Resumo da ópera 2023

Um balanço da temporada lírica brasileira e a indicação dos melhores do ano.

A Raposinha Astuta no Theatro São Pedro-SP (foto de Heloísa Bortz, com Carla Caramujo à esquerda e Vinicius Atique deitado ao centro)

Colaboração: Fabiana Crepaldi

Em 2022, quando os teatros de ópera brasileiros voltaram à ativa depois da pandemia, a Covid-19 ainda estava à espreita, e produções como as de Aida no Theatro Municipal de São Paulo e de Ariadne em Naxos no Theatro São Pedro-SP ainda seriam afetadas pela enfermidade.

Neste 2023 que agora termina, a pandemia parece ter ficado de vez para trás, e, mesmo que a Covid-19 ainda tenha acometido alguns profissionais aqui e ali, não chegou a prejudicar o desenvolvimento temporada. Olhando em retrospectiva, é evidente que as produções líricas de São Paulo (TMSP e T. São Pedro) e de Manaus (Festival Amazonas de Ópera) merecem destaque – ainda que com ressalvas – mas, quase no fim do ano, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro resolveu pedir passagem e se meteu no grupo.

2023 também foi o segundo ano de atuação de Notas Musicais, fruto de uma parceria entre este autor e minha amiga Fabiana Crepaldi. Neste ano, considerados os primeiros 11 meses, tivemos um crescimento de acessos da ordem de 77,56% em relação a 2022 – e os números de dezembro até aqui já nos mostram que esse índice encerrará o ano ainda maior.

Agradecendo de antemão os nossos leitores, passamos a apresentar o nosso balanço da temporada nacional de óperas, resumindo o que aconteceu ao longo do ano em várias cidades do país. Apontamos também, Fabiana e eu, os melhores do ano, dentre tudo o que vimos e ouvimos nas várias encenações completas e nos concertos que pudemos conferir ao longo da temporada. Vamos lá?

São Paulo – Theatro São Pedro

O Theatro São Pedro, de São Paulo, que desde antes da pandemia tem ocupado o posto de casa de ópera mais confiável do país, apresentou em 2023 uma temporada de altos e baixos. As suas encenações profissionais começaram em março com uma produção da rara Dido e Eneas, de Henry Purcell, que foi muito bem encenada, mas não tão bem cantada. Em abril, foi a vez de uma produção bem mais equilibrada: O Rapto do Serralho (críticas aqui e aqui), de Wolfgang Amadeus Mozart, que recebeu uma belíssima encenação e contou com um time qualificado de solistas.

O Rapto do Serralho no Theatro São Pedro-SP (foto de Heloísa Bortz, com Jean William, Ana Carolina Coutinho, Ludmilla Bauerfeldt e Daniel Umbelino)

Em maio, o teatro da Barra Funda voltou a apresentar obras de Kurt Weill em Bertolt Brecht: Aquele que Diz Sim e O Voo Através do Oceano, em programa duplo, acabaram ofuscadas pela “tempestade Guarany” – a polêmica em torno da montagem da ópera de Carlos Gomes, que foi apresentada praticamente no mesmo período no TMSP. Entre o fim de julho e o começo de agosto, A Raposinha Astuta, mais um título apresentado pelo São Pedro desse maravilhoso compositor que é o tcheco Leoš Janáček, mostrou-se um dos grandes momentos de todo o ano lírico brasileiro, pela sua raridade, pelo equilíbrio entre os solistas e pela delicadeza de toda a sua encenação. Não à toa, a produção merece um destaque especial entre os escolhidos por Notas Musicais dentre os melhores do ano.

A temporada de encenações profissionais da casa terminou em outubro, com uma montagem de Cinderela, de Pauline Viardot (apresentada em versão brasileira de André dos Santos e com orquestração de Juliana Ripke). Outubro também marcou a apresentação das obras criadas na segunda edição do Atelier de Composição Lírica do Theatro São Pedro: Gota Tártara: uma ópera-pesadelo, de Franciele Regina (composição) e Sofia Boito (libreto); Entre-Veias: uma ópera de entranhas, de Giovanni Porfirio (composição) e Jaoa de Mello (libreto); e Casa Verdi: meta-ópera em ato único, com música de Caio Csizmar e libreto de João Crepschi.

A Academia de Ópera do Theatro São Pedro, com participação da Orquestra Jovem da casa, apresentou duas montagens ao longo do ano: O Machete, de André Mehmari, com base em Machado de Assis, em junho; e Os Conspiradores, de Franz Schubert, em novembro. Por fim, dois concertos merecem ser mencionados: também em novembro, aquele que homenageou o centenário de duas grandes artistas do século XX, as sopranos Maria Callas e Victória de los Angeles; e, no encerramento do ano, em dezembro, aquele que reuniu o sopranista Bruno de Sá – uma das grandes vozes brasileiras com mais destaque internacional na atualidade – aos alunos da Academia de Ópera da casa. Vale lembrar que o artista começou a sua carreira justamente ali, naquela Academia. E já que o assunto é ele, não custa perguntar: quando é que algum teatro brasileiro vai programar uma encenação completa com Bruno de Sá, hein?

Concerto no Theatro São Pedro-SP, com o sopranista Bruno de Sá (ao centro, falando ao público), Gabriel Rhein-Schirato, alunos da Academia de Ópera e a Orquestra do Theatro São Pedro

Para 2024, o São Pedro, quem sabe, pode ser esse teatro. Já existe um burburinho a respeito, mas a casa ainda não anunciou a sua próxima temporada. Por agora, o que se sabe é que deve haver uma remontagem de anos recentes, um título de Rossini, bem como uma curiosa (e bem interessante) homenagem pelos 100 anos sem Giacomo Puccini.

São Paulo – Theatro Municipal

O Theatro Municipal de São Paulo, em tese, teria tudo para ser o teatro de ópera mais importante do país, pelo simples fato de que é o mais abastado, aquele que tem o maior orçamento para desenvolver a sua temporada artística. Teria, reitero. O problema é que a casa não sabe muito bem o que fazer com o orçamento que tem. Para 2024, por exemplo, resolveu preparar montagens novas para óperas que apresentou em anos relativamente recentes. Com tantos títulos no vasto repertório lírico que não são apresentados ali há décadas – fora os que nunca foram apresentados –, o TMSP resolve fazer de novo, mais uma vez, novamente Carmen e Nabucco, como conto neste artigo.

Enquanto o próximo ano não chega, é importante destacar que o 2023 do Municipal paulistano começou com polêmica: ainda em janeiro, a Organização Social de plantão na casa (Sustenidos) anunciou duas medidas ao mesmo tempo: convocar os integrantes do Coro Lírico Municipal para “provas de reavaliação”, e abrir audições para músicos coralistas, “para formação de cadastro para possível aproveitamento em prestação de serviços gerados pela programação artística do Theatro Municipal de São Paulo”. O imbróglio que, no fim das contas, acabou não dando em nada (em mais uma demonstração de como se gasta energia neste país com ideias pouco inteligentes) é analisado neste artigo.

E as polêmicas não abandonaram a casa tão cedo. No fim de fevereiro, em uma pedra que já vinha sendo cantada há algum tempo, o maestro Jamil Maluf anunciou nas redes sociais que o seu contrato de regente da Orquestra Experimental de Repertório não seria prorrogado, e afirmou que não lhe foi dada qualquer explicação a respeito da decisão. Em março, o ano lírico começou com uma montagem de Così Fan Tutte, de Mozart, que dividiu a crítica (leia aqui e aqui).

Così Fan Tutte no TMSP (foto de Stig de Lavor, com Laura Pisani, Josy Santos e Chiara Santoro)

E, em maio, as redes sociais entraram em polvorosa de vez, depois que uma reportagem um tanto tendenciosa da Folha de São Paulo abordou a então futura produção de O Guarani, de Carlos Gomes. Como deixa claro o título da crítica que dividi com Danielle Crepaldi Carvalho, “na tempestade Guarani, trovejou e não choveu”. Criou-se tanta celeuma a respeito de uma encenação “decolonial”, que a música acabou ficando em segundo plano, mas… espera aí, nós não estamos falando de ópera??? Como a música pode ficar para depois? Não se sabe. O que se sabe é que a qualidade musical deixou a desejar, com um resultado final bastante irregular.

Daí em diante, a temperatura baixou. Em julho, aconteceu a montagem de La Fanciulla del West, de Puccini, prometida para 2022 e adiada para este ano. Em geral, foi uma boa montagem, bem encenada e bem cantada. Estranhou-se apenas que, dois meses depois de um Guarani que procurou trazer indígenas verdadeiros para a ópera de Gomes, nativos norte-americanos (que por séculos foram tão dizimados quanto os brasileiros) tenham sido mostrados da maneira mais estereotipada possível. Não, caro leitor, não tente entender.

O mês de setembro foi reservado para uma dobradinha contemporânea, reunindo Ainadamar, de Osvaldo Golijov, e a inédita Isolda/Tristão, de Clarice Assad. E novembro encerrou a temporada lírica oficial com uma ópera de Richard Wagner: O Navio Fantasma (críticas aqui e aqui), que, assim como a obra de Puccini, foi bem cantada e ganhou uma belíssima encenação.

O Navio Fantasma no TMSP (foto de Stig de Lavor, com Luiz-Ottavio Faria e, de costas, Giovanni Tristacci)

O TMSP apresentou ainda três títulos na série Ópera Fora da Caixa: Blue Monday, de George Gershwin, em maio; De Hoje para Amanhã, de Arnold Schoenberg, em setembro; e A Noiva do Mar, da compositora brasileira Lycia de Biase Bidart (1910-1991), em novembro.

Aconteceram ainda na casa dois importantes concertos: em agosto, uma apresentação de Tosca, de Puccini, que rendeu a um dos solistas um importante destaque entre os nossos melhores do ano; e, em dezembro, um concerto em homenagem ao centenário de Maria Callas que reuniu três sopranos.

Quase tudo o que foi citado acima (exceto pelas óperas da série Fora da Caixa e pela dobradinha formada por Isolda/Tristão e Ainadamar) foi dirigido musicalmente pelo mesmo regente, da mesma forma que quase todas as produções líricas da casa desde 2017. Se alguém que trabalha no Theatro Municipal de São Paulo ou na imprensa paulistana acha essa prática benéfica, o problema é mesmo sério e, talvez, insolúvel.

Por fim, o TMSP sediou, em maio, o Fórum de Comunicação da Ópera Latinoamericana. Se algum teatro brasileiro que tenha enviado representante para o evento aprendeu alguma coisa sobre “comunicação”, é um mistério.

Rio de Janeiro – Theatro Municipal

Considerando a forma como ele é administrado, é muito difícil hoje fazer qualquer avaliação em perspectiva sobre o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No início de 2023, por exemplo, era impossível prever qual seria a programação lírica anual da casa. A divulgação oficial da temporada limitou-se a informar os concertos do primeiro semestre do ano. Óperas encenadas e balés? Nada! E, pior, mesmo os balés e a única encenação lírica da primeira metade da temporada não mereceram um anúncio oficial, institucional. Foram informados de boca pelo diretor artístico da casa, quando este se dirigiu ao público antes do início do concerto de abertura do ano.

Esse tipo de coisa é de um amadorismo assustador. É verdade que o TMRJ tem sérios problemas de orçamento, derivados da falta real de apoio por parte de um governo estadual vagabundo – e eu reforço esse adjetivo, porque a total e absoluta falta de segurança do estado do Rio de Janeiro atesta de maneira cristalina a total incompetência e a irreversível mediocridade dos políticos que o “governam”, não apenas atualmente, mas há décadas (o governador atual é investigado em inquéritos e um dos seus irmãos foi alvo de operação da Polícia Federal há poucos dias). Mesmo assim, mesmo considerando esse problema político insolúvel, para se dar minimamente ao respeito, a casa precisa anunciar uma temporada fechada, completa, pois é esse anúncio que apresenta ao público a sua “carta de intenções”.

Somente no último dia de agosto o Municipal do Rio completou o anúncio da sua temporada 2023, informando o que apresentaria até dezembro. E somente nesse ponto do ano foi possível ter uma real perspectiva da sua temporada, que, ao menos, foi claramente superior àquela de 2022.

Ensaio de Piedade no TMRJ (foto de Daniel Ebendinger, com Gabriella Pace, Ricardo Gaio, Silvio Viegas, Johnny França e a OSTM)

O ano lírico carioca começou no fim de abril, com uma bela apresentação em forma de concerto cênico da ópera Piedade, de João Guilherme Ripper. A primeira ópera devidamente encenada, no entanto, apareceria somente em julho, na época do aniversário do TMRJ, e Carmen, de Georges Bizet, acabou sendo um dos pontos baixos da temporada: apesar de uma protagonista consistente, a sua encenação pobre, o desempenho vocal bastante irregular do restante do elenco (considerando os solistas da récita a que assisti), uma orquestra sem brilho algum e um regente que não sabia bem o que estava fazendo contribuíram bastante para um espetáculo menos que morno.

Depois disso, houve acentuada melhora. Em setembro, a casa estreou um interessante Festival Oficina da Ópera, cujo objetivo declarado é formar equipes criativas do setor no Rio de Janeiro, e que merece novas edições. A principal obra apresentada no Festival foi Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, que ganhou uma boa encenação, mas manteve um desempenho musical irregular. Desta vez, pelo menos, assim como já havia acontecido em Piedade, o regente convidado sabia o que estava fazendo. Completaram o Festival apresentações em forma de concerto cênico de O Caixeiro da Taverna, de Guilherme Bernstein, e O Sonho de Edgard, A Invenção do Rádio, de Adriano Pinheiro.

E aí, quase como em um passe de mágica, a temporada lírica carioca terminou com uma produção realmente qualificada de La Traviata (críticas aqui e aqui), de Giuseppe Verdi. A tal “mágica”, na verdade, tratou-se de um expediente bem simples: a escalação de excelentes solistas, em sua maioria, para as partes principais (em dois elencos!), a preparação de uma verdadeira e efetiva encenação e o convite a um dos regentes mais qualificados do país, que fez o que pôde com a orquestra problemática da casa. E, apesar da orquestra, foi um momento de grande nível artístico – tanto que mereceu diversas indicações entre os nossos melhores do ano, como se verá alguns parágrafos à frente.

La Traviata no TMRJ (foto de Daniel Ebendinger, com Matheus Pompeu e Ludmilla Bauerfeldt)

Três concertos com trechos de óperas também integraram a temporada. No primeiro deles, em maio, a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal foi reforçada pela Orquestra Sinfônica Brasileira e recebeu a soprano Eliane Coelho como solista. O segundo concerto, em agosto, celebrou os 90 anos do Coro do TMRJ. E o último, em outubro, chamado de “Gala Lírica”, homenageou grandes cantores do passado, lembrando especialmente o centenário de Maria Callas, mas somente um dos solistas escalados demonstrou possuir realmente capacidade técnica para integrar um concerto desse tipo.

Três observações finais sobre o Theatro Municipal do Rio de Janeiro:

1- A mencionada produção de La Traviata pode representar uma faca de dois gumes, pois ela estabeleceu um parâmetro, um sarrafo: ao mesmo tempo em que merece todos os elogios, apresentou o nível de qualidade que doravante deve ser perseguido incansavelmente pelo TMRJ. O que se espera é que todas as produções líricas que o Municipal do Rio venha a apresentar de agora em diante respeitem a altura mínima desse sarrafo demarcado pela ópera de Verdi. Se os seus gestores conseguirão manter esse nível, saberemos no ano que vem.

2- E manter esse nível passa, irremediavelmente, por escalar bem os solistas. Se é verdade que em 2023 o TMRJ teve o mérito de fazer estrear em seu palco importantes cantores brasileiros que nunca haviam cantado ali, por outro lado, em muitos momentos soou forçada a insistência de se escalar solistas provenientes do Coro da casa (inclusive para partes principais). Tal “forçação de barra” fica ainda mais evidente quando se verifica que uma parcela considerável desses solistas “da casa” demonstra não possuir qualquer condição vocal para exercer tais funções.

3- A Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal é um calcanhar de Aquiles para o qual a gestão da casa precisa direcionar grande atenção. O conjunto passa por um momento muito ruim, mas muito ruim mesmo. Escrevo este parágrafo um dia depois de ouvir a OSTM no balé O Corsário, e posso atestar que nada mudou: os problemas de afinação, de articulação, de sonoridade grosseira, todos continuam lá. Some-se a isso uma escolha claramente equivocada da direção da casa para a função de regente titular do grupo (segundo consta, por sugestão dos próprios músicos), e temos uma tempestade perfeita. A OSTM precisa, urgentemente, de uma correção de rumo. Os gestores do TMRJ terão a iniciativa – e até mesmo a coragem – de implementar tal correção? A ver.

E o 2024 do Municipal do Rio, como será? É uma incógnita. Nos bastidores, já são mencionadas algumas possibilidades de títulos líricos, e devo dizer que gostei bastante do que ouvi. Não cito nada aqui, no entanto, pois, além de não haver nenhuma confirmação, basta a direção do vento mudar ali pelas bandas da Cinelândia, para que se mudem também os planos da casa.

Manaus – Festival Amazonas de Ópera

Anna Bolena no Festival Amazonas de Ópera (foto de Saleyna Borges, com Tatiana Carlos, de costas, e Savio Sperandio e Luisa Francesconi, na parte superior)

Depois de vários anos (desde antes da pandemia) com programação menos interessante, seja pelos títulos escolhidos, seja pelos elencos escalados, o Festival Amazonas de Ópera (FAO) voltou a chamar a atenção em 2023.

Em sua 25ª edição, o evento reuniu dois títulos de grande relevância, e apresentou o resgate de uma importante ópera brasileira, além de uma excelente obra contemporânea. E o melhor: o turista com disponibilidade poderia desfrutar desses quatro títulos em quatro dias consecutivos de maio, fazendo uma única viagem a Manaus. E, por mais que se saiba que esse expediente tenha representado um grande desafio logístico para o Teatro Amazonas, foi uma ocasião única, merecedora de constar entre os destaques da temporada. Infelizmente, tal desafio não deve se repetir na próxima edição do FAO.

A primeira ópera a estrear, em abril, foi Anna Bolena, de Gaetano Donizetti, que recebeu uma bela encenação e representou a homenagem do Festival ao centenário de Maria Callas. Ainda em abril, subiu ao palco O Contractador dos Diamantes, ópera de Francisco Mignone resgatada após um trabalho de revisão e edição por parte da Academia Brasileira de Música.

Em maio, a ópera Peter Grimes, de Benjamin Britten, apresentada inicialmente em 2022, foi remontada, e mereceu uma performance irrepreensível da Amazonas Filarmônica. Completando o quarteto de títulos, Piedade, de João Guilherme Ripper, foi pela primeira vez encenada com orquestra no fosso.

Manaus também sediou, em maio, a assembleia geral da Ópera Latinoamérica, que reúne teatros de todo o continente. Foi no período dessa assembleia que as quatro óperas foram apresentadas em dias consecutivos.

Se o FAO voltou a atrair os interessados em 2023 com títulos instigantes, falta ainda caprichar mais na escalação de elencos. O casal principal de Peter Grimes deixou muito a desejar, da mesma forma que a protagonista de Anna Bolena.

Em 2024, segundo publicação da secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, a 26ª edição do Festival deve reunir as óperas Simon Boccanegra, de Verdi; Lakmé, de Léo Delibes; Alma, de Claudio Santoro; Fedora, de Umberto Giordano; e O Afiador de Facas, de Piero Schlochauer.

Peter Grimes, no Festival Amazonas de Ópera (foto de Saleyna Borges, com Daniel Umbelino e Homero Velho à frente)

Belém e Belo Horizonte

Importantes cidades produtoras de óperas, Belém e Belo Horizonte parecem atravessar um período de entressafra. Em Belém, o XXII Festival de Ópera do Theatro da Paz, realizado em setembro, apresentou apenas duas óperas: O Menino Maluquinho, de Ernani Aguiar, e Lucia di Lammermoor, de Donizetti. Infelizmente, nenhuma das duas com potencial muito atrativo.

Com o Festival ainda em andamento, foi anunciado que então o diretor do Theatro da Paz, Daniel Araújo, seria substituído pelo jornalista paraense Edyr Augusto Proença. Este assumiu com um daqueles discursos para agradar a gregos e troianos. Se a capacidade atrativa do Festival vai melhorar, ainda não se sabe. O que se sabe é que, desde 2019, quando ocorreu a última troca de comando no governo estadual do Pará, o Festival de Ópera do Theatro da Paz está em constante declínio.

Não há muita diferença em Belo Horizonte, e, neste ano, apenas uma ópera foi encenada no Palácio das Artes: Matraga, baseada no conto A hora e vez de Augusto Matraga, do grande escritor mineiro Guimarães Rosa. A ópera foi apresentada em outubro como homenagem aos 90 anos do seu compositor, Rufo Herrera, argentino radicado no Brasil que a compôs exatamente por encomenda da Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes em 1985.

Antes disso, o Palácio das Artes havia apresentado apenas um espetáculo lírico – de interesse duvidoso –, chamado Viva Ópera, em julho, com trechos encenados de óperas. É pouco, muito pouco, para uma casa que até outro dia vinha apresentando temporadas curtas (apenas duas óperas por ano), mas bem interessantes.

A regente Ligia Amadio assumiu este ano a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, em substituição a Silvio Viegas, aparentemente com a programação do ano já definida. Amadio, a primeira mulher que eu tive o prazer de ver, ao vivo, regendo uma ópera (O Barbeiro de Sevilha, em 1999, no Teatro Municipal de Niterói), tem total condições de contribuir com a programação da casa. Resta saber se os gestores da Fundação Clóvis Salgado permitirão, e se o governo estadual de Minas dará o apoio financeiro necessário para isso.

Perdas

A soprano Marina Considera (foto: redes sociais)

O ano de 2023 reservou ainda muitas perdas relevantes para o meio musical, brasileiro e internacional. No dia 1º de janeiro, faleceu o compositor Frederico Richter, aos 90 anos. Em 19 de janeiro, perdemos o violonista e luthier Sérgio Abreu, que tinha 74 anos. Ao longo do ano, outros importantes artistas nos deixaram:

Em 06 de maio, o grande pianista Menahem Pressler, aos 99 anos; em 17 de maio, o maestro, compositor, organista, professor e diretor musical Samuel Kerr, aos 88 anos; em 02 de junho, a compositora finlandesa Kaija Saariaho, aos 70 anos; em 03 de julho, o músico e gestor cultural Henrique Autran Dourado, também aos 70 anos, que foi professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e também dirigiu a Escola Municipal de Música de São Paulo e o Conservatório de Tatuí;

Em 16 de agosto, a grande soprano italiana Renata Scotto, aos 89 anos; em 11 de setembro, a pianista Ilze Trindade, aos 84 anos; e, em 31 de outubro e muito prematuramente, a soprano Marina Considera, aos 46 anos.

Melhores do ano

Este balanço apresenta as indicações dos principais destaques da temporada de óperas pelo Brasil, dentre tudo aquilo que Fabiana Crepaldi e este autor viram e ouviram em 2023, obedecendo às seguintes premissas:

a) para a indicação de melhor produção de ópera e para as indicações individuais da área cênica, são considerados somente espetáculos apresentados no Brasil pela primeira vez, de forma que remontagens no mesmo teatro, ou espetáculos trazidos de outros teatros brasileiros (onde estrearam em anos anteriores) não são considerados;

b) para as indicações individuais de caráter musical são considerados somente artistas brasileiros ou radicados no Brasil, enquanto para as indicações individuais de caráter cênico, além dos profissionais brasileiros ou radicados no Brasil, também são considerados profissionais sul-americanos;

c) para categorias com mais de um nome indicado, é observada a ordem alfabética do prenome.

Seguem as indicações:

Grande destaque do anoFestival Amazonas de Ópera (FAO), que, ao programar apresentações das suas produções em dias consecutivos, permitiu a possibilidade de turistas apreciarem várias montagens fazendo uma única viagem a Manaus.

Melhores produções de ópera (empate)A Raposinha Astuta e La Traviata, produções, respectivamente, do Theatro São Pedro-SP e do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A Raposinha se destacou por uma montagem equilibrada em todos os sentidos, enquanto La Traviata também merece a indicação por uma ótima encenação e pelo excelente desempenho vocal da maioria dos solistas principais dos seus elencos. Obs.: segundo ano consecutivo em que uma produção do T. São Pedro-SP é indicada nesta categoria.

Melhor cantoraLudmilla Bauerfeldt, soprano, pelas suas grandes atuações como a delicada e expressiva Konstanze (de O Rapto do Serralho, no T. São Pedro-SP) e a arrebatadora Violetta Valéry (de La Traviata, no TMRJ). Em ambas, a qualidade superlativa das suas atuações cênicas e a exuberância da sua voz proporcionaram grandes momentos de arte.

Melhores cantores (empate)Leonardo Neiva, barítono, por sua atuação como Scarpia, na apresentação de Tosca em forma de concerto no TMSP; e Matheus Pompeu, tenor, pelo seu excelente Alfredo em La Traviata (TMRJ).

Melhor regente: Luiz Fernando Malheiro, pela excelência da sua condução da ópera Peter Grimes no FAO, e pelo ótimo trabalho em La Traviata (TMRJ).

Melhor orquestraOrquestra Amazonas Filarmônica, pela consistência da sua participação ao longo da edição deste ano do FAO.

Melhor concerto lírico: Encerramento da Temporada Sinfônica do Theatro São Pedro, com Bruno de Sá e alunos da Academia de Ópera, pelo alto nível artístico do solista principal e da orquestra do teatro, dirigida por Gabriel Rhein-Schirato.

Revelações: Ana Carolina Coutinho, soprano, e Josy Santos, mezzosoprano, por suas belíssimas atuações, respectivamente, como Blonde em O Rapto do Serralho (T. São Pedro-SP) e como Dorabella em Così Fan Tutte (TMSP).

Melhor encenadorAndré Heller-Lopes, por seus trabalhos consistentes e bem elaborados em Anna Bolena (FAO), A Raposinha Astuta (T. São Pedro-SP) e La Traviata (TMRJ).

Melhor cenógrafoRenato Theobaldo, pelo conjunto das suas contribuições ao longo da temporada, nas produções de Anna Bolena (FAO), La Fanciulla del West (TMSP), A Raposinha Astuta (T. São Pedro-SP) e La Traviata (TMRJ).

Melhor figurinista: Marcelo Marques, pela luxuosa indumentária de La Traviata (TMRJ).

Melhor iluminadoraAline Santini, pelo alto nível do seu trabalho na produção de O Navio Fantasma (TMSP). Obs.: segundo ano consecutivo em que a profissional é indicada nesta categoria.

Afirmações de carreiras: Menelick de Carvalho, encenador, por sua concepção e direção de Pagliacci (TMRJ); e Vinicius Atique, barítono, por suas consistentes atuações ao longo da temporada e, especialmente, pelo Guarda Florestal de A Raposinha Astuta (T. São Pedro-SP).

Demais cidades e iniciativas

  • MARÇO

– A mezzosoprano norte-americana Isabel Leonard se apresentou com a Camerata Antiqua de Curitiba, em comemoração aos 330 anos da cidade.

– A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas realizou um concerto com trechos de óperas e com mulheres protagonistas, encerrando a semana da mulher: regência de Priscila Bomfim, com a soprano Maria Carla Pino Cury e a mezzosoprano Denise de Freitas.

– Um concerto no Teatro Sérgio Cardoso marcou a abertura do Festival Callas – Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas – Edição do Centenário de Nascimento de Maria Callas, que teve os seus vencedores anunciados no começo de abril: as sopranos mexicanas Paula Malagon e Jennifer Mariel dividiram o primeiro grande prêmio feminino (o primeiro prêmio masculino não foi outorgado). Mais adiante, em outubro, o Concurso abriu as inscrições para a sua edição de 2024.

– O selo Naxos lançou um álbum com as aberturas sinfônicas de todas as óperas de Carlos Gomes (incluindo também a Alvorada, de Lo Schiavo, e o Noturno, de Condor), com Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob a regência de Fabio Mechetti.

  • ABRIL

– A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) lançou a 2ª edição do seu Ópera Estúdio – Curso de Formação Interdisciplinar para Cantores Líricos, desta vez em parceria com a Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS) e a com a Fundação Theatro São Pedro (FTSP).

O Castelo do Barba-Azul (redes sociais da OSESP)

– A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) apresentou em forma de concerto a ópera O Castelo do Barba-Azul, de Béla Bartók.

– No dia 20 de abril, a Rádio MEC, do Rio de Janeiro, completou 100 anos.

  • MAIO

– A Orquestra Ouro Preto iniciou por Belém uma turnê de Auto da Compadecida, a Ópera, de Tim Rescala, que depois passou por Belo Horizonte, Manaus e Rio de Janeiro.

– A OSESP apresentou em forma de concerto a ópera A Danação de Fausto, de Hector Berlioz.

  • JUNHO

– A OSPA e a CORS apresentaram uma montagem completa da ópera Pagliacci, de Leoncavallo, e o Ópera Estúdio iniciou uma série de recitais intitulada Vozes do Ópera Estúdio 2023.

– A Orquestra Sinfônica do Paraná apresentou um concerto com trechos de óperas, com a soprano Gabriella Pace e a regente Mariana Menezes.

– A Sala Cecília Meireles ofereceu, em sua Série Cantares, um recital do tenor Eric Herrero cantando árias de zarzuelas. Também na Sala, o grupo The Black Roots Ensemble fez a sua estreia: formado por Marly Montoni, Jean William, Luiz Ottavio-Faria e Olga Bakali, o conjunto apresentou canções e cenas de óperas.

– O Projeto Sinos estreou duas óperas no São Leopoldo Miguez, no Rio de Janeiro, em parceria com o projeto Ópera na UFRJ: A Cartomante, de Eduardo Frigatti, com base em Machado de Assis, e que foi finalista do concurso realizado em 2022 pelo Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto; e O Ensaio de Ópera, do alemão Albert Lortzing (1801-1851). A Cartomante seria apresentada ainda em agosto, no Teatro Municipal de Niterói.

– A Cia. Ópera São Paulo apresentou no Teatro Sérgio Cardoso uma montagem de Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni, que depois seguiu para várias cidades do interior do estado: Jundiaí, São José dos Campos, Presidente Prudente, Assis, Bauru, Ribeirão Preto, Campinas, Americana, Rio Claro, Jacareí e Santos.

Isabel Leonard (foto: Cauê Diniz/Mozarteum Brasileiro)

– O Mozarteum Brasileiro apresentou um concerto com mezzosoprano Isabel Leonard (críticas aqui e aqui). A cantora norte-americana substituiu a letã Elīna Garanča, que cancelou a sua participação.

– A Companhia de Ópera do Espírito Santo anunciou a realização, em junho e julho, da quarta edição do VOE – Vitória Ópera Estúdio. Em julho, o projeto apresentou a ópera Fête Galante, de Ethel Smyth.

  • JULHO

– Integrando a programação da 34ª edição do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, foi apresentada a ópera A Noite de São João, de Elias Álvares Lobo. Em agosto, a já citada O Ensaio de Ópera, de Lortzing, encerrou o mesmo festival.

  • AGOSTO

Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura, foi apresentada em uma turnê de grupos do Neojiba por cidades das regiões Norte e Nordeste do país.

– A quarta edição do Festival de Ópera de Pernambuco apresentou a ópera inédita Júlia, a Tecelã, de Wendell Kettle, e ainda La Traviata, de Verdi.

– Em Brasília, foi apresentada a ópera Ievguêni Oniéguin, de Tchaikovsky, no Teatro Levino de Alcântara (da Escola de Música de Brasília).

– A OSPA lançou um concurso exclusivo para tenores: o 1º Concurso de Canto Decápolis de Andrade, que homenageia em seu nome o tenor que mais se apresentou com a orquestra, Decápolis de Andrade (1943-2021). A final do certame ocorreu em novembro, quando os cantores Giovanni Marquezeli e Lazlo Bonilla dividiram o prêmio principal.

– A CORS comemorou o seu primeiro aniversário com o espetáculo Vissi d’arte, vissi d’amore, no Teatro Oficina Olga Reverbel.

– O Teatro Guaíra, de Curitiba, recebeu a ópera Anjo Negro, de João Guilherme Ripper, produção da In’Scene Produções em parceria com a UFPR.

– A Camerata Florianópolis apresentou no Teatro Ademir Rosa, na capital catarinense, a ópera As Bodas de Fígaro, de Mozart.

– Entre agosto e outubro aconteceu o II Festival de Ópera de Guarulhos, com as óperas Chapeuzinho Vermelho, de Cesar Cui, Gianni Schicchi, de Puccini, e The Medium, de Gian Carlo Menotti. O Festival também promoveu a primeira edição do Concurso GruCanto, que foi vencido pela mezzosoprano Luiza Girnos.

– O Conservatório Dramático Musical de Tatuí abriu inscrições para a 2ª edição do Concurso de Canto Lírico Joaquina Lapinha, exclusivo para cantores(as) líricos(as) pretos(as), pardos(as) e indígenas residentes no Brasil. Em novembro, foram anunciados os vencedores: a soprano Lorena Pires Adão (categoria feminina, Prêmio Maria d’Apparecida) e o baixo Andrey Mira (na categoria masculina, Prêmio João dos Reis).

– A Orquestra Acadêmica de São Paulo e o Coral da Cidade de São Paulo/Uniopera promoveram uma encenação de La Traviata no Teatro Bradesco.

  • SETEMBRO

– A Orquestra Sinfônica de Sergipe apresentou o concerto Uma noite na Ópera, com trechos de óperas interpretados por vencedores do Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas.

– A OSPA recuperou uma opereta 130 anos após a sua estreia em Pelotas, apresentando-a em Porto Alegre e na própria Pelotas: Os Bacharéis, de Manuel Acosta Y Olivera, com libreto dos gaúchos João Simões Lopes Neto e José Gomes Mendes.

– A Dellarte apresentou em São Paulo, na sua Série Concertos Internacionais, um recital da soprano colombiana Betty Garcés.

O Ouro do Reno – Festival Ópera na Tela (foto de MonikaRittershaus)

– Em meados de setembro, o Festival Ópera na Tela voltou ao Parque Lage, no Rio de Janeiro, com a sua 7ª edição, apresentando, dentre outras, óperas como Madama Butterfly, Hamlet, Carmen e a tetralogia O Anel do Nibelungo (em produção da Staatsoper Unter den Linden, de Berlim).

– A Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro (OSJRJ) promoveu uma Gala de Ópera no TMRJ e também na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte.

– Aconteceu o Concurso de Canto Natércia Lopes, promovido pela Companhia de Ópera do Espírito Santo. Dividido em categorias etárias, não houve vencedor entre 18 e 25 anos; entre 26 e 34 anos, venceu Filipe Silva dos Santos; e a partir de 35 anos, venceu Lucas Timóteo de Melo.

  • OUTUBRO

– Aconteceu em Salvador o IV Encontro Ópera em Pauta, no Teatro Gregório de Mattos, que contou, além de debates, com oficinas realizadas em parceria com o Núcleo de Ópera da Bahia e com o Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto.

– Durante a realização do Ópera em Pauta, o Espaço Cultural Barroquinha recebeu uma produção do Núcleo de Ópera da Bahia para a Ópera dos Terreiros, de Aldo Brizzi, sobre libreto de Jorge Portugal. A montagem foi filmada por uma TV francesa para futura exibição e ainda integrará a programação pré-olímpica parisiense: será apresentada em junho de 2024 no teatro da Maison des Cultures du Monde.

  • NOVEMBRO

– O projeto Ópera Estúdio, da OSPA e da CORS, apresentou a ópera Carmen no Theatro São Pedro-RS.

– A soprano letã Kristine Opolais se apresentou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro no encerramento da Série O Globo/Dellarte Concertos Internacionais, e também na Sala São Paulo, pela temporada da Cultura Artística.

– O baixo-barítono galês Bryn Terfel se apresentou na temporada do Mozarteum Brasileiro, cantando árias de óperas e canções.

– O Conservatório de Tatuí apresentou no Teatro Procópio Ferreira o concerto Roma 1700, com o sopranista Bruno de Sá, acompanhado de seis instrumentistas, interpretando obras do Barroco.

– O Projeto Cidadania Sinfônica Opera Studio – Cortina Lírica levou ao bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, trechos das óperas O Barbeiro de Sevilha e As Bodas de Fígaro. O mesmo programa foi levado em dezembro ao bairro de Quintino, na zona norte da cidade.

– O Festival de Música Erudita do Espírito Santo contou em sua abertura com a ópera inédita Contos de Júlia, de Marcus Siqueira, sobre libreto de Veronica Stigger, com base na obra da escritora Júlia Lopes de Almeida; e apresentou também um trabalho do grupo Pequeno Teatro do Mundo, com uma versão itinerante para marionetes da ópera Onheama, de João Guilherme Ripper.

– Uma parceria entre a Cia Sol’Opera, a Associação Musical de Ribeirão Preto, o Theatro Pedro II, e a secretaria da Cultura da prefeitura de Ribeirão Preto permitiu a montagem da ópera Carmen nas cidades de Ribeirão Preto e Batatais.

– A Orquestra Acadêmica de São Paulo e o Coral da Cidade de São Paulo apresentaram mais uma ópera no Teatro Bradesco: Carmen.

– A Orquestra Sinfônica de Campinas apresentou um concerto com trechos de óperas, sob a regência de Silvio Viegas e com as sopranos Carla Cottini e Tati Helene como solistas.

  • DEZEMBRO

– A Orquestra Rio Villarmônica apresentou na Cidade das Artes o concerto Uma Noite na Ópera de Paris, com vários trechos de óperas.

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Foto principal: Daniel Ebendinger (cena da produção de “La Traviata” no Theatro Municipal do Rio de Janeiro).

3 comentários

  1. Deixo meus parabéns a esta revista que se compara favoravelmente com qualquer revista de ópera em outros idiomas. Seus resenhistas possuem duas coisas fundamentais: uma cultura musical e operística irrepreensível e respeito por artistas e instituições, mesmo quando palavras duras se fazem necessárias. Vida longa às Notas Musicais!

  2. MASeta diz: Parabéns Leonardo por esta resenha tão completa do ano 2023. Gostaria de complementar no que se refere ao Theatro Municipal de São Paulo, o fato de as óperas constantemente escolhidas e regidas, desde 2017, sempre pelo mesmo regente, o maestro Roberto Minczuk, é altamente inaceitável, assinalando-se que somente quando este se ausenta, o maestro assistente Alessandro Sangiorgi assume a regência.. apesar do mesmo preparar a orquestra e os solistas, deixando assim ao titular, assumir aos últimos ensaios. Ainda assim, a escolha dos solistas brasileiros quase sempre errônea e inadequada por esse maestro, acarreta o baixo rendimento musical em muitas das óperas já apresentadas a partir de 2017, quando assumiu o cargo de diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal. Vale assinalar que no concerto em homenagem à Maria Callas (8 e 9 de dezembro/2023), três sopranos foram por ele escolhidos, mas somente uma das solistas escaladas demonstrou possuir realmente capacidade técnica para integrar um concerto dessa efeméride: o soprano Eiko Senda. Provavelmente essas regras narcisistas prosseguirão no último ano dessa administração.

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