Uma verdadeira joia do repertório operístico ganha nova versão em junho: I Pagliacci (“Os Palhaços”), de Ruggero Leoncavallo. A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), fundação vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS), realiza o espetáculo com um grande elenco de solistas da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS), marcando a primeira parceria entre as duas instituições. O Grupo Tholl, ao mesmo tempo, inspira e é homenageado pela montagem, que também dá destaque ao Coro Sinfônico da OSPA. As três récitas ocorrem nos dias 17, 18 e 20 de junho, no Theatro São Pedro. A venda de ingressos já começou e os bilhetes podem ser adquiridos por meio do seguinte link: Sympla. Os preços variam entre R$ 50 e R$ 120.
O maestro Evandro Matté sublinha as vantagens da parceria da OSPA com a CORS: “Desde 2015, a Fundação OSPA passou a realizar uma ópera por ano, com o objetivo de resgatar o gênero, que foi muito tradicional no passado do nosso estado. Esta parceria da OSPA com a CORS pode ampliar as possibilidades de realizações e inserir a ópera com mais constância no calendário cultural gaúcho”, afirma, ressaltando também a aliança com o Tholl: “A ópera nos oportuniza abraçar diferentes formas de arte em um só espetáculo. Em ‘I Pagliacci’, estamos muito felizes em poder contar com a magia do Grupo Tholl”.
Dividida em prólogo e dois atos, I Pagliacci é a trágica obra-prima do compositor italiano Ruggero Leoncavallo, e também o seu maior sucesso. Para compor a música e escrever o libreto, ele se inspirou em uma história real ocorrida no sul da Itália. A estreia da ópera ocorreu em Milão, em 21 de maio de 1892. A versão inédita que será montada em Porto Alegre pela OSPA atualiza a história, transportando-a para uma cidade fictícia no interior gaúcho, em pleno 2023. No primeiro ato, uma trupe circense representada pelo Grupo Tholl desembarca no local para apresentar um espetáculo. Enquanto o evento é preparado, os integrantes da companhia se enredam em uma série de relações abusivas. O líder da trupe, Canio, descobre a infidelidade da esposa, Nedda, e interpreta a famosa ária Vesti la Giubba, enquanto veste o seu figurino para o espetáculo. No segundo ato, ficção e realidade se misturam no palco durante uma apresentação do Grupo Tholl. Tomado pela fúria, Canio assassina a mulher e o seu amante diante de toda a plateia.
Questões como feminicídio e discriminação – intrínsecas à história original – vêm à tona nesta releitura contemporânea da ópera, que tem regência e direção musical de Evandro Matté e direção cênica e concepção de Flávio Leite. “O Brasil é um país que mata uma mulher por feminicídio a cada seis horas, e esta ópera traz um caso clássico de maus tratos, cárcere privado e abuso contra a mulher. Não alteramos nada da ópera original, apenas questionamos se esses crimes podem continuar impunes em 2023 através da encenação”, pontua Flávio Leite.
A montagem do elenco foi realizada pela CORS, que fez audições públicas para encontrar as vozes de I Pagliacci. Para cada papel, foram selecionados dois cantores que vão se revezar nas datas das apresentações. Nedda é interpretada pela soprano japonesa Eiko Senda e pela soprano italiana Maria Sole Gallevi. Canio é vivido por Lazlo Bonilla e por Giovanni Marquezelli. O elenco, formado inteiramente por integrantes da CORS, inclui ainda Daniel Germano, Roger Scarton, Carlos Rodriguez, Roger Nunes, Alex Barbosa e também ex-alunos do projeto Ópera Estúdio, como Oséas Duarte e o próprio Lazlo.
A companhia de circo que está no centro da trama é interpretada pelo Grupo Tholl, trupe circense sediada em Pelotas que é referência nacional e, recentemente, completou duas décadas de história. A estética do grupo, marcada por lirismo e cor, inspira toda a ópera, desde os cenários, alusivos ao espetáculo Cirquin, até os figurinos, garimpados do acervo da trupe. A participação será especialmente destacada no segundo ato de I Pagliacci, quando o público terá a oportunidade de assistir a uma amostra de um espetáculo do Tholl.
Outra participação especial fundamental é a do Coro Sinfônico da OSPA, que estará representado por 25 cantores. Além de atuar como os habitantes da cidade que recebe o circo, os cantores terão a missão de cantar peças desafiadoras, com destaque para o Coro dos Sinos, um dos trechos mais famosos da ópera.
–**–
I Pagliacci
Ópera em prólogo e dois atos
Música e libreto: Ruggero Leoncavallo
Elenco:
Canio: Lazlo Bonilla / Giovanni Marquezelli, tenores
Nedda: Eiko Senda / Maria Sole Gallevi, sopranos
Tonio: Daniel Germano / Roger Nunes, barítonos
Silvio: Carlos Rodriguez / Alex Barbosa, barítonos
Beppe: Roger Scarton / Oséas Duarte, tenores
Participações especiais: Grupo Tholl e Coro Sinfônico da OSPA
Apresentação: Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA)
Parceria cultural: Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul
Ficha técnica:
Regência e direção musical: Evandro Matté
Concepção e direção cênica: Flávio Leite
Preparação musical do elenco: Eiko Senda
Assistência de direção: Brenda Knevitz e Maitê Desessards Moraes
Cenários: Rodrigo Shalako e Grupo Tholl
Iluminação: Veridiana Mendes
Figurinos: Acervo Tholl
Legendas: Marina Gimenez
Maquiagem: Gonzalo Lamego
Pianista correpetidor: Patrick Menuzzi
–**–
SERVIÇO
Quando: 17 (sábado) e 20 (terça-feira) de junho, às 20h / 18 de junho (domingo), às 18h
Onde: Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº – Centro – Porto Alegre, RS)
Ingressos: R$ 120 (Plateia), R$ 100 (Camarote Central), R$ 80 (Camarote Lateral) e R$ 50 (Galeria) – Desconto de 50% para Amigos OSPA, idosos, doadores de sangue, pessoas com deficiência, estudantes, jovens até 15 anos e ID Jovem
Bilheteria on-line: ingressos já à venda: Sympla
Bilheteria do Theatro São Pedro*: dias 17, 18 e 20 de junho, 1:30h antes do início do espetáculo
*Abertura mediante a disponibilidade de ingressos
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Acessibilidade: pessoas com mobilidade reduzida e com deficiência visual
Informações para o público: (51) 3288-1507, de segunda a sexta, das 9h às 18h
Estacionamento do TSP: entrada pela Rua Riachuelo, 1.089 / Valor único de R$ 18 em dias de espetáculos
Duração aproximada: 2:30h.
–**–
Foto principal: Vitor Ceolin (ensaio da ópera).