Produção conta, ainda, com os brasileiros Renato Theobaldo (cenografia) e Marcelo Marques (figurino).
Rusalka, ópera do compositor tcheco Antonín Dvořák, morto há exatos 120 anos, subirá hoje pela primeira vez ao palco do Auditório de Tenerife, na Espanha. À frente da equipe cênica está o diretor brasileiro André Heller-Lopes, em sua quinta produção em território europeu e estreia espanhola.
Heller-Lopes salienta, em vídeo veiculado no canal de YouTube do Auditório de Tenerife, a contemporaneidade da obra: “com a dificuldade de comunicação entre as pessoas e a necessidade de nos humanizarmos, mas sem magia, sem fantasia, de uma maneira real, em que as pessoas possam se comunicar por um mundo melhor, por um mundo de amor, por um mundo de paz”.
No programa de sala, Heller-Lopes aponta que a história transcorre entre o bosque de conto de fadas de Rusalka e o mundo real do palácio do príncipe. “E se invertêssemos a lógica da história e víssemos o mundo do príncipe como o da fantasia, do amor ideal (e, portanto, impossível), e o mundo de Rusalka como o da realidade? Eu queria ver Rusalka como uma pessoa normal, um ser humano apaixonado como todos nós; uma artista em um palco de um teatro ainda vazio, onde vemos um ‘bosque’ de estantes de música, cadeiras, pequenas luzes e instrumentos. Nesse espaço, sonha com esse amor romântico e imagina que lhe trará felicidade absoluta”.
Na direção musical, o maestro inglês Paul Daniel estará à frente da Sinfônica de Tenerife. O elenco será encabeçado pela soprano americana Vanessa Goikoetxea no papel-título.
Embora hoje em dia Rusalka seja um título relativamente popular e faça parte do repertório de grandes teatros, o espírito aquático de Dvořák nunca passou pelo Theatro Municipal ou pela cidade de São Paulo — é verdade que já passou perto: em 2021, foi apresentada no sempre inovador Festival de Ópera de Guarulhos. Olhando para o histórico recente do Municipal de São Paulo, no entanto, creio que podemos ter alguma esperança. A atual direção tem demonstrado interesse em trazer ao público paulistano as leituras de diretores brasileiros que estrearam em importantes teatros mundo afora. Somente neste ano, poderemos ver, no TMSP, a Madama Butterfly da diretora Livia Sabag, que, conforme noticiamos, fechou a temporada 2023 do Teatro Colón, de Buenos Aires, bem como o Nabucco que Christiane Jatahy produziu em Genebra. Não vejo, pois, motivo para que a Rusalka de Heller-Lopes não tenha o mesmo destino, ainda mais que, de quebra, isso promoveria a necessária e urgente estreia paulistana da ópera de Dvořák.
Fotos retiradas das redes sociais.
Cofundadora do site Notas Musicais, também colabora com a revista eletrônica mexicana Pro Ópera e com o site italiano L’Ape Musicale. Fez parte do júri das edições 2020 e 2022 a 2024 do Concurso Brasileiro de Canto ‘Maria Callas’ e é membro do conselho de Amigos da Cia. Ópera São Paulo. Em 2017, fez a tradução, para o português, do libreto da ópera Tres Sombreros de Copa, de Ricardo Llorca, para a estreia mundial da obra, em São Paulo. Estudou canto durante vários anos e tem se dedicado ao estudo da história da ópera e do canto lírico.
Importante reconhecimento do trabalho de Heller (que ainda conta com os brasileiros Marcelo Marques e Renato Theobaldo) ! A apresentação no teatro Sao Pedro foi magnifica !!!!
Interessante ver o André num local tão inusitado com uma obra pouco conhecida por aqui. Seria muito bom podermos trazer este título ao Municipal ou, mais facilmente, ao São Pedro, que estreou muita coisa nova nos últimos anos. A conferir se vai ser colocada à disposição de um público maior.