“Madama Butterfly” dirigida por Livia Sabag estreia no Teatro Colón

Estreia hoje, 7 de novembro, no Teatro Colón, em Buenos Aires, a produção de Madama Butterfly, de Giacomo Puccini, assinada pela diretora cênica brasileira Livia Sabag e com cenários do argentino Nicolás Boni — um verdadeiro artista, que está ganhando cada vez mais projeção internacional e cujo trabalho temos a felicidade de conhecer em São Paulo desde a sua estreia em 2013, no Theatro São Pedro, em The Turn of the Screw, que também contou com direção de Sabag.

O título, último da invejável temporada lírica 2023 do Colón, marca a estreia internacional de Sabag — e logo neste teatro, que é atualmente o mais importante da América Latina e que goza de reconhecimento internacional. Enquanto em importantes casas de ópera norteamericanas, como o Metropolitan, é possível comprar ingresso na hora, a Butterfly do Colón está estreando com ingressos esgotados.

Em suas redes sociais, Sabag escreveu:

Esta produção tem um significado especial para mim, pois além de ser a primeira vez que trabalho neste lindo teatro, há exatos 20 anos eu ensaiava, em São Paulo, a primeira ópera que tive a oportunidade de dirigir. Além disso, há 10 anos estreei Madama Butterfly com um time maravilhoso em Belo Horizonte e, poucos meses depois, The Turn of the Screw em São Paulo, outro trabalho especial que marca o início de minha parceria artística com meu amigo querido Nicolás Boni, cenógrafo desta Butterfly.

A julgar pela matéria de Cecilia Scalisi no jornal argentino La Nacion, Sabag rejeitou a visão anacrônica, demasiado romântica e estereotipada do drama de Cio-Cio-San, mas também optou por não desconstruir nem propor uma releitura direcionada da obra. O caminho por ela escolhido foi reagir ao Romantismo por meio do Realismo.

Na matéria do La Nacion, Sabag diz que a origem da tragédia de Cio-Cio-San está no harakiri: “a morte do pai que se suicida para preservar a honra e mergulha a família em um futuro de pobreza, obrigando a Butterfly a converter-se em geisha, a casar-se com um estrangeiro e a abandonar a sua religião (…)”.

Ainda segundo Sabag, a produção ressalta o aspecto social, a posição de vulnerabilidade ocupada pela mulher. O cenário é “árido e seco, em tons de areia, cinza e terra; nada primaveril, nada romântico nem florido; com uma casinha simples no estilo das ‘casas do povo’ japonesas, minka, na ladeira de uma montanha rochosa; com uma árvore seca com raízes expostas que é uma metáfora da Butterfly prestes a cair e com figurinos simples (…), não há nada perfeito ou rico nessa produção”.

Expondo uma realidade de desigualdade social, Sabag busca permitir que o público experimente a árida trajetória percorrida pela personagem-título e tire as suas próprias conclusões. Como podemos ver pelas fotos, tudo isso é feito sem perder o senso estético, a beleza plástica: tudo parece ser um convite para olhar e penetrar na crueza do drama, e não para fechar os olhos e, simples e comodamente, deslumbrar-se com a música.

O espetáculo conta com a direção musical de Jan Latham-Koenig e Carlos Vieu, figurino de Sofía Di Nunzio, luz de José Luis Fiorruccio e vídeo de Matías Otálora. A coreana Anna Sohn e as argentinas Daniela Tabernig e Mónica Ferracani dão vida a Cio-Cio-San. Pinkerton fica por conta do italiano Riccardo Massi e do argentino Fermín Prieto. Como Suzuki, a serva amorosa de Butterfly, se alternam a japonesa Nozomi Kato e as argentinas María Luján Mirabelli e Cecilia Díaz. O elenco completo pode ser consultado no site do Teatro Colón.

No dia 12 de novembro, domingo, às 17hs, a ópera será transmitida ao vivo através do canal de YouTube do Teatro Colón.

Fotos retiradas das redes sociais.

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