A Sinfonia nº 2, mais conhecida como Sinfonia da Ressurreição, é uma das obras mais bem-sucedidas e conhecidas do regente e compositor tcheco-austríaco Gustav Mahler. Partindo da questão “por que se vive?”, atravessando a liturgia cristã, esta obra narra a vitória sobre a morte e a redenção final do ser humano. Com a Orquestra Sinfônica Municipal, regida por Roberto Minczuk, o Coro Lírico Municipal e o Coral Paulistano, o espetáculo será apresentado na Sala de Espetáculos nos dias 29 (às 20h) e 30 (às 17h) de março, com duração de 80 minutos e ingressos de R$ 12 a R$ 66 (inteira).
Além dos corpos artísticos da casa, Ressurreição contará com a participação da soprano Marly Montoni e da mezzosoprano Carolina Faria. Montoni estreou no Theatro Municipal de São Paulo em 2017, como Leonora em Fidelio, de Beethoven. De lá pra cá, trabalhou sob direção musical de nomes como Silvio Viegas, Luiz Fernando Malheiro, André dos Santos, Ligia Amadio e Pedro Messias. Já Carolina Faria iniciou a sua vida artística profissional aos 19 anos no coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e trabalhou em vasto repertório de ópera, oratório, canção sinfônica, música de câmera e vanguarda, com especial ênfase à Música Brasileira Colonial e honrosa participação em gravações históricas.
“A escolha de fazermos a segunda sinfonia na Semana Santa, é por tratar do assunto da ressurreição”, explica o maestro Roberto Minczuk. “O texto reflete a crença de que haverá um dia onde todos ressuscitarão dos mortos, como vários textos falam sobre a ressurreição, inclusive a Bíblia, que foi o texto que mais inspirou Mahler neste momento. Ela reflete certa esperança”, pontua.
Formada por dez trompas, oito trompetes, grande número na percussão, cordas, grande coro e duas solistas, esse é provavelmente o trabalho mais aclamado de Mahler, que até hoje exerce influência na cultura erudita e popular. Curiosamente, a obra ganhou destaque no filme Maestro, dirigido por Bradley Cooper, sobre a vida do compositor, maestro e regente Leonard Bernstein, que concorreu à categoria de melhor filme no Oscar.
A morte é tema recorrente em Mahler. Após terminar a composição de sua Sinfonia nº 1 (1888), iniciou o poema sinfônico chamado Totenfeier (Rito Funeral). Em seguida, começou a trabalhar com a ideia de continuar a composição, escrevendo nos moldes da grande sinfonia, como a Nona de Beethoven.
“A sinfonia começa como um poema sinfônico fúnebre. O primeiro movimento é um grande cortejo fúnebre e trata-se da trajetória de um herói, de uma pessoa estimada. Os demais movimentos refletem sobre as alegrias passadas, vividas na terra. O ‘grand finale’ fala sobre a esperança, a glória da vida após a morte”, finaliza o regente.
Foto: Rafael Salvador.
A obra de Mahler absolutamente não passa pela liturgia cristã, nem sequer faz qualquer menção a Jesus Cristo… a crença na ressurreição existe na religião judaica e em outras religiões. Colocar a obra de Mahler na Páscoa cristã é ignorar ou desconhecer o significado da ressurreição de Cristo.