Constituída por 17 comunidades autônomas, a Espanha é matriz de uma riqueza cultural única, refletida em sua gastronomia, danças, arquitetura e, principalmente, música. A tradição sinfônica do país será celebrada no concerto da Série Mundo que a Orquestra Sinfônica Brasileira leva ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 27 de abril. No repertório, composições de Juan Crisóstomo de Arriaga, Manuel de Falla, Serguei Prokofiev e Igor Stravinsky. A pianista Linda Bustani é a solista convidada para o concerto, que será regido pelo destacado maestro espanhol Ignacio García Vidal.
A vida de Juan de Crisóstomo Arriaga foi breve, mas intensa. Apelidado de “Mozart espanhol”, o compositor faleceu aos 19 anos, mas firmou seu nome no panteão da música espanhola oitocentista. Seu catálogo de obras, embora modesto, atesta o seu refinamento e revela uma poderosa singularidade criativa. A Abertura “Los esclavos felices”, que dá início a este concerto, foi composta pouco antes de sua morte, com o intuito de integrar uma ópera escrita aos 13 anos de idade. Rica em temas cativantes, a peça guarda um colorido rossiniano, o que se revela não apenas no evidente contraste entre a introdução lenta e o allegro engenhoso, mas também nas interjeições espirituosas dos instrumentos de sopro.
Da atmosfera solar e brilhante da música de Arriaga o programa avança rumo aos jardins perfumados e misteriosos de Manuel de Falla. Inicialmente esboçada para piano solo e mais tarde concluída em versão para piano e orquestra, Noches en los Jardines de España não é um concerto tradicional, mas, antes, uma série de “impressões sinfônicas” em cuja atmosfera orvalhada ecoam paisagens da terra natal do compositor. O primeiro movimento, En el Generalife, evoca o famoso jardim do Palácio de Generalife com um tema de sabor mourisco e orquestração delicada e colorida. Danza lejana, por sua vez, é um intermezzo dramático e sensual cujos ritmos e harmonias são reminiscentes do flamenco. O movimento final, En los jardines de la Sierra de Córdoba, começa em total furor, com piano e orquestra se entrecruzando em episódios que aludem à música cigana. O clima tempestuoso cede lugar a uma seção intermediária cheia de influência andaluza, e a obra, em absoluta elegância, evapora.
O concerto segue com uma das obras mais queridas de Serguei Prokofiev: a Sinfonia nº 1. Carinhosamente chamada de “Clássica” pelo compositor, a obra combina concisão, assertividade e bom humor, e presta tributos ao Classicismo vienense; o estilo inconfundível do russo, no entanto, se faz presente em toda a obra. “Se Haydn vivesse nos dias de hoje, ele conservaria seu próprio estilo ao mesmo tempo em que incorporaria algo novo… esse é o tipo de sinfonia que eu gostaria de escrever”, escreveu o compositor em sua autobiografia. Ao longo de quatro movimentos, o que se ouve é uma trama engenhosa que combina dissonâncias intrigantes, cadências ambíguas e um indiscutível senso de humor, atualizando de forma irreverente o modelo consagrado da sinfonia setecentista.
A Suíte Pulcinella de Igor Stravinsky, derivada do balé homônimo de 1920, representa um ponto de virada crucial na carreira do compositor. Trabalhando sobre melodias do século XVIII (atribuídas a Giovanni Battista Pergolesi) e adicionando a elas o seu colorido pessoal, o russo reconfigurou a sua própria linguagem musical, abrindo caminho para aquela que seria a sua fase de orientação “neoclássica”. A Suíte tem início com uma abertura intitulada Sinfonia, de apelo caloroso; em seguida, entra em cena uma Serenata que envolve o ouvinte no ondulante ritmo siciliano. Dividido em duas partes contrastantes, o clima do Scherzino é de leveza e de alegria, mesmo na seção mais lenta. A festa de cores e ritmos da Tarantella desemboca sem pausas em uma Toccata que explora brilhantemente o uso dos sopros. A obra se encaminha para o fim com os três movimentos seguintes: uma Gavotta de caráter pastoral, um Vivo cheio de humor e um Minuetto que, embora gracioso de início, termina cheio de energia.
PROGRAMA
Orquestra Sinfônica Brasileira
Série Mundo – Espanha
Ignacio García Vidal, regência
Linda bustani, piano
Juan Crisóstomo de Arriaga
Los Esclavos Felices – Abertura
Manuel de Falla
Noches en los Jardines de España
INTERVALO
Sergei Prokofiev
Sinfonia nº 1 “Clássica”
Igor Stravinsky
Suite do balé “Pulcinella”
SERVIÇO
Quando: 27 de abril, sábado, às 19h
Onde: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Praça Floriano, s/nº, Centro, Rio de Janeiro)
Ingressos: Frisa/Camarote > R$ 80,00 (R$ 40,00 meia) / Plateia/Balcão Nobre > R$ 80,00 (R$ 40,00 meia) / Balcão Superior > R$ 50,00 (R$ 25,00 meia) / Balcão Superior Lateral > R$ 40,00 (R$ 20,00 meia) / Galeria > R$ 30,00 (R$ 15,00 meia) / Galeria Lateral > R$ 20,00 (R$ 10,00 meia)
Ingressos à venda na bilheteria do TMRJ e no site Fever
Foto: divulgação.