceu somente em 2016. Em 2020, o evento também não aconteceu, mas por um motivo justo: a pandemia de Covid-19.

Em novembro de 2022, foi anunciada a criação do Fundo Festival Amazonas de Ópera, um instituto sem fins lucrativos com o objetivo de captar doações filantrópicas de pessoas físicas e jurídicas para o desenvolvimento do FAO. Ao que tudo indica, não houve tempo suficiente para a formação adequada do referido Fundo, uma vez que o Festival claramente continua refém dos politiqueiros de ocasião.

Ainda que se possa tecer críticas à gestão do Festival por uma ou outra decisão, sobretudo no que tange à escalação de elencos, o evento lírico brasileiro que alcança maior repercussão e reconhecimento no exterior não merecia ser tratado desta forma pelas pragas que infestam a política brasileira.


Foto: Michael Dantas.

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