Anja Harteros cancela todas as apresentações de 2024

A soprano se apresentou pela última vez em novembro de 2021.

Na manhã do dia 17 de janeiro, um e-mail da Bayerische Staatsoper comunicava: “Com tristeza, Anja Harteros precisou cancelar todos os compromissos do ano de 2024”, e informava que, em seu lugar, a soprano italiana Eleonora Buratto fará Tosca, e a mezzosoprano americana Irene Roberts, Kundry, nas récitas de março e abril de Parsifal.

A notícia não chegou a ser uma surpresa, visto que é o terceiro ano consecutivo em que isso acontece, mas fez com que aumentasse o ceticismo quanto a um eventual retorno da soprano aos palcos. Harteros saiu de cena com Tosca, em 1º de novembro de 2021, na Bayerische Staatsoper, apenas alguns meses após ter enfrentado pela primeira vez o papel de Isolda na mesma casa.

O ano seguinte começou com uma forte onda de Covid-19 causada pela variante Ômega e o aparentemente natural cancelamento de um recital, em fevereiro, em Zurique. O problema é que esse foi apenas o primeiro de uma série de cancelamentos que se estende ininterruptamente até hoje. Estreias programadas em papéis como Kundry (em Parsifal), Santuzza (em Cavalleria Rusticana) e Manon Lescaut (na ópera homônima de Puccini) não aconteceram.

Em 2022, após muitas reclamações de fãs em um grupo de Facebook, o filho de Wolfgang Kastorp, marido de Harteros, comunicou que a cantora estava em plena forma, mas, como os teatros estavam muito descuidados em relação à Covid, ela não estava cantando para não correr o risco de contrair o vírus e de transmiti-lo ao marido, que na época tinha 91 anos. O curioso é que Harteros cantou durante o ano de 2021, quando muitos de nós ainda tínhamos receio de sair de casa, mas, de fato, 2022 ainda foi um ano com muitas ondas de Covid. Essa informação criou a expectativa de um retorno da diva em 2023, quando a doença perdeu o status de pandemia, mas… nada.

No fim do ano passado, o mesmo filho de Kastorp deu uma ótima notícia aos fãs: Harteros pretendia voltar à ativa definitivamente em 2024! A alegria durou pouco, e o e-mail da Bayerische Staatsoper foi um balde de água fria.

É sabido que Harteros tem as suas responsabilidades familiares, mas é certo, também, que estava se preparando para mudanças vocais: os seus futuros papéis apontavam para um repertório consideravelmente mais pesado. Uma mudança de repertório às vésperas dos 50 anos é algo relativamente comum, e um indício de que a cantora está atenta aos efeitos trazidos pelas mudanças hormonais e pela menopausa – algo que sempre apresenta desafios.

Qualquer que seja o motivo, uma série de cancelamentos desse tipo sempre serve para nos lembrar dos constantes desafios enfrentados por cantoras, sejam eles hormonais, familiares, ou uma combinação de ambos. Esse importante tema será abordado em um próximo artigo.

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Foto: Wilfried Hösl/BSO.

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