OSB e Cláudio Cruz na Cidade das Artes

No dia 16 de dezembro, a Orquestra Sinfônica Brasileira retorna ao palco da Grande Sala da Cidade das Artes para mais um concerto da Série Terra. A orquestra apresentará obras de Dmitri Shostakovich, Liduino Pitombeira e Antonín Dvořák, sob a batuta do maestro Claudio Cruz. O solista do espetáculo será o claronista da OSB, Thiago Tavares.

Três dias: esse foi o tempo que Dmitri Shostakovich precisou para compor a Abertura Festiva que abre este programa. A peça foi escrita em 1953, por ocasião dos 37 anos da Revolução de Outubro, e, embora despretensiosa, revela um dos traços marcantes da música do compositor russo: seu peculiar senso de humor. Baseando-se em um modelo formal que relembra a abertura da ópera Ruslan e Lyudmila, de Glinka, Shostakovich engendra um espetáculo sonoro de fogos de artifício, com passagens orquestrais virtuosísticas executadas em andamentos vertiginosos. O resultado é uma obra cheia de energia que, não sem motivos, caiu no gosto do público e se firmou no cânone do repertório orquestral.

A segunda obra do programa é o Concerto para Clarone e Orquestra intitulado “A queda do céu”, de Liduino Pitombeira. Dedicada à OSB e ao solista do espetáculo, Thiago Tavares, a composição é uma homenagem ao livro homônimo de Davi Kopenawa e Bruce Albert. De acordo com Kopenawa, “o céu já caiu sobre os antigos, há muito tempo”; por meio da preservação de sua cultura, o povo indígena tenta impedir que o trágico evento se repita, pois “enquanto os xamãs estiverem vivos, eles poderão evitar a queda do céu, mesmo que ele fique muito doente”. Essa poderosa narrativa serve de eixo para o concerto de Pitombeira, que reflete musicalmente sobre a importância da sabedoria e das práticas ancestrais na manutenção da harmonia e do equilíbrio da vida.

Grandiosa em tamanho e em caráter, a obra que encerra o programa é a Sinfonia Nº 9 em Mi menor, de Antonín Dvořák. Desde a sua estreia, a sinfonia tem suscitado debates sobre a origem de seu material temático: nos EUA, houve quem indicasse a influência da música negra e indígena americanas; já para os ouvintes europeus, a obra tinha mais o aroma da Boêmia do que propriamente o sabor do “Novo Mundo”. Havia um consenso entre os ouvintes, no entanto: todos sabiam que estavam diante de um pináculo da música sinfônica. De exuberante variedade melódica e sofisticado manejo orquestral, a nona de Dvořák engloba uma gama de emoções, articuladas em um arco emocional que vai do terno e lírico até o violento e dramático. Um taciturno Adagio dá início ao primeiro movimento, mas logo desemboca em um Allegro molto tumultuoso e cheio de ímpeto. São os metais que, com sete acordes solenes, anunciam o início do  Largo, escrito na distante tonalidade de ré bemol maior. O terceiro movimento, Scherzo, é reminiscente da  9ª de Beethoven, mas foi inspirado  em uma cena de Canção de Hiawatha, poema épico de Henry Longfellow baseado no mito indígena norte-americano. O poderoso Finale, além de conter uma das melodias mais famosas de Dvořák, também retoma temas apresentados em outros movimentos, embalando a sinfonia em um todo coeso e de grande impacto expressivo. 

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PROGRAMA

Orquestra Sinfônica Brasileira
Claudio Cruz, regência
Thiago Tavares, clarone

Dmitri Shostakovich
Abertura Festiva

Liduino Pitombeira
A queda do Céu

Antonín Dvořák
Sinfonia nº 9, “Novo Mundo”

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SERVIÇO

Quando: 16 de dezembro, sábado, às 16h
Onde: Cidade das Artes | Grande Sala (Av. das Américas, 5.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro)
Ingressos: Plateia > R$ 50 (R$ 25 meia) / Frisa > R$ 50 (R$ 25 meia) / Camarote > R$ 30 (R$ 15 meia) / Galeria > R$ 10 (R$ 5 meia)

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Foto: Andrea Nestrea.

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