Resumo da Ópera 2024

Um balanço da temporada lírica brasileira e a indicação dos melhores do ano.

Chegamos ao fim de mais um ano, e chegou também o momento de publicamos o nosso balanço das temporadas líricas pelo Brasil. Começamos com um resumo do que os nossos principais teatros produziram; seguimos com uma homenagem aos artistas e profissionais ligados ao meio que nos deixaram; passamos às indicações dos melhores do anos; e terminamos com a citação, mês a mês, de vários eventos relevantes ligados à ópera e ao canto lírico que aconteceram fora dos principais teatros, bem como mencionamos também algumas conquistas de artistas brasileiros no exterior.

Aproveitamos essa introdução para também destacar o excelente crescimento de Notas Musicais em 2024, consolidando de vez a nossa atuação na cobertura das temporadas de óperas pelo país. Depois de iniciarmos a nossa trajetória em 2022, e de experimentarmos um crescimento relevante em 2023, neste ano tivemos um crescimento de acessos da ordem de 116,50% – considerando o período de 01/12/2023 a 30/11/2024, comparado com igual período anterior (01/12/2022 a 30/11/2023).

Agradecemos uma vez mais os nossos leitores pela confiança e pelo interesse contínuo em nossas publicações!

Ludmilla Bauerfeldt e Giovanni Tristacci no último ato de Rusalka (foto: Daniel Ebendinger)

Em um ano no qual os teatros de São Paulo deixaram a bola quicando solta por aí, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro seguiu em sua evolução paulatina, observada desde o segundo semestre de 2023. Neste ano, a casa abriu a sua temporada em março com um concerto que incluiu o magnífico Te Deum, em Dó Maior, WAB 45, de Anton Bruckner, mas sem ter divulgado até aquele momento a sua programação completa para 2024. Essa divulgação, no entanto, aconteceu não muito tempo depois, em abril, e com dois destaques positivos: estava acontecendo no início da temporada ainda; e incluía uma ópera no primeiro semestre – duas características que há alguns bons anos estavam distantes do TMRJ. E o que é melhor: a temporada anunciada foi devidamente cumprida (com uma pequena e pouco relevante alteração: o concerto com orquestra anunciado em homenagem ao Dia Mundial da Ópera foi substituído por um recital com piano).

Senhor das Águas (Licio Bruno) e as Ninfas em Rusalka (foto: Daniel Ebendinger)

A casa apresentou um total de seis produções líricas, todas devidamente encenadas, sendo três pela temporada oficial: O Elixir do Amor, de Donizetti (críticas aqui e aqui), em abril; Il Trittico, de Puccini, que reúne as óperas Il Tabarro, Suor Angelica e Gianni Schicchi, em julho; e Rusalka, de Dvořák (críticas aqui e aqui), em novembro – esta uma produção original do Auditório de Tenerife, na Espanha. Os outros três títulos integraram a bela iniciativa que é o Festival Oficina da Ópera, cuja segunda edição foi realizada em setembro: Candinho, de Ripper, La Serva Padrona, de Pergolesi (crítica de ambas aqui), e Le Villi, de Puccini. Il Trittico e Le Villi, claro, lembraram os 100 anos de morte de Puccini, a maior efeméride lírica do ano.

Um dos aspectos mais positivos das óperas produzidas pelo TMRJ em 2024 foi a escolha dos títulos, bastante variados. Outro ponto positivo foram as encenações, e não foi à toa que os profissionais convidados pela casa dominaram a nossa relação de melhores do ano. Já quanto à escalação de solistas, houve altos e baixos, desde escolhas excelentes até algumas bem questionáveis. É um ponto em que a casa ainda precisa evoluir.

Ludemilla Bauerfeldt, em pé, e Denise de Freitas, sentada em cena de Rusalka (foto: Daniel Ebendinger)

Apesar disso, em termos artísticos, o ponto mais sensível no momento que deve preocupar a direção da casa é a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal (OSTM). O nível geral do conjunto anda constrangedor devido, dentre outros fatores, ao excesso de rodízio de músicos. Durante uma mesma produção de ópera, por exemplo, a formação que toca na estreia é diferente daquela da segunda récita, que é diferente da terceira, e assim sucessivamente. É simplesmente impossível alcançar padrões mínimos de qualidade dessa forma. Ao mesmo tempo, o Coro do Theatro Municipal, que trocou de regente mais uma vez com a chegada de Cyrano Sales, tem apresentado evolução.

Além do concerto de abertura e das óperas, as principais produções artísticas do TMRJ em 2024 incluíram os balés O Lago dos Cisnes, La Fille Mal Gardée, Triple Bill (com as coreografias Sheherazade – em estreia no Municipal –, Love Fear LossBolero) e O Quebra-Nozes. A agenda de concertos foi modesta, com apenas uma apresentação da Série Música Brasileira em Foco e um recital em homenagem ao Dia Mundial da Ópera.

Para além das produções artísticas, a casa anunciou em agosto um investimento de R$ 11 milhões para a reforma do seu palco principal e também para melhoria na estrutura física do equipamento. A conferir essas melhorias no ano que vem.

Cena final de Suor Angelica, segunda ópera de Il Trittico (foto: Filipe Aguiar)

O ano começou agitado no Theatro Municipal de São Paulo. Ainda em março, a Sustenidos, organização social que administra a casa, anunciou uma substituição na regência titular do Coro Lírico Municipal: saiu Mario Zaccaro, e entrou interinamente Érica Hindrikson – para uma interinidade que se estendeu por todo o ano (com qualidade, registre-se).

Também em março, a temporada de óperas do TMSP foi aberta com uma montagem de Madama Butterfly (críticas aqui e aqui), de Puccini. A produção proveniente do Teatro Colón, de Buenos Aires, tinha tudo para ser uma das melhores do ano, mas não foi o que aconteceu, devido, sobretudo, a um resultado musical bem aquém do esperado. O ano lírico do Municipal paulistano seguiu bastante irregular. Em maio, foi apresentada uma montagem pouco convincente da Carmen, de Bizet, e no mês seguinte, junho, foi a vez de O Contractador de Diamantes, de Mignone, cantada em português e com produção proveniente do Festival Amazonas de Ópera (2023). Na ocasião, o TMSP promoveu o debate O Cantar Brasileiro na série Ópera Presente | Futuro.

Denise de Freitas, deitada, e Hernán Iturralde, em O Castelo do Barba-Azul (foto: Larissa Paz)

Em julho, o espetáculo O Olhar de Judith, fruto de uma parceria entre o TMSP, o belga Muziektheater Transparant e a sueca Folkoperan, propôs unir a ópera O Castelo do Barba-Azul, obra-prima de Béla Bartók, a uma obra contemporânea, Eu, Vulcânica, com música de Malin Bång. Enquanto a primeira resultou em um belo espetáculo que foi muito bem cantado, a segunda revelou-se uma obra dispensável.

Seguindo com a sua temporada irregular, a casa apresentou entre o fim de setembro e o começo de outubro mais uma encenação repleta de problemas dramatúrgicos: foi um Nabucco proveniente do Grand Théâtre, de Genebra, que não era exatamente o de Verdi (devido a cortes e enxertos), mas apenas utilizava a obra do compositor como um pretexto para expressar ideias políticas. Como escrevi na ocasião, tais ideias podem ter o seu valor, mas perdem totalmente o sentido quando são expressas às custas da organicidade dramática da obra. Além disso, a escalação de alguns dos solistas estrangeiros convidados se mostrou problemática, com uma honrosa exceção, como relatei aqui.

Depois, em novembro, foi apresentada uma remontagem de María de Buenos Aires, de Piazzolla, e, pelo projeto Ópera Fora da Caixa, Blue Monday, de Gershwin. O ano lírico do TMSP foi concluído agora em dezembro com duas récitas em forma de concerto da ópera La Bohème, de Puccini.

Nas últimas temporadas, o teatro tem demonstrado que entendeu a necessidade de uma maior conexão com o mundo. Um dos reflexos disso foi o Prêmio Ópera XXI na categoria de melhor nova produção operística latinoamericana para Il Guarany, de Carlos Gomes, que fez parte da temporada 2023. O prêmio foi entregue em outubro, em cerimônia no Teatro de la Zarzuela, na Espanha, e apresentado ao público paulistano após a primeira récita de María de Buenos Aires.

Elisa Braga, Raquel Paulin e Lidia Schäffer (foto: Robs Borges)

Do Centro de São Paulo à Barra Funda. O Theatro São Pedro, que durante vários anos foi o porto seguro da ópera na capital paulista, ofereceu em 2024 uma programação modesta, com apenas três produções profissionais completas.

Sua temporada começou em março com a curta Riders to the Sea (algo como “Homens ao Mar”, na tradução livre adotada pela casa), do compositor Ralph Vaughan Williams. Depois, somente em agosto o São Pedro voltou a apresentar uma produção profissional, com a inusitada dobradinha formada pela Turandot, de Ferruccio Busoni, e por Gianni Schicchi, de Puccini (crítica aqui). Assim como Puccini, Busoni também completou este ano 100 anos de falecimento.

Em outubro, aconteceu a remontagem da Cinderela, de Pauline Viardot, que a casa havia levado antes às cidades de Botucatu (12/04), Votorantim (13/04) e Salto (14/04). Também em outubro aconteceu o espetáculo cênico Grão da Voz, criado a partir de trechos de ópera e que contou com a participação do sopranista Bruno de Sá. E, em dezembro, a casa ofereceu a estreia brasileira (sim, caro leitor, acredite) de Le Comte Ory, de Rossini, o título mais interessante da sua programação neste ano.

A Academia de Ópera e a Orquestra Jovem do Theatro São Pedro mantiveram as suas duas montagens habituais, ambas com programas duplos. Em junho, foram apresentadas as operetas A Canção de Fortunio e As Senhoras do Mercado, ambas de Offenbach. Mais adiante, em novembro, foi a vez de Uma Mão de Bridge, de Samuel Barber, e de Labirinto, de Gian Carlo Menotti. A Academia de Ópera apresentou ainda um Recital de Gala em dezembro, com peças de diversos compositores.

Cena de Gianni Schicchi (foto: Íris Zanetti)

Como já se tornou tradição, o Atelier de Composição Lírica do Theatro São Pedro aconteceu em outubro, gestando três novos títulos: Aqui, uma ópera (composição de Yugo Sano Mani sobre libreto de Dante Passarelli); Coro dos que não desistem nunca (com música de Gustavo Bonin e libreto de Artur Kon); e Dança da morte (composição de Maria Rosa Argandoña Tanganelli sobre libreto de Luísa Tarzia).

Ao longo do ano, casa apresentou ainda vários concertos e recitais em que a voz foi protagonista, com a participação de cantores como a soprano Carla Cottini, a mezzosoprano Denise de Freitas, a também mezzo Kismara Pezzati, o tenor Daniel Umbelino e a soprano Gabriella Pace. Em junho, aconteceu o concerto Brincando em Cena, direcionado para o público infanto-juvenil, no qual foram apresentados trechos de óperas. E em setembro, o São Pedro apresentou uma versão encenada do Pierrot Lunaire, de Arnold Schönberg.

Fernanda Nagashima, Maria Carla Pino Cury e Daniel Umbelino em Le Comte Ory (foto: Íris Zanetti)

Se, em 2023, o Festival Amazonas de Ópera (FAO) mereceu a indicação de Grande destaque do ano pelos melhores motivos, o evento volta a figurar na mesma categoria em 2024, mas sob um viés negativo. Afinal, a notícia mais relevante do ano em relação à ópera no Brasil foi aquela sobre o cancelamento da 26ª edição do FAO (dada por Notas Musicais em primeira mão), por motivos de ordem política e orçamentária. Na ocasião, começo de março, chamou a atenção o total silêncio dos diretores do FAO, que abordei neste artigo.

Se a ópera se calou em Manaus em 2024, em Belém ela não esteve muito longe disso. O XXIII Festival de Ópera do Theatro da Paz tinha a previsão de encenar uma única ópera, La Bohème, quando, em julho, chegou do Pará a notícia de que nem isso aconteceria. Abordamos a questão neste artigo. Bohème acabou sendo apresentada em agosto, em forma de concerto e com apenas uma récita. Em setembro, a programação do Festival ainda apresentou um recital com dois pianistas interpretando arranjos de trechos de óperas, e também uma produção de Gianni Schicchi (com três récitas). O restante da programação foi irrelevante, tal qual tem se tornado o evento.

Em Belo Horizonte, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) manteve a sua média de realizar duas produções por ano no Palácio das Artes. Em julho, foi montada a nova ópera Devoção, de João Guilherme Ripper sobre libreto de André Cardoso. A obra teve pré-estreia na cidade de Congonhas do Campo, seguindo depois para o Palácio das Artes. Composta por encomenda da FCS, a ópera conta a história do português Feliciano Mendes, que fez fortuna no garimpo e, depois de adoecer, prometeu que usaria toda a sua fortuna para construir um santuário na localidade hoje conhecida como Congonhas do Campo. Já em outubro, aconteceu uma remontagem de Nabucco (produzida originalmente no começo da década passada). E, em novembro, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais apresentou um concerto com trechos da ópera Porgy and Bess, de Gershwin.

Até o momento da publicação deste balanço da temporada de 2024, apenas dois dos teatros de ópera brasileiros divulgaram oficialmente as suas programações para 2025. O Theatro Municipal de São Paulo (programação completa aqui) apresentará seis produções completas, começando já em fevereiro com uma remontagem de O Guarani, de Carlos Gomes. Depois, em maio, será a vez de Don Giovanni, de Mozart. O mês de julho trará a São Paulo mais uma dobradinha inusitada, reunindo as óperas Le Villi (As Willis), de Puccini, e Friedenstag (Dia de Paz), de Richard Strauss. Em setembro será a vez de Porgy and Bess, de Gershwin, e em outubro, chegará Macbeth, de Verdi. A temporada se encerrará com a ópera barroca Les Indes Galantes, de Jean-Philippe Rameau. A partir de 2025, a propósito, Priscila Bomfim substituirá Alessandro Sangiorgi na função de regente assistente da Orquestra Sinfônica Municipal. Sangiorgi assumirá outro projeto na Escola Municipal de Música de São Paulo, o Ópera Studio do TMSP.

O Theatro São Pedro, também de São Paulo, anunciou que apresentará em 2025 as óperas Fidelio, de Beethoven, em abril, Falstaff, de Verdi, em agosto, e ainda a opereta Orfeu no Inferno, de Offenbach, em dezembro. Em junho, estreará uma nova obra de Flo Menezes, Oposicantos, encomendada pela Santa Marcelina Cultura, organização social que administra o São Pedro. E o mês de novembro receberá mais uma edição do Atelier de Composição Lírica do Theatro São Pedro. Como de hábito na casa, a Academia de Ópera e a Orquestra Jovem do Theatro São Pedro terão dois espetáculos: entre o fim de maio e o começo de junho, será apresentada a ópera O Barbeiro de Sevilha, de Giovanni Paisiello (não confundir com a obra homônima e mais famosa de Rossini); e, em outubro, será a vez de Candinho, de Ripper. A programação completa está no link no começo deste parágrafo.

Quanto aos demais teatros brasileiros, não há nada de oficial até agora. Sabe-se, com mais segurança, que o Theatro Municipal do Rio de Janeiro deve abrir a sua temporada lírica com a opereta A Viúva Alegre, de Franz Lehár. Já o Palácio das Artes, em Belo Horizonte, deverá receber no primeiro semestre uma remontagem da ópera Matraga, de Rufo Herrera, baseada no conto A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa. E, claro, resta a expectativa sobre se o Festival Amazonas de Ópera será retomado depois do cancelamento deste ano. Por enquanto, não há qualquer confirmação sobre isso. Sobre o Festival de Ópera do Theatro da Paz, com muita honestidade, espero ser surpreendido, mas não tenho qualquer expectativa.

Nas temporadas já anunciadas por outros produtores, há alguns destaques, e os maiores, sem dúvida, são a apresentação da semiópera The Fairy Queen, de Purcell, pelo conjunto Les Arts Florissants (com participação do Jardin des Voix, seua academia de cantores jovens), na temporada da Cultura Artística (em setembro); e a apresentação em forma de concerto da ópera Wozzeck, de Alban Berg, pela OSESP (em dezembro).

A OFMG apresentará em junho, em forma de concerto cênico, A Hora Espanhola, de Ravel. Antes, em abril, a mesma OFMG apresentará a Paixão segundo São Mateus, BWV 244, de Bach – que não é ópera, claro, mas é um concerto que promete.

E, no campo dos recitais internacionais, já foram anunciadas as presenças do tenor Rolando Villazón (Cultura Artística, em abril); do barítono Thomas Hampson, acompanhado pela Orchester Wiener Akademie (TUCCA, em agosto); da mezzosoprano Elīna Garanča (Cultura Artística, em outubro); da soprano Nadine Sierra (Cultura Artística, em novembro); e do baixo-barítono Bryn Terfel (Mozarteum Brasileiro, também em novembro). Tudo isso em São Paulo. No Rio de Janeiro, por enquanto, há apenas uma apresentação do grupo Le Voci del San Carlo di Napoli (Dellarte, em agosto).


Fevereiro foi um mês de muitas perdas. O grande maestro japonês Seiji Ozawa, que já sofria do mal de Alzheimer, faleceu aos 88 anos, vítima de uma parada cardíaca. No mesmo mês, aos 89 anos, Tullio Colacioppo, que ocupou o cargo de regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal (do TMSP) entre 1961 e 2004, também se foi. Mônica Pedrosa, cantora lírica e ex-diretora da Escola de Música da UFMG, deixou-nos muito cedo, aos 62 anos. Ainda em fevereiro, no Rio de Janeiro, Gaby Leib, produtora e empresária, faleceu aos 90 anos, devido a complicações de uma peritonite (outro empresário do setor musical, Walter Santos, morreria em agosto, aos 84 anos).

Em março, o compositor Guilherme Bauer, membro da Academia Brasileira de Música, que sofria de câncer e tinha 83 anos. Morreu também no Rio de Janeiro, precocemente aos 56 anos, a soprano e professora Veruschka Mainhard, vítima de um acidente. Em São Paulo, a também soprano Heloísa Petri se foi aos 86 anos, devido a um câncer. Ela integrou durante muitos anos o Coral Paulistano e era mãe do maestro Luís Gustavo Petri.

Em junho faleceu o regente e compositor pernambucano Clóvis Pereira, aos 92 anos; e, em julho, a pianista Maria Josephina Mignone, viúva de Francisco Mignone, aos 101 anos, que dedicou as últimas décadas da sua vida ao resgate das gravações da obra do marido.

Antonio Meneses (divulgação)

No começo de agosto, faleceu o grande violoncelista Antonio Meneses, aos 66 anos, em decorrência de um tumor cerebral agressivo que o tinha feito se afastar dos palcos dois meses antes. Dias depois, a Abracello – Associação Brasileira de Violoncelistas – divulgou uma iniciativa para tornar o dia 23 de agosto, aniversário de Meneses, o Dia do Violoncelista Brasileiro.

Em outubro, morreu em Florianópolis, aos 84 anos, o pianista Arthur Moreira Lima, que enfrentava um câncer. Também se foi Clotilde Otranto, brasileira que era regente residente da orquestra do New York City Ballet.

No começo de dezembro, o compositor Marlos Nobre nos deixou aos 85 anos, e também a bailarina, coreógrafa e pesquisadora Angel Vianna. E, poucos dias antes da publicação deste texto, devido a um câncer, faleceu aos 76 anos em 21 de dezembro o jornalista João Batista Natali, que em sua vasta e importante trajetória atuou também como crítico de música clássica e de ópera.


Este balanço apresenta as indicações dos principais destaques da temporada de óperas pelo Brasil, dentre tudo aquilo que Fabiana Crepaldi e este autor vimos e ouvimos em 2024, obedecendo às seguintes premissas:

a) para a indicação de melhor produção de ópera e para as indicações individuais da área cênica, são considerados somente espetáculos apresentados no Brasil pela primeira vez, de forma que remontagens no mesmo teatro, ou espetáculos trazidos de outros teatros brasileiros (onde estrearam em anos anteriores) não são considerados;

b) para as indicações individuais de caráter musical são considerados somente artistas brasileiros ou radicados no Brasil, enquanto para as indicações individuais de caráter cênico, além dos profissionais brasileiros ou radicados no Brasil, também são considerados profissionais sul-americanos;

c) para categorias com mais de um nome indicado, é observada a ordem alfabética do prenome.

Seguem as indicações:

Grande destaque (negativo) do ano: o cancelamento do Festival Amazonas de Ópera (FAO), e a irrelevância a que chegou o Festival de Ópera do Theatro da Paz. Nenhuma notícia em relação à ópera no Brasil, ao longo de 2024, foi mais importante que aquela referente ao cancelamento do evento lírico mais significativo do país (FAO), ocasionado pela costumeira cegueira política nacional em relação à Cultura. Essa mesma cegueira vem afetando, há alguns anos, o Festival do Theatro da Paz, que parece ter chegado a um nível de insignificância cada vez mais difícil de ser revertido.

Melhor produção de óperaRusalka, montagem apresentada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (com direção musical de Luiz Fernando Malheiro e direção cênica de André Heller-Lopes), pela iniciativa da casa de trazer do exterior uma produção de qualidade, pela boa encenação e pelo excelente desempenho (vocal e cênico) da maioria dos solistas principais (quatro deles, não por acaso, merecedores da indicação de melhores cantores do ano, como se verá abaixo). Obs.: segundo ano consecutivo em que uma produção do TMRJ é indicada nesta categoria.

Melhores cantoras (empate)Denise de Freitas, mezzosoprano, e Ludmilla Bauerfeldt, soprano. Denise pelas suas grandes atuações como Judith (em O Castelo do Barba-Azul, no Theatro Municipal de São Paulo) e como Ježibaba (em Rusalka, no TMRJ); e Ludmilla pela excelência das suas performances em duas produções do TMRJ, onde atuou como as protagonistas de Suor Angelica e de Rusalka. Obs.: segundo ano consecutivo em que Ludmilla Bauerfeldt é indicada nesta categoria.

Melhores cantores (empate)Giovanni Tristacci, tenor, e Licio Bruno, baixo-barítono. Giovanni pela consistência da sua atuação como o Príncipe de Rusalka (TMRJ) e pelo desempenho heroico como Rodolfo (La Bohème em forma de concerto, TMSP), substituindo de última hora um colega adoentado; e Licio pela autoridade da sua atuação (vocal e cênica) como Vodník, o Senhor das Águas, também em Rusalka (TMRJ).

Melhor regente: não indicado(a).

Melhor orquestra: não indicada.

Melhores concertos líricos (empate): Gala Rossini e Messiah (O Messias). O primeiro (ver detalhes abaixo, no mês de junho) trouxe à Sala Cecília Meireles e ao TMSP um recital com quatro cantores formados na Academia Rossiniana Alberto Zedda, oferecendo ao público o canto rossiniano em níveis raramente vistos no Brasil. O segundo (ver detalhes abaixo, no mês de outubro) apresentou no Teatro Cultura Artística a versão de Dublin do oratório de Händel, com a Internationale Bachakademie Stuttgart e o coro Gaechin Kantorey, sob a regência de Hans-Christoph Rademann.

Revelações: Maria Carla Pino Cury, soprano, pela sua cativante atuação como a Condessa Adèle em Le Comte Ory (T. São Pedro-SP); e a dupla formada por Mateus Dutra e Bruno Fernandes, encenadores, pelo belo trabalho de concepção e direção de Le Villi (TMRJ).

Melhor encenadorPablo Maritano, pela qualidade geral do seu trabalho de concepção e direção de Il Trittico (Il Tabarro / Suor Angelica / Gianni Schicchi), produção do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Melhor cenógrafaDesirée Bastos, pela grande qualidade dos cenários concebidos para a supracitada produção carioca de Il Trittico (TMRJ).

Melhor figurinista: Marcelo Marques, pelo conjunto das suas criações para a produção de Rusalka (TMRJ). Obs.: segundo ano consecutivo em que Marcelo Marques é indicado nesta categoria.

Melhor iluminadorGonzalo Cordova, pelo ótimo desenho de luz de Rusalka (TMRJ), especialmente pelo lindo efeito alcançado no terceiro ato da ópera.

Destaque brasileiro no exterior: Marcela Rahal, mezzosoprano, que em janeiro venceu o 61º Concurso Internacional de Canto “Tenor Viñas“ e está cantando na produção de La Forza del Destino que abriu a temporada do Teatro alla Scala, de Milão. Esta já é a terceira participação da artista em produções da importante casa italiana.


  • JANEIRO
Marcela Rahal (foto: Stefan Sabrautsky)

– A mezzosoprano brasileira Marcela Rahal dividiu o primeiro prêmio do 61º Concurso Internacional de Canto “Tenor Viñas“ com o tenor neozelandês Filipe Manu. Agora em dezembro, Rahal, que faz parte do elenco estável do Luzerner Theater, na Suíça, integra o elenco da ópera que abriu a temporada do Teatro alla Scala, de Milão, La Forza del Destino, cantando a personagem Curra ao lado de nomes como Anna Netrebko e Ludovic Tézier, sob a regência de Riccardo Chailly.

  • MARÇO

A Orquestra Filarmônica de Mingas Gerais (OFMG) apresentou um concerto com trechos de óperas, sob a regência de José Soares. A Orquestra voltaria a apresentar mais trechos de óperas em maio sob a regência do seu titular, Fabio Mechetti.

– O SESC Santo Amaro apresentou trechos de Porgy and Bess na sua Série Hora da Ópera. A mesma série ainda apresentou trechos de Carmen em maio, e de La Bohème em junho.

– As harpistas Liuba Klevtsova e Paola Baron ofereceram um recital inusitado na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, no qual interpretaram arranjos para harpa de passagens de óperas.

– Aconteceu em São Paulo e em Jacareí a a 22ª edição do Festival Callas – Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas, vencido pela soprano paranaense Flavia Stricker (o 1º prêmio masculino não foi concedido).

  • ABRIL

A Companhia de Cantores Líricos de Brasília apresentou a ópera La Bohème.

A mezzosoprano baiana Josy Santos, radicada na Alemanha e indicada revelação de 2023 por Notas Musicais, abriu a temporada do Mozarteum Brasileiro no Teatro B32 com um recital de canções, acompanhada pelo pianista Markus Hadulla.

– A mezzosoprano Luisa Francesconi fez a sua estreia no Teatro Colón, de Buenos Aires, interpretando a parte do Compositor na ópera Ariadne auf Naxos.

– A Cia. Uniopera realizou no Teatro Bradesco, em São Paulo, uma produção da ópera O Barbeiro de Sevilha. Mais adiante, em junho, apresentou também o oratório A Criação, de Haydn, no Teatro B32, e por fim, em novembro, remontou a sua produção de 2019 de A Flauta Mágica, em duas versões: a original e também uma versão infantil.

– A Orquestra Sinfônica do Paraná ofereceu um concerto, sob a regência de Roberto Tibiriçá e com solistas vocais, com vários trechos de óperas.

  • MAIO

– O Núcleo de Ópera da Bahia promoveu a estreia de Jelin, ópera cômica em dois atos de Aldo Brizzi.

Produção de Suor Angelica no projeto A Caminho do Interior (foto: Victor Lessa/CIDDIC/Unicamp)

– De maio a agosto, o projeto A Caminho do Interior – do Consulado Geral da Itália em São Paulo e do Istituto Italiano di Cultura San Paolo – promoveu a apresentação de dois espetáculos por 13 cidades do interior paulista (além da capital): a ópera Suor Angelica (críticas aqui e aqui), e Fígaro, o Barbeiro, que apresenta trechos de O Barbeiro de Sevilha. O elenco dos espetáculos foi constituído majoritariamente por participantes das diversas edições do Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas.

– A Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro apresentou na Sala Cecília Meireles o concerto Gala de Ópera, com trechos de óperas de diversos compositores.

– Uma Gala Puccini, com a soprano Gabriella Pace e o tenor Giovanni Tristacci, acompanhados ao piano por Vitor Philomeno, foi oferecida no Instituto Artium de Cultura – Palacete Stahl, com a promessa de que o local se tornaria um novo espaço de concertos em São Paulo. O restante da programação, infelizmente, não foi cumprido.

– A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) apresentou o Réquiem de Verdi.

  • JUNHO

– A Orquestra Ouro Preto apresentou no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, a ópera Bastien und Bastienne, de Mozart, e depois, em novembro, apresentou Hilda Furacão, a Ópera, de Tim Rescala, no Theatro Municipal de São Paulo, no Palácio das Artes, de Belo Horizonte, e na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.

– A soprano Carla Caramujo foi solista da Orquestra Petrobras Sinfônica, sob a regência de Isaac Karabtchevsky, em um concerto com árias de Mozart e também com as Quatro Últimas Canções, de Richard Strauss.

– Aconteceu em junho a Série Solidária Lírica Pró-RS, com apresentações em São Paulo (capital e interior) e no Rio de Janeiro para auxiliar músicos e funcionários da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, devido à tragédia das enchentes no sul do país. A Série foi uma iniciativa de duas agências artísticas: Ópera Atelier e Duo Conexões.

– Aconteceu a 3ª edição do Concurso de Canto Lírico Joaquina Lapinha, vencido pela soprano Nathielle Rodrigues e pelo tenor Samuel Martins (Prêmios Maria d’Apparecida e João dos Reis, equivalentes aos primeiros prêmios feminino e masculino, respectivamente). Um concerto com os vencedores foi realizado em dezembro no TMSP, com a Orquestra Experimental de Repertório.

– A OFMG apresentou em forma de concerto cênico a ópera Madama Butterfly.

– A grande soprano alemã Diana Damrau apresentou pela temporada do Mozarteum Brasileiro, acompanhada pela Orquestra Acadêmica do próprio Mozarteum sob a regência de Pavel Baleff, um programa com árias de Mozart e de operetas e uma seleção de canções.

– Dentro do Festival Sesc de Música de Câmara, foi apresentada a ópera infantil O Peixe Mágico, de Leonardo Evers.

Gala Rossini, na Sala Cecília Meireles

– A Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, e o TMSP receberam uma Gala Rossini, realizada por meio de uma parceria com a Cia Ópera São Paulo/Amigos da Ópera de Jacareí, com o Consulado Geral da Itália em São Paulo, com o Istituto Italiano di Cultura di São Paulo e com o Istituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro. Quatro cantores italianos (a soprano Martina Russomano, a mezzosoprano Chiara Tirotta, o tenor Pietro Adaini e o baixo-barítono Giuseppe Toia), formados na Academia Rossiniana Alberto Zedda, ligada ao Rossini Opera Festival, de Pesaro, cidade natal do compositor, apresentaram um recital com trechos de óperas do compositor, acompanhados pelo pianista Daniel Gonçalves.

– Aconteceu no Brasil, no Rio de Janeiro (principalmente) e em São Paulo, as Russian Seasons, um projeto do governo russo com o objetivo declarado de levar um pouco da riquíssima Cultura do país a outras localidades. No campo da música, as principais atrações foram o concerto de abertura do evento, no TMRJ, com a participação, dentre outros, do grande baixo Ildar Abdrazakov, e da ótima mezzosoprano Zinaida Tsarenko, acompanhados pela Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, sob a regência de Denis Vlasenko. Abdrazakov ainda daria um recital na Sala Cecília Meireles e uma masterclass em parceria com o TMRJ.

– Em Ribeirão Preto, a USP Filarmônica, com participação do Estúdio de Ópera da Companhia Minaz, promoveu a estreia mundial da ópera O Jovem Rei, de Lucas Galon, que tem base em texto de Oscar Wilde.

– A Orquestra Sinfônica da UFRJ resgatou a ópera Il Néo, de Henrique Oswald, que não era apresentada desde 1952. O trabalho de resgate foi capitaneado por Pedro Messias, mestrando da UFRJ e regente da montagem. As apresentações aconteceram no Salão Leopoldo Miguez da Escola de Música da UFRJ, seguindo depois para uma apresentação na Cidade Universitária da UFRJ e para duas récitas no Teatro Municipal de Niterói.

– O barítono brasileiro Paulo Szot participou de uma montagem da ópera Così Fan Tutte, de Mozart, na Opéra de Paris (Palais Garnier). Fabiana Crepaldi esteve lá e nos contou como foi.

– A Orquestra Sinfônica do Espírito Santo promoveu uma Gala Lírica em homenagem a Giacomo Puccini.

  • JULHO

– A Orquestra de Câmara de Curitiba apresentou um concerto dedicado a árias de bravura compostas por Vivaldi e Händel.

– O Vitória Ópera Estúdio apresentou a ópera La Scala di Seta, de Rossini, com participação da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo.

  • AGOSTO

– Em meados de agosto, o 3º Festival de Ópera de Guarulhos apresentou O afiador de facas, de Piero Schlochauer, obra vencedora do 1° Concurso do Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto (FB-ODM) e que, posteriormente, foi apresentada nas cidades de Santos e Santo André. Depois, no fim do mês, o Festival de Guarulhos estreou uma versão infantil de A Flauta Mágica; e, em outubro, foram realizados um concerto com os vencedores do 1º Concurso GRUCanto e uma produção da ópera A Longa Noite de Natal, de Paul Hindemith (1ª audição nacional).

Joyce DiDonato em Eden (foto: redes sociais)

– A mezzosoprano Isabel Leonard deu recital no TMRJ e na Sala São Paulo pela temporada da Dellarte, enquanto outra mezzo, Joyce DiDonato, se apresentou na Sala São Paulo, ao lado do grupo Il Pomo d’Oro no espetáculo Eden. Fabiana Crepaldi chamou a apresentação de ambas em São Paulo de “a semana lírica do ano”.

A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) promoveu uma montagem completa da ópera La Bohème, de Puccini, no Theatro São Pedro da capital gaúcha

– Entre agosto e setembro aconteceu o 4º Festival de Ópera de Joinville, que contou com a apresentação de concertos líricos e da ópera Rigoletto.

– Também entre agosto e setembro aconteceu o V Festival de Ópera de Pernambuco, que apresentou as óperas O Menino Maluquinho, de Wendell Kettle (não confundir com a obra homônima de Ernani Aguiar), A Princesa do Catete, de Euclides Fonseca, e O Elixir do Amor.

– O barítono Rodolfo Giugliani deu recital na Sala Cecília Meireles, acompanhado pelo pianista Fabio Bezuti, em um programa formado por canções e trechos de óperas.

– A ópera Amor Azul, de Gilberto Gil e Aldo Brizzi, com libreto de Brizzi e de André Vallias, fez a sua estreia brasileira na Sala São Paulo, com a Orquestra Jovem do Estado.

– A soprano búlgara Sonya Yoncheva se apresentou pela temporada da Cultura Artística, acompanhada do pianista Malcolm Martineau.

  • SETEMBRO

– A Sala Cecília Meireles promoveu um recital com a soprano Eliane Coelho, acompanhada por Gustavo Carvalho, para interpretar um repertório formado exclusivamente por canções de Rachmaninoff.

– Em Taubaté, o Coletivo Ubuntu e a Filarmônica de Taubaté promoveram uma montagem da ópera Carmen.

– O Ópera Estúdio de Porto Alegre – vinculado à Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), com parceria cultural da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS) e da Fundação Theatro São Pedro (FTSP) – realizou um Recital de Música de Câmara Vocal no Teatro Oficina Olga Reverbel. Em outubro, no mesmo local, o Ópera Estúdio promoveu o espetáculo cênico-musical Experimentos Poéticos, baseado nas canções de câmara de Giacomo Puccini. E em duas apresentações em 30/11 e 01/12, foi a vez de a ópera Gianni Schicchi marcar o encerramento do curso no Theatro São Pedro-RS.

– Em Vitória, na terceira edição do Concurso de Canto Natércia Lopes, promovido pela Companhia de Ópera do Espírito Santo, foram vencedores Débora Neves (categoria de 18 a 25 anos), Marcela Vidra (26 a 34 anos) e João Carlos Marquizeli (a partir de 35 anos).

– A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas apresentou uma Gala Puccini.

– Na temporada da Cultura Artística, o barítono Matthias Goerne apresentou um recital de canções de câmara, acompanhado ao piano por Anton Mejias.

– O compositor João Guilherme Ripper teve a sua ópera Domitila apresentada em Madrid, na Espanha.

Elenco de A Noite de São João no Teatro Estadual de Araras

– Aconteceu o 1º Encontro de Ópera Brasileira, promovido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), e realizado no fim de setembro no Teatro Estadual de Araras, com o objetivo de fazer um balanço da criação operística no Brasil, especialmente das composições mais recentes. Na programação do evento, foi apresentada a ópera A Noite de São João, de Elias Álvares Lobo sobre libreto de José de Alencar.

  • OUTUBRO

– A mezzosoprano Regina Elena Mesquita apresentou um recital de canções na Associação Paulista de Medicina, acompanhada por João Antonio Parizoto, em programa do Centro de Música Brasileira.

– Vencedor do Concurso Rainha Elisabeth da Bélgica, o barítono coreano Taehan Kim se apresentou em concertos em Belo Horizonte (OFMG) e em Manaus (Amazonas Filarmônica), com repertório operístico, e ainda deu recitais de canções em Curitiba, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Internationale Bachakademie Stuttgart (foto: Cauê Diniz)

– A Cultura Artística promoveu em seu teatro reinaugurado um concerto com a Internationale Bachakademie Stuttgart e com o coro Gaechin Kantorey, sob a regência de Hans-Christoph Rademann, tendo no programa o oratório Messiah (O Messias), de Georg Friedrich Händel, na versão mais próxima possível daquela a que o público de Dublin assistiu quando a obra estreou em 13 abril de 1742. Segundo Fabiana Crepaldi, “Foi um concerto memorável, um concerto construído a partir de um conceito histórico para fazer história”.

– Em Guarulhos, por ocasião da apresentação da já mencionada ópera A Longa Ceia de Natal, de Hindemith, aconteceu a 5ª edição do Ópera em Pauta, iniciativa do Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de concerto (Fórum-ODM) para debater a ópera no Brasil.

  • NOVEMBRO

– A 35ª edição do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga promoveu uma montagem da ópera Uma Noite no Castelo (1870) de Henrique Alves de Mesquita, que não era apresentada há 60 anos.

– A nova Companhia de Ópera da Lapa, que tem direção artística do tenor Fernando Portari, apresentou na Sala Cecília Meireles dois espetáculos com trechos das óperas Carmen e Tosca.

Cena de Clitemnestra (foto: Lorenzo Savergnini)

Clitemnestra, nova ópera de Marcus Siqueira sobre libreto de Livia Sabag e João Luiz Sampaio, foi apresentada dentro do Festival de Música Erudita do Espírito Santo. Também no âmbito do Festival, a mezzosoprano Ana Lucia Benedetti, acompanhada de Ricardo Ballestero, apresentou o recital Vozes Interrompidas.

– A Fábrica de Ópera da UNESP apresentou no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, uma montagem da ópera A Voz Humana, de Francis Poulenc.

– A 8ª edição do Festival Ópera na Tela aconteceu no Parque Lage, no Rio de Janeiro, e na Sala do Conservatório (TMSP), em São Paulo,

– Um recital no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, intitulado Tributo a Bidu Sayão, homenageou o legado da grande soprano brasileira.

– A Orquestra Sinfônica do Paraná promoveu uma Gala Lírica para homenagear os 100 anos de morte de Puccini.

– Outra gala lírica foi realizada pela OFMG, com solistas vocais e vários trechos de óperas, sob a regência de Fabio Mechetti.

– a OSPA apresentou um concerto com trechos de óperas de Wagner e ainda as Quatro Últimas Canções, com a soprano Eiko Senda.

  • DEZEMBRO

– Em Porto Alegre, foi anunciado pelo governo do estado do Rio Grande do Sul um novo teatro de ópera: o Teatro João Simões Lopes Neto, que tem previsão de ser inaugurado em 27 de março de 2025 com uma apresentação da ópera Turandot, de Giacomo Puccini – produção realizada por uma parceria entre a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e a Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS). A nova casa terá 700m² e capacidade para 650 pessoas, integrará o complexo cultural Multipalco, anexo ao Theatro São Pedro-RS.

Luiza Willert (foto: internet)

– A soprano brasileira Luiza Willert venceu a 13ª edição do Concurso Internacional de Belcanto Vincenzo Bellini, em Vendôme, na França. Natural de Itajaí, Santa Catarina, e diplomada pela Royal Academy of Music, de Londres, Luiza se apresentou na final cantando árias das óperas La Sonnambula, de Bellini, e La Fille du Régiment, de Donizetti.

– No dia 19, no CCBB-RJ, aconteceu a pré-estreia brasileira do documentário Aldo Baldin – Uma Vida pela Música, de Yves Goulart. A obra conta a história do grande tenor brasileiro, desde um início humilde no interior do Brasil até se tornar um dos maiores tenores líricos do mundo em sua época. A estreia mundial da obra aconteceu em 14 de abril, no 24º Festival de Cinema de Havana, em Nova York.

– A OSESP anunciou que o britânico Thomas Blunt será, a partir de 2025, o novo regente titular do Coro da Osesp. O conjunto estava sem um titular definido desde o fim de 2019, quando a italiana Valentina Peleggi deixou o posto.


Foto principal: Daniel Ebendinger (cena de “Rusalka” no Theatro Municipal do Rio de Janeiro).

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